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Não deixa de ser engraçado que há quem se ache dono da democracia e da liberdade. Não deixa de ser engraçado que há quem ache que pode determinar o que se entende por democracia. O que não é, de todo, engraçado é que mais do que ser engraçado, é paradoxal.
Bordalo II, o notável artista cujos projetos nos deleitam por essas ruas fora e cujas obras conseguem gerar em nós sentimentos de espanto e de desconforto positivos, achou por bem fazer-se de médico e andar para aí a prescrever.
Acho muito bem que se recorde o passado, que se estude e interprete. Dele devem retirar-se conclusões auxiliares de compreensão da causa do que se tem e o motivo do que não se tem.
Algo que se tem, felizmente, fruto da História é a liberdade. O famoso brocardo que dita que a liberdade de alguém termina onde começa a alheia, faz sentido. E Bordalo II não quis saber dele. Ao não querer saber dele assumiu um papel de se autointitular dono e senhor da razão. E a obtenção de senhorios deste modo faz-nos recordar tempos que não são democráticos. O democrata, entendido como aquele que tenta compreender e interpretar a opinião alheia mesmo dela discordando liminarmente, recorda-se que as Pessoas, são-no. As Pessoas não deixam de o ser porque assumiram posições inaceitáveis ou antidemocráticas.
O que Bordalo II conseguiu fazer, e por isso para mim este comportamento é chocante, foi dizer que o luto pode reduzir-se a uma insignificância. As ações passadas de alguém não se podem repercutir em quem não tem culpa. Por isso, em minha leitura, o comportamento de Bordalo II indicia o tipo legal de crime previsto pelo artigo 254.º, n.º 1, alínea c) do Código Penal, na modalidade de profanação de lugar onde repousa pessoa falecida ou monumento aí erigido em sua memória, praticando atos ofensivos do respeito devido aos mortos.
Mais: não teria maior utilidade que a manifestação de Bordalo II se focasse em algo atual? Está ainda assim tão preso ao passado que não se consiga manifestar baseado no presente, ou até, no futuro? Não seria tão melhor algo que gerasse em nós uma discussão concreta sobre como atualmente arriscamos a liberdade?
Isto tudo leva-me a concluir que a intenção não pode ter passado só pela nobre causa ativista. A intenção foi outra: fazer capas e ser falado: o tal propósito influencer. E de ativistas-influencers não precisamos nós, porque tendencialmente retiram mais às causas do que lhes oferecem.
Em suma, ao “suprassumo” prescrevo eu: dois a três comprimidos por dia do seu próprio remédio acrescidos de banhos matinais de humildade. Àquele que jaz já não vale a pena prescrever remédios. A Bordalo II ainda vale.
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