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Entrem, entrem! O comer já está na mesa. Comam, quando não, arrefece

 Entrem, entrem! O comer já está na mesa. Comam, quando não, arrefece
06.07.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Entrem, entrem! O comer já está na mesa. Comam, quando não, arrefece
05.10.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Entrem, entrem! O comer já está na mesa. Comam, quando não, arrefece

Poderá parecer pretensioso dar esta importância social e cultural à FESTA, ainda mais quando quem a enaltece pertence aos mordomos de uma, como é o caso da ACERT, que organiza há 32 anos uma FESTA com muitos tons, comunidades, geografias e multiculturalidade.

No entanto, o direito à FESTA, ainda que não consignado na Constituição com tal nomenclatura [direito à Cultura], representa uma ocasião em que o público se torna o próprio espetáculo, com elos de reunião próprios, numa atmosfera de relacionamento que fortalece vivências e relacionamentos afetivos não premeditados, mas espontâneos, imprevisíveis e autênticos.

A FESTA é, por excelência, o espaço público onde se revelam as relações humanas mais igualitárias. Onde as hierarquias se afogam, fazendo prevalecer elementos agregadores de uma comunidade festiva que ousa contrariar que a condição humana é escrava do trabalho e da obtenção de bens materiais, mas uma forma de valorização da humanidade pela fruição do que é belo e sensível, no que dá prazer e na partilha com o outro seu igual e, como tal, um valor de cidadania participativa.

A FESTA é um palco onde os convivas se interrelacionam através de ambiências sonoras, corporais, visuais ou, pura e simplesmente, estabelecendo conversas aparentemente banais, mas significantes para quem as mantém em liberdade. O terreiro, a praça, o jardim são espaços públicos que impulsionam o ser humano a substituir um comportamento individualista por um relacionamento onde o “ser” se opõe ao “parecer”, o “participar” ao simples “assistir” e o “fazer” ao mero “dizer”. Enfim, relacionar-se com a FESTA é ser o ator/protagonista sem a qual ela não teria substância e os palcos mais não seriam do que banais sobrados de exibições inodoras ou ecrãs televisivos a céu aberto.

Na FESTA, os corpos dançam e os olhares trocam-se sem pedirem licença ou pertença; as mãos entrelaçam-se sem pruridos nem preconceitos. Procura-se a beleza do compartilhar a felicidade de ver no outro um achado surpreendente para o fortalecimento ou início de momentos de concórdia e de amizade. As músicas que saltam no palco, entoadas em uníssono ganham uma dimensão dum exercício comunitário de bem-estar. Mesmo os cheiros e paladares têm na FESTA um lugar emocional distintivo. Representam rituais agregadores imprevisíveis de encontros e anseios compartilhados. A mesa que se junta com grupos recém-conhecidos atestam afabilidade e uma harmonia que não é privilégio só da música. O caldo verde ou os petiscos têm um sabor diferente daquele que provamos em casa, coisa que sentimos, mas que não conseguimos explicar, ainda que uma boa companhia seja um ingrediente de truz.

Cada interveniente na FESTA, onde os artistas são também artífices, integra e dá o melhor de si para que o conjunto do qual faz parte, atinja um êxito da convivência. Esta associação de desejos mútuos manifesta simbólica e espontaneamente a preservação de um relacionamento que comprova que é possível viver numa sociedade onde a cobiça, os conflitos, a guerra e as desigualdades não sejam uma inevitabilidade ou que, muito menos, mereçam a nossa indiferença e passividade. A FESTA é uma prova sublime e emocional de que há outras formas de relacionamento humanas ainda possíveis de atingir a paz e sonhos coletivos encantadores. Um momento onde o sorriso é rei numa comunidade unida, mais do que pelas manifestações artísticas, por um sentimento de inclusão e companheirismo autêntico, solidário e feliz.

A ACERT, ao longo dos seus quarenta e oito aninhos — ainda tão jovem — sempre teve em conta que “ser espetador” não pode substituir-se a “ser participante e protagonista” da arte feita FESTA.

Visionário sobre tudo isto foi, já no século XVIII — Jean-Jaques Rousseau, suíço, filósofo, teórico político, escritor e dramaturgo ocasional —, quando distinguiu a diferença entre o espetáculo “convencional” apresentado numa sala e a FESTA, onde o povo não é só público, mas o próprio espetáculo pela afinidade e pertença que tem para com ela:

“Mas o que serão enfim os objetos desses espetáculos? Que mostraremos aí? Nada, caso se deseje. Com a liberdade, em todo lugar onde reine a afluência, o bem-estar também reinará. Colocai no meio de uma praça uma estaca coroada com flores, reuni o povo, e tereis uma festa. Fazei ainda melhor, que os espectadores sejam o espetáculo. Tornai-os atores eles próprios, fazei com que cada um se veja e se ame nos outros, para que todos estejam mais unidos.”0

Para a comunidade da nossa região a que os imigrantes pertencem, para todos quantos terão Tondela como morada de 10 a 13 de Julho, em TOM DE FESTA neste ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, acontecimento matriz que esteve na origem da fundação da ACERT.

Estamos felizes em que sejam protagonistas e manifestamos a nossa gratidão por nos acompanharem naquilo a que damos, com entusiasmo, o melhor de nós.

Vossa
ACERT

1 In, Palavras amistosas das nossas avós, quando as íamos ou continuamos a visitá-las.

2 Hippolyte BUFFENOIR. Une fête à Montomorency en l’honneur de Jean-Jacques Rousseau (25 septembre 1791). Annales révolutionnaires, p. 75 (1910). Tradução de Rafael de Araújo e Viana Leite.

3 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Lettre à D’Alembert. Texte établi par Bernard Gagnebin et annoté par Jean Rousset. Bibliothèque de la Pléiade. Paris: Gallimard, 1995.

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