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Em fase de Lua Nova

 Em fase de Lua Nova
27.07.24
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 Em fase de Lua Nova

por
Jorge Marques

O fim das grandes ideologias, os modelos de marketing político e a personalização do poder fizeram crescer a importância e a responsabilidade das lideranças individuais. Vota-se cada vez menos num programa eleitoral e mais numa marca e numa pessoa, na personalidade do líder e na confiança que inspira. É por isso que as oposições, de uma maneira geral, mas sobretudo as mais radicais, procuram os pequenos e grandes defeitos dessas lideranças. O seu primeiro objetivo é lançar a dúvida, para que a seguir a confiança se perca. Para combater esta tendência é preciso dizer as coisas como elas são, não mostrar medo e fazer. É assim por todo o lado nas democracias liberais. E isto é novo?

Vem pelo menos da Revolução Francesa (Séc. XVIII). Os jacobinos apresentavam-se como virtuosos, puros, sinceros, animados pelo bem público. Foi a partir daqui que a autenticidade assumiu um lugar central na política. Já nesse tempo os adversários concentravam-se no abater os castelos de virtudes dos governantes. Não havia qualquer interesse em discutir política! As acusações de corrupção vinham na primeira linha, mas não era importante que fossem verdade ou mentira, porque a intenção era a perda de credibilidade dos adversários. Era preciso levantar as sombras sobre a vida privada, hipocrisias e a falta de integridade.

Os tempos mudaram, mas as novas retóricas, apenas são novas na aparência e vem pela via do que chamamos populismo. Assumem que não são uma ideologia, mas uma nova forma de estar, falar e fazer política. Mas depois herdam a ideia da velha liderança autêntica e que são a voz do povo. Aparece sempre alguém carismático que promete acabar com os vícios tradicionais dos partidos e com a corrupção. O debate é aparentemente moral, criminaliza as elites e cria a luta entre o bem e o mal. É uma retórica carregada de emoção e sem dar direito á defesa. É uma leitura, um fenómeno que está hoje espalhado por muitos continentes e países democráticos. Há quem questione, como vencer o populismo?

Ele começa por nascer em lugares com elevadas taxas de desemprego nos EUA e Europa e com o desinvestimento industrial. Ele não é causa, mas consequência de sucessivos erros, omissões e mentiras que foram alimentando um sentimento de ansiedade, insegurança, injustiça e medo em largas camadas da população. Foi a necessidade de segurança e proteção que fez o povo procurar as forças fora do sistema. Foi a ideia de que as respostas já não podem ser dadas com retóricas de autenticidade, que sendo necessárias não são suficientes. Podem até ganhar-se eleições com esse tipo de promessas e perceções, mas não serão a solução.
A resposta que se espera é o regresso á realidade, a medidas estruturais que reduzam os tais sentimentos de insegurança. Medidas de curto e médio prazo, para que as pessoas tenham um presente e uma perspetiva de futuro. Uma realidade que junte os valores da iniciativa, inovação, conhecimento, tecnologias e criação. A própria política tem que mergulhar nestas realidades e nestes valores, porque o que temos é uma Sociedade de Desconfiança Generalizada.

Carregámos do Séc. XX, quando os estados europeus se dotaram de fortes aparelhos de propaganda, uma espécie de Kitsch Político com lavagem cerebral, pão e circo, propaganda agressiva, combate à cidadania consciente e o fomentar do consumismo exagerado, o hiperconsumo! Tudo é exagerado, dos cartazes de propaganda aos slogans mediáticos e uma comunicação teatral que apela á emoção e não á reflexão. Uma propaganda que serve para exacerbar dualidades como o amor/ódio e o ressentimento/ patriotismo. A ideia é minimizar os problemas ou ampliá-los, obter adesões ou rejeições. Tudo em excesso, quer na procura de amigos ou inimigos. É aqui que aparece o milagre do Homem-Forte! Talvez Trump tenha sido o primeiro exemplar e logo no país mais poderoso do mundo! Ele é simultaneamente Kitsch/Populista/ Homem-Forte! E porquê?
Talvez porque vem da tele-realidade, espalhafatoso, pretensioso! Sempre a procurar chamar a atenção, seja pelo corte de cabelo, gravatas, boné, as piscinas de mármore branco, as decorações ao estilo de Luís XIV, móveis dourados repletos de bibelôs, louça falsamente antiga, tetos com frescos, quadros com a Trump Tower, paredes de mármore rosado, elevadores dourados na sua torre da Quinta Avenida. Tudo isto está no dicionário do Kitsch! Ele fez nascer o lado mais artificial do kitsch, em oposição ao kitsch real e autêntico protagonizado por Isabel II. Essa deu-lhe uma imagem positiva e de respeito. A sua comunicação é feita de tweets e pontos de exclamação num discurso direto, pobre e agressivo.
Mas também tivemos em França Sarkozy com os seus óculos Ray-Ban, corrente de ouro, Rolex no pulso. Ele adorava marcas, restaurantes caríssimos, iates e de chamar a atenção. De novo o exibicionismo espalhafatoso, consumista, ostentação que acabou por estender á sua forma de fazer política. Na Rússia Putin cria um tipo de kitsch diferente. Exibe força física, levanta halteres, veste o quimono de judoca, férias na Sibéria, tronco nu e a cavalo, caça á baleia cinzenta com uma besta, um homem de ação! A construção de uma lenda, o restaurador do Império czarista e soviético, um macho alfa de discursos musculados e vazios.

Foi a queda das grandes ideologias e a dinâmica da despolitização que trouxeram este estilo de liderança, banalizaram a política, tornaram-na kitsch e degredaram a imagem do Estado. Foi este movimento que se misturou ao Homem-Forte em países como os EUA, Rússia, Turquia, China, Índia, Coreia do Norte, Filipinas, Riad, Brasília e outros imitadores. Em 1945 havia 12 democracias, em 2002 havia 92 e em 2005 a maré mudou, a liberdade diminuiu e as ditaduras aumentaram. As tecnologias do Séc. XXI vieram permitir a comunicação direta com as massas e facilitar o controlo social e de vigilância. Tem que se dizer que Biden tentou uma ligação das democracias do mundo, mas já num movimento de contra corrente.
A Europa tem agora esse desafio, porque a história está sempre em movimento e apesar de tudo resiste. As tecnologias abrem novas portas ao Humanismo, mas também ao seu contrário e nunca saberemos a forma como o Homem as vai utilizar. É por isso que a ideia do Homem-Forte é perigosa, sobretudo quando as democracias se fragilizam. Estamos em risco de discutir num vazio de ideias, com formas de picardias estéreis e de entrar numa longa Lua Nova…

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