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100 anos de voo da águia em Viseu: as histórias, o legado e as memórias do Viseu e Benfica

Carlos Eduardo Esteves
 100 anos de voo da águia em Viseu: as histórias, o legado e as memórias do Viseu e Benfica
13.07.24
fotografia: Jornal do Centro
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 100 anos de voo da águia em Viseu: as histórias, o legado e as memórias do Viseu e Benfica
21.10.24
Fotografia: Jornal do Centro
 100 anos de voo da águia em Viseu: as histórias, o legado e as memórias do Viseu e Benfica

Foi há 100 anos que as águias começaram a voar em Viseu. O Viseu e Benfica nasceu no histórico Café Avenida a 1 de agosto de 1924. O clube, que foi sócio fundador da Associação de Futebol de Viseu e da Associação de Desportos de Viseu até começou por chamar-se Sport Lisboa e Viseu e ficou na história por ser a terceira filial do Sport Lisboa e Benfica. Anos mais tarde, a 8 de junho de 1955, adotaria o nome que tem hoje. O Sport Viseu e Benfica tem, então, cem anos. Nessa era, havia em Viseu clubes cujo nome se perdeu na história, mas também há casos de equipas que ainda continuam de portas abertas: Grupo União de Futebol, Sport Ribeira Viriato, Lusitano de Vildemoinhos e Clube Académico de Futebol.

Em 1924, os melhores jogadores de Viseu, escolhidos por dirigentes do Grupo União de Futebol e Sport Ribeiro Viriato, foram defrontar uma equipa de Aveiro, os Galitos. Quando estavam em estágio, os dois clubes cortaram o apoio aos jogadores viseenses. Os atletas revoltaram-se e a história do Viseu e Benfica começa aí. António Carlos, jogador que foi selecionado para representar Viseu, quis levar adiante a ideia de criar um novo clube em Viseu. E foi nesse verão, a 1 de agosto, que o Viseu e Benfica foi fundado.

Diogo Pires não conheceu outro clube. Começou a jogar nas ‘águias de Viseu’ aos 14 anos. Foi no final da década de 60, início dos anos 70 que envergou o símbolo do Viseu e Benfica. “O senhor Neves e o senhor Aureliano faziam captação de jovens para o futebol. Eu estava interno no Colégio de Santo Agostinho. E todos os dias, às sete e meia da manhã, saía do colégio, que ficava na Avenida Alberto Sampaio, e ia até ao Fontelo para treinar com os jovens da formação do Viseu e Benfica. Às oito e meia, já tinha aulas”, recorda. O verbo recordar vai ser, certamente, muito repetido e conjugado neste artigo.

Tudo isto numa altura em que “o Viseu e Benfica tinha uma formação muito rica”. Na opinião de Diogo Pires, era mesmo “o principal formador da cidade da região”. E do grupo de trabalho, fica uma ideia de “família”. “Tínhamos jovens que estavam a tirar cursos superiores, outros não. Mantínhamos um convívio tremendo”, elogia.

Sócios pagaram viagens para Amaro jogar
Aos 17 anos vive no Viseu e Benfica uma história que jamais esquecerá. “Deixei o futebol para ir estudar para Lisboa, para o Técnico. Nesse ano, ou no ano seguinte, por alguns momentos, a equipa sénior do clube não competiu. E retomou com o professor Amaro e de outros que estavam próximos do clube. Nessa altura, já eu estava em Lisboa, contactaram-me para ver se eu vinha ajudar aos fins de semana: para reiniciarmos a equipa sénior. E fomos liderados com o Adelino a treinador. Essa equipa foi a antecâmara da subida à Segunda Divisão nacional”, enfatiza. Com a morte do pai, Diogo vinha de Lisboa a Viseu todos os fins de semana. As longas viagens ajudavam a curar a saudade e a apaziguar a dor de uma mãe. E foi aqui que a história aconteceu.

“Juntaram-se doze ou treze sócios que se juntavam para me pagar os bilhetes para ir jogar. É uma história que define o Viseu e Benfica: um clube unido e solidário. As minhas amizades estão todas lá. O Viseu e Benfica foi, para mim, uma escola de amizade”, resume.

