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O velório do encenador e dramaturgo Jorge Fraga está marcado para esta sexta-feira, entre as 19h00 e as 23h00, no Centro de Animação e Formação em Artes Cénicas, no Instituto Politécnico de Viseu, onde era professor e criou o ensino artístico.
A cerimónia de cremação, apenas para a família próxima, realiza-se no sábado de manhã.
Jorge Fraga morreu na última segunda-feira (19 de agosto), uma partida que apanhou de surpresa amigos e familiares.
O “homem do teatro” chegou a Viseu em 1976, num momento crucial para o desenvolvimento cultural da cidade. Foi um dos fundadores do grupo de teatro “A Centelha”, juntamente com São José Lapa, Alberto Lopes