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O conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) terminou sem consenso quanto ao valor do benefício, prevendo-se uma redução no total de pipas a transformar em vinho do Porto nesta vindima.
O conselho interprofissional do IVDP esteve reunido no Peso da Régua, no distrito de Vila Real, tendo terminado sem acordo quanto ao montante do benefício, a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto, uma importante fonte de receita dos produtores do Douro.
Segundo o vice-presidente indicado pelo comércio, António Filipe, a não existência de um consenso na primeira reunião não é novidade neste tipo de “processo negocial”, remetendo esclarecimentos para 25 de julho, data em que o organismo volta a reunir-se com o propósito de aprovar o comunicado de vindima para 2024.
O também vice-presidente Rui Paredes adiantou que este será um ano de perda, sendo necessário obter “o máximo de consenso” possível para “minimizar os efeitos” e evitar que os viticultores “saiam prejudicados desta vindima”.
“Vamos continuar a negociar até podermos dizer que temos um acordo que, pelo menos, defenda os viticultores. Temos de arranjar uma base de consenso, sabendo de todas as dificuldades que o próprio comércio tem, mas também [é necessário que] percebam toda a dificuldade que os viticultores têm”, reiterou o representante da produção.
Rui Paredes alertou para a necessidade de aproximar as adversidades de ambas as profissões, “fundamentais” ao setor.
“Também estamos preocupados com o comércio, é importante na relação, mas queremos que percebam que os viticultores são fundamentais, são quem, ao longo dos séculos, foi criando esta paisagem”, afiançou.
Para além do presidente do IVDP, que representa o Estado, o conselho interprofissional é composto pelos dois vice-presidentes e representantes da produção e do comércio distribuídos pelas duas secções especializadas (Porto e Douro).
O também presidente da Federação Renovação do Douro, associação que representa a produção na Região Demarcada do Douro, tem realizado reuniões com os viticultores locais para perceber os seus anseios, afirmando existir um sentimento de insatisfação.
“Uma das preocupações é não terem onde entregar as uvas, é um drama. Pondo-me na pele de um viticultor que anda o ano inteiro a trabalhar, gasta dinheiro, e depois dizem-lhe ‘não vou querer as suas uvas este ano’, isto é de levar as pessoas à revolta. [Os viticultores] têm demonstrado esta insatisfação”, vincou.
Rui Paredes assegurou, por isso, que continuará a procurar soluções para “criar as bases para que o próximo ano seja um ano de inversão”.
Em 2023, a Região Demarcada do Douro transformou um total de 104 mil pipas (550 litros cada) de mosto em vinho do Porto, menos 12 mil do que na vindima do ano anterior.
O presidente da Câmara de S. João da Pesqueira, um dos municípios com maior produção na região, alertou na última sexta-feira para o que veio a acontecer – falta de consenso, deixando duras críticas à falta de empenho por parte dos responsáveis e dos sucessivos governos que, na sua opinião, estão a deixar a região do Douro “num ponto sem retrocesso” a caminho da tragédia.