No fim dos jogos, relembra, havia convívio entre todos. O ‘convívio’ e o à vontade não se ficava pelo balneário. Nem o treinador escapava ao espírito de família. “Armávamo-nos em treinadores. Lembro-me do primeiro treino após uma derrota num jogo em que o nosso treinador era o Cavém, que também jogou no Benfica e na seleção portuguesa. Estávamos a ganhar esse jogo e perdemos por 2-1. E os dois golos que sofremos foram de canto. E lá fui eu ter com o treinador e disse-lhe: ‘como é que não quer levar golos de canto, se mete dois defesas, um em cada poste? Que raio estão lá a fazer os defesas?’. E ele riu-se. Agora todos percebemos porque é que os cantos são defendidos com jogadores junto aos postes, mas nós na altura perguntávamos tudo e os treinadores tinham de se explicar. Era uma forma diferente de estar no futebol. Nós, jogadores, nunca mandámos no clube. Sempre tivemos foi muita participação nele. Sempre sentimos o clube como nosso”, sublinha.

Por causa da desistência, a equipa sénior do Viseu e Benfica teve de retomar à casa de partida. E do último escalão dos distritais foi escalando até conseguir chegar ao patamar mais alto que alguma vez conseguiu atingir: a segunda divisão nacional de futebol. Nessa equipa, Diogo Pires era médio esquerdo. “Mas eu até na baliza era capaz de jogar. Quando alguém não podia, joguei a médio centro ou a ponta de lança. Era polivalente e até jogava com os dois pés”, atira. Nessa equipa figuravam nomes como Amaro, Lourenço, Zé Luís, Caçador, Luís Almeida, Eduardo, Carlos Jorge, Gualter ou Carmindo.

Assinou pelo clube rival, mas houve um volte-face
Antes de a ‘prata da casa’ atingir a tão desejada segunda divisão nacional, no percurso que fez no Viseu e Benfica, Diogo Pires teve hipótese de partilhar balneário com António Simões, uma das glórias do Benfica e da Seleção Nacional. No fim da carreira, Simões juntou-se ao Viseu e Benfica para levar o clube à Segunda Divisão, mas quis a geografia que os viseenses calhassem na zona norte e isso dificultou a tarefa. “O norte tinha excelentes equipas. Mas, à custa dos craques, até íamos dormir a hotéis”, assinala, entre gargalhadas.

E num desfiar de memórias, Diogo Pires, lembra as abordagens de Académico de Viseu e do Sport Lisboa e Benfica. Mas nunca deixou o Viseu e Benfica. “Quando o Académico subiu à Primeira divisão, com o José Moniz a treinar, o Académico foi buscar no distrito três ou quatro jogadores. E assinei pelo Académico. Ia ganhar 25 contos, mas precisava de acabar o curso. Os meus amigos começaram a perguntar como é que eu ia acabar o curso em Coimbra. Então houve um movimento e o Viseu e Benfica ofereceu-me 20 contos. Estava o Viseu e Benfica na Segunda Divisão. E lá continuei no meu clube de sempre. Cheguei a ser anunciado nos altifalantes do Fontelo como a nova contratação do Académico. Fui falar com os dirigentes academistas e eles entenderam”, assinala.

Nas épocas mais ‘rubras’, o Viseu e Benfica contou também com Amaro. Começou a jogar em 1966. E foi na sede do clube, na Rua das Bocas, que viu aquele mundial que os portugueses não esquecem. Em Inglaterra, Portugal ficou em terceiro lugar, liderado por Eusébio e Coluna. Amaro vivia em frente à sede do Viseu e Benfica. E além de acordar todos os dias a olhar para o clube que viria a ser o mais marcante da sua vida e carreira desportiva, acordou do sonho diante da Inglaterra, naquele 26 de julho de 1966. “Na altura havia muito poucas televisões e vi lá o Mundial no ano de estreia no Viseu e Benfica”, recorda.

De Lisboa a Viseu eram cinco horas de distância
“Viseu era uma cidade do futebol de rua. Nós na Rua das Bocas púnhamos duas pedras de um lado e do outro, a formar balizas e estávamos sempre à espreita com medo da polícia. Se os guardas viessem e nos vissem a jogar, podíamos ser multados e ir para a esquadra. No tempo do fascismo, não podíamos expressar livremente as nossas capacidades”, lamenta. A cidade, recorda António Amaro, tinha poucas condições para a prática desportiva e, essencialmente, virada para o Académico. “Viseu era, essencialmente, academista. O Viseu e Benfica era um clube de menor expressão. Tínhamos muito poucos adeptos”, afirma.

Amaro também fez parte da célebre equipa que contou com Simões, Malta da Silva, Calado e Guerreiro. “Na altura estava a estudar em Lisboa e muitas vezes vinha com eles às sextas-feiras. Ou vínhamos de comboio ou de autocarro a sair às sete e meia do Campo dos Mártires da Pátria. Demorávamos cinco horas a chegar a Viseu. A única autoestrada que havia era de Lisboa ao Carregado e tínhamos depois de vir por Alenquer, Rio Maior, Condeixa, Coimbra, Luso, Buçaco, Mortágua e assim sucessivamente até chegarmos a Viseu”, conta, entre pausas, para a memória ajudar a lembrar todas as paragens. “Era quase uma procissão. Era autêntico. Só curvas e contracurvas”, vinca. Qualquer jovem que esteja a ler o artigo, acredita, talvez não se aperceba do quão diferente era o Portugal daquele tempo e o de hoje.

Amaro jogou a defesa central e era por ele que passava a liderança da equipa. “Como capitão de equipa passava sempre aos meus colegas a ideia de que tínhamos de estar unidos para enfrentar as dificuldades, para não desanimarmos”, frisa. Além do futebol, o Viseu e Benfica tinha ténis de mesa. Amaro chegou a ser campeão de Viseu em juniores na modalidade. “A sede do clube tinha duas mesas: uma, que na altura chamávamos de ping-pong e outra de bilhar. Quando havia tempo, íamos para lá jogar”, assinala.

Eduardito e Vitó, os craques que o Viseu e Benfica não esquece
Eduardo Jesus Álvaro, o Eduardito para o futebol distrital, é outro dos nomes que ficará ligado à história do Viseu e Benfica. “Subi o Académico à Primeira divisão em 1977/78 e, no ano seguinte, fui para o Viseu e Benfica que estava na Terceira. Foi o presidente do Viseu e Benfica, Eduardo Coelho, quem me chamou para o clube. E fiquei durante dez anos”, conta. Destes dez anos, acrescenta, fica a projeção da equipa. “Ainda hoje na equipa de veteranos, da qual faço parte, sinto que há muita gente que conhece o nome do Viseu e Benfica. É uma marca que ninguém pode apagar”, sublinha Eduardito.

Nesses tempos, recorda a vontade que os jogadores tinham de sair cedo do treino. “Estávamos sempre à espera de ouvir as badaladas da Sé. As nove horas. O treino costumava acabar a essa hora. Os meus colegas pediram-me uma vez para ir ter com o treinador e inventaram uma história. Havia uns carros estacionados junto ao campo onde treinávamos e fizeram-me dizer ao treinador que eram olheiros da equipa que íamos defrontar no fim de semana. Tudo para abandonarmos o treino mais cedo”, confessa, entre risos.

A avançar em campo, ouvimos Vitó, o avançado, responsável por muitos golos que o Viseu e Benfica fez na década de 70. “Marcava mais do que assistia e sobretudo de pé direito”, afirma. Esteve no Viseu e Benfica durante uma década e o pai foi, anos mais tarde, presidente do clube. Agora tem um filho a jogar nas camadas jovens do Viseu e Benfica. “É médio defensivo. Tento dar-lhe dicas, mas prefere ouvir os treinadores. O pai é muito exigente”, diz, entre gargalhadas.

“Viseu e Benfica é uma das formiguinhas do futebol português”, defende Seara
Memória. A palavra é crucial para Fernando Seara, mandatário para as comemorações dos 100 anos do Viseu e Benfica. A memória e a importância do que fica, para ser pensado o que está para vir. “Aceitei o convite para presidir à Comissão de Honra com muito orgulho e em respeito à memória do meu querido pai”, assume.

“No dia em que não respeitarmos a memória, não respeitamos a nossa essência. Quando nos lembramos que jogaram no Viseu e Benfica, António Simões, João Manuel, Leal, Malta da Silva, José Penteado, Rui Caçador, percebemos que são clubes como este, que ajudam a construir a qualidade do desporto português. É hoje um clube formador. Diria que é uma das formiguinhas do desporto em Portugal”, elogia Seara.

Questionado sobre se há espólio para ser construída uma exposição sobre a história do Viseu e Benfica, Fernando Seara garante que sim. E até já tem um documento para expor. “Pedi a ata da tomada de posse do meu pai como presidente da direção, mas há tanta taça, tanto documento”, frisa, reiterando que “a memória precisa de ser lida”. “Temos de dar continuar a dar alma ao clube. Dando-lhe força. E só se pode fazer isso mostrando que, com 100 anos, o clube aí está, continua de portas abertas, respeita e se orgulha do passado, sente o presente e quer ser futuro”, vinca Fernando Seara.

O também presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica lembra que ‘as águias de Viseu’ nasceram pós-Primeira Guerra mundial e sobrevivem à crise social e económica da Segunda Grande Guerra. Nas memórias, as tais que não esquece, estão as idas à bola com o pai. “Eu em Viseu tinha o hábito de ir ver o Viseu e Benfica e o Académico de Viseu, com o meu avô. E, mais tarde, seguia o Repesenses e o Lusitano de Vildemoinhos. Tinha umas tardes desportivas intensas”, recorda.

Regresso da equipa sénior não é para já, mas está para breve. Palavra de presidente
Carlos Antunes Pinto é o presidente do Viseu e Benfica desde 2014. A liderar o clube há dez anos, Carlos Pinto defende que em Viseu deveria haver uma maior identificação com o clube. “São cem anos de histórias riquíssimas. Passaram por este clube atletas que se evidenciaram no desporto nacional: Simões, Malta da Silva, Leal, João Manuel… E somamos algumas conquistas, inclusive no atletismo. O clube merecia mais preocupação e mais participação eleitoral. Não é que eu esteja cansado ou chateado. Nada disso. Sinto um orgulho enorme por liderar o Viseu e Benfica”, explica. Com 400 sócios pagantes, as próximas eleições acontecem em agosto.

Nos dez anos de mandato, Carlos Pinto assume que a decisão mais difícil que teve de tomar foi terminar – ainda que temporariamente – com a equipa sénior. “O regresso colocaria em causa toda a parte financeira do clube. Ter uma equipa sénior, mesmo na 1ª divisão distrital tem um custo. Irmos competir sem nenhum objetivo, só para participar, não é fazer as coisas bem”, justifica. A solução passa agora por “aproveitar entre 50 a 70% de uma equipa de sub-19 dentro de um ano ou dois”. “Temos lutado, tentado e eu não hei-de sair daqui sem ter a equipa sénior financeiramente bem estruturada”, avança o presidente do Viseu e Benfica.

100 anos assinalados com missa, colóquio e almoço-convívio
Carlos Pinto destaca o facto de o Viseu e Benfica ter “todas as camadas jovens a funcionar no futebol” e a atividade desportiva não se resume ao ‘desporto rei’. “Temos futsal feminino, com equipa sénior e três equipas de formação, ciclismo, atletismo que continua a dar cartas e a colecionar recordes distritais e chamadas de atletas à seleção nacional e o karaté que, de ano para ano, com aumento de atletas”, vinca, apontando para 300 atletas a competir com o símbolo do Viseu e Benfica.

Para assinalar os 100 anos, o Viseu e Benfica criou uma mascote. Chama-se Bocas. O clube explica que os adeptos do Viseu e Benfica eram conhecidos em Viseu pelos Bombeiros da Rua das Bocas, devido à cor dos equipamentos e, também, à proximidade da sede do clube com a do antigo quartel dos bombeiros voluntários de Viseu.

Na agenda das comemorações está uma missa na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no dia 1 de agosto celebrada pelo Bispo de Viseu, D. António Luciano. Pensado está também um jogo de veteranos entre o Viseu e Benfica e o Benfica, um congresso e um almoço convívio e ainda a celebração da efeméride na Feira de São Mateus, durante o mês de agosto.

 100 anos de voo da águia em Viseu: as histórias, o legado e as memórias do Viseu e Benfica

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