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Marco Ramos
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O proprietário da casa que tem na fachada uma instalação de Bordalo II quer ser ressarcido pelos danos na habitação que diz serem consequência da instalação da peça artística e acusa a autarquia de nada fazer para que aquela obra continue no local.
Paulo Correia aproveitou a reunião do executivo desta quinta-feira para mostrar a sua insatisfação com o processo. Segundo o proprietário, a colocação da instalação foi mal feita (a forma como foi aparafusada) e desde 2021 que está com a casa “completamente destruída, inabitável”. Defende que a obra do artista português deve continuar na fachada, mas que cabe à Câmara de Viseu reparar os estragos causados. Lamentou que apesar das 54 comunicações que enviou, a única resposta dada foi que a autarquia pretendia “deitar a escultura abaixo”.
A instalação da peça “Barbary baby and mom monkey” foi criada em 2020, no âmbito do festival “Street Art” dinamizado pelo anterior executivo.
De acordo com as informações avançadas pela atual vereadora da Cultura, o acordo celebrado com Paulo Correia e outros artistas envolvidos nesta iniciativa previa “uma cedência da fachada dos edifícios para os artistas poderem desenvolver lá as suas obras” e que estas teriam de se manter durante, no mínimo, dois anos.
“Depois, há todo um espaço em branco no sentido de, se o proprietário quiser a manutenção da obra, ela pode ficar, com a concordância da câmara municipal”, explicou Leonor Barata.
Mas o entendimento de Paulo Correia é diferente. O proprietário disse não concordar com a solução de retirar a instalação artística da fachada, atendendo ao seu valor – que estima acima de cem mil euros – e que, na altura, acordou com o então vereador da Cultura Jorge Sobrado e a sua equipa que, “em vez de uma renda”, a obra ficaria para si passados dois anos.
“Eu deixei instalar a escultura sem levar qualquer custo e passado dois anos passaria para mim e a única coisa que eu pedi é que a instalação de eletricidade fosse feita para iluminar a escultura à noite e nem isso ainda não foi feito”, lamentou. Agora, reforçou, “tenho a casa toda destruída por dentro. Inclusive a água está a chegar ao piso de baixo”, acrescentando que, apesar de já terem tentado reparar os danos, “a água continua a passar na mesma”.
No final da reunião, o vice-presidente da Câmara de Viseu, João Paulo Gouveia, garantiu aos jornalistas que, se efetivamente houver algum estrago que tenha sido provocado pela instalação artística, a autarquia irá repará-lo.
Segundo João Paulo Gouveia, a autarquia nomeará um perito para avaliar a situação e o proprietário poderá fazer o mesmo e os dois “haverão de encontrar o laudo que permita à câmara tomar decisões sobre essa matéria”.
Leonor Barata esclareceu ainda que neste caso, a causalidade entre os estragos e a instalação da obra “ainda não está provada”.
“Quando estiver, e se estiver, entraremos com as devidas ações. Mas, mais do que isso, há uma questão da autoria da obra que é importante, porque não pode ser tocada por outra pessoa que não seja o próprio”, afirmou.
Segundo a vereadora, a autarquia contactou a equipa do artista, que respondeu em outubro de 2023 e apontou a resolução do problema para a primavera.
Leonor Barata garantiu que “nunca esteve em cima da mesa” deixar de ter a instalação do Bordalo II. “Agora, não podemos forçar ninguém a ter uma obra do Bordalo quando não quer e foi isso que nós dissemos: se quiser remover a obra estamos disponíveis para isso, mas também estamos disponíveis para encontrar uma solução de compromisso”, acrescentou.