A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
A Farmácia Grão Vasco procura estar perto da comunidade e atenta às…
O ano passa a correr e já estamos no Natal. Cada mês…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
O músico e artista Gonçalo Alegre vai inaugurar a instalação “VAZIO” na Casa da Ribeira este sábado, dia 24 de fevereiro. A inauguração, agendada para as 15h30, é ainda acompanhada do pré-lançamento do livro com o mesmo nome. Ambas as obras fazem parte de um projeto multidisciplinar desenvolvido por Gonçalo Alegre enquanto GONGORI, e que incluem um livro, duas instalações, um álbum e um filme, todos estes com o toque de Gonçalo Alegre. Neste projeto segmentado, o artista procurou provocar reflexões profundas sobre o conceito de ausência e a sua relação com o espaço e a experiência humana.
O livro foi escrito por António Sanganha, que também escreveu o argumento do filme, e pensado por Gonçalo Alegre. As 25 ilustrações expostas a partir de sábado são da autoria de António Silva. Mais do que pensadas para serem exposta, estas ilustrações foram pensadas para acompanharem o próprio livro “VAZIO”.
Ao Jornal do Centro, Gonçalo Alegre explicou um pouco do processo por trás desta fase final de “VAZIO”.
Esta apresentação enquadra-se no projeto mais alargado do qual fazem parte também a curta-metragem e o álbum apresentados no ano passado. De que modo foi pensado este projeto?
O lançamento desta instalação e exposição das 25 ilustrações que vão integrar este livro e que será um pré-lançamento consiste num fim de ciclo e no início de outro. Fazia sentido para nós estipular aqui não um fim, mas uma ponte para um novo começo. GONGORI continua numa fase de criação intensa. Já surgiram uma série de canções e novos desafios para um próximo trabalho discográfico. Nós não queríamos deixar de assinalar o início de um novo ciclo com o lançamento do conto de uma forma mais alargada. Este livro insere-se justamente nesse contexto. Esse foi o desafio e no fundo era um pouco o meu propósito também para este trabalho. Chegar a várias pessoas e com várias expressões artísticas diferentes. A missão está cumprida, porque o VAZIO neste momento é um disco, um filme, um livro e também surgiam duas instalações este projeto. A primeira decorreu já há dois anos com fotografias do Rafael Faria num dispositivo cénico criado pelo Diogo Mendes. Esta será com um dispositivo que eu criei juntamente com o António Silva. É o fim de um ciclo. Todas as coisas têm um fim e um princípio, e o VAZIO vai continuar, claro, há concertos agendados e há ainda muito a fazer durante este ano, mas há aqui uma frase de transição que eu não queria deixar de assinalar.
Em relação ao livro, acaba por ser um conto do fantástico. Como é que trabalhou este conto para juntar a essência de todas as vertentes?
Na realidade eu não escrevi o conto. O conto foi entregue com total confiança ao António Sanganha. Foi quem escreveu o argumento para o filme que eu realizei. Há aqui na verdade um compromisso muito grande dos dois porque isto acaba por ser uma cocriação. Acaba por ser uma criação dos dois. Apesar de ter sido o António a escrever, há aqui uma forte discussão em torno do assunto, do tema, dos caminhos. Eu conhecia bem o António e sabia para onde é que ele iria, até porque a obra estava criada. Ele no fundo iria alargar aquilo que estava feito e que fizemos no filme. Estendeu isto para um conto, para um livro pequenino com cerca de 100 páginas. Posso dizer já que está muito bonito e conta com as 25 ilustrações do António Silva. A ideia também era esta, a de ilustrar a história através das ilustrações. Vão estar expostas na Casa da Ribeira a partir do dia 24 de fevereiro e estão também no livro.
Foram pensadas para ilustrar o conto e utilizadas depois para uma exposição?
Sim, elas já foram pensadas com as duas finalidades. Não foi ao acaso, foi um processo estruturado.
Fechando agora aqui um ciclo, acha que conseguiu fazer aquilo a que se propôs no início ou que isso foi inclusive ultrapassado?
Sim, em relação a algumas coisas consegui superar algumas barreiras. Tive uma aprendizagem inacreditável durante todo o processo do VAZIO. Há muitos processos criativos e coisas técnicas até que eu nem sabia que tinha capacidade para fazer. Nem sequer almejava realizar um disco. Não estava de todo nos meus planos. No fundo este projeto acaba por me trazer uma série de valências e por reforçar algumas vontades que eu já tinha, nomeadamente as de concretizar alguns processos. Por exemplo a produção das fotografias que o Rafael Farias fez para o disco foi com produção minha. Ou seja, eu acompanhei todos os processos de perto. Não estive numa secretária à espera que as coisas acontecessem. Parti para todos os terrenos com uma grande abertura para aprender e para no fundo trabalhar com todos os artistas que eu queria que trabalhassem neste grande projeto. Assim foi e tornou-se numa aprendizagem incrível. Espero que continue a ser assim para um próximo trabalho. Se o VAZIO foi assim o próximo talvez seja um pouquinho mais complexo.
Neste momento acabou por elevar a fasquia para um futuro projeto depois de tocar em tantas áreas artísticas…
A minha vontade é fazer algo que não tenha que ser necessariamente complexo, mas o meu propósito também é o desenvolvimento de outras correntes, mesmo estéticas e diferentes. Vou sempre querer ter outros artistas comigo, sejam eles músicos, artistas plásticos, arquitetos, porque é assim que eu também me sinto bem.
Há aqui quase um lado de curadoria que também dá gosto ao Gonçalo de fazer neste trabalho?
Sim, muito. Porque isso também é cuidar do outro, dos nossos pares e eu sinto-me bem a fazer isso.