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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
A região de Viseu vai receber dois concertos da cantora Lura durante o mês de julho. No dia 13 de julho, a artista atua no festival Tom de Festa, em conjunto com o Coletivo Gira Sol Azul, banda de jazz viseense. No dia 19, Lura volta a atuar com o coletivo de Viseu, desta vez no festival Que Jazz É Este.
A música luso-cabo-verdiana vê com bons olhos esta participação em conjunto com o grupo Gira Sol Azul, não só pelo encontro com outros artistas, “mas sobretudo por ser um estilo diferente e por serem jovens com vontade de fazer coisas diferentes e de fundir diferentes géneros músicas”, explicou a artista ao Jornal do Centro.
“É uma ousadia, porque o jazz acaba por ser um pouco fechado num muno próprio e esta abertura a outros ritmos e a outras culturas é fantástica e muito enriquecedora”, afirmou Lura. A cantora, agora com 48 anos, assumiu o gosto pelo jazz, e lembrou o início da carreira, em que teve de escolher que estilo musical seguir. “Gostava de soul, de jazz, de pop, então cheguei a cantar algumas coisas de jazz e ficou-me esse bichinho”, contou.
A presença num festival de músicas do mundo, como é o caso do Tom de Festa, não é uma novidade para a cantora, que leva a palco duas facetas fundidas numa só identidade, a portuguesa e a cabo-verdiana. “Eu nasci em Lisboa, portanto à partida serei portuguesa de nascença, mas tenho toda uma vivência e uma origem cabo-verdiana, cresci numa comunidade cabo-verdiana”, explicou. “Essa conjugação foi um processo que passou por várias fases. Cada vez mais considero que tenho dupla nacionalidade, que sou as duas coisas. Há quem me pergunte se me sinto mais portuguesa ou cabo-verdiana e eu acho que são os dois. É como me perguntarem se eu gosto mais do meu pai ou da minha mãe. Não dá para escolher quando eu sou constituída pelos dois”, assumiu a cantora.
O início da carreira musical e a conjugação de duas culturas dentro do mundo da música chegou a ser um “processo doloroso”, uma vez que Lura ouvia vários géneros e artistas musicais. “Tive logo noção que tinha de escolher uma linha musical que fosse clara, que as pessoas percebessem o que é que eu tinha para oferecer”, contou. “Eu até tinha algum jeito para cantar música soul, e até era naquela altura em que toda a gente imitava a Whitney Houston. Cantávamos de tudo um pouco”, disse. Tudo mudou quando Lura conheceu o músico Orlando Pantera, numa altura em que a cantora procurava conectar-se mais com Cabo Verde.
“Comecei a ter aquela vontade enorme de cantar a música de Cabo Verde. Eu estava em Portugal, mas isto de conhecer as origens é muito forte, tem um impacto enorme numa pessoa”, explicou. Com uma Cesária Évora no auge da carreira e a divulgação mundial da morna, Lura viu na música de Orlando Pantera um estilo que a motivou. “A música dele era exatamente aquilo que eu queria fazer. Queria uma música que fosse atual, ligada às raízes, que contasse histórias de Cabo Verde, do quotidiano, mas de uma maneira gira”, disse.
Para Lura, herdar o feito de artistas como Cesária Évora ou Bonga, com quem já cantou, é algo que exige responsabilidade. Enquanto filha mais velha, contudo, responsabilidade é algo a que Lura está habituada, como a própria explicou. Além disso, essa mesma responsabilidade é também um elogio e “um sinal de que as pessoas têm consideração e que olham para a minha música com algo de valor”.
Um festival com músicas do mundo e outro com música jazz
A cantora salientou a oportunidade que festivais como o Tom de Festa dão aos locais do interior e longe das grandes cidades de receberem artistas vindos de fora. “Há uma recetividade muito grande e um calor imenso, às vezes até são salas mais pequenas, mas mais calorosas e mais acolhedoras”, lembrou a artista. “Os concertos mais intimistas aproximam-me das pessoas, sinto as reações de perto e é um calor diferente. Faz-me lembrar o início da carreira em que se cantava em bares e em que partilhávamos de perto a nossa música”, contou.
Depois de um primeiro concerto na ACERT, Lura atua no festival Que Jazz É Este. Um alinhamento semelhante ao do primeiro concerto e que contem um som de jazz para um público que “certamente vai estar bastante recetivo”. Seja num local ou no outro, este espetáculo é uma oportunidade de ouvir a artista luso-cabo-verdiana num registo diferente daquele que habitualmente transmite nas suas músicas.
“Para quem gosta de jazz e da minha música é uma oportunidade única de ouvir-me de uma outra forma, na minha faceta jazz. Fiz questão de incluir um tema jazz. Acho que não só para o público como para mim, é uma oportunidade de ver-me e ouvir-me de outra forma, com uma faceta completamente diferente”, concluiu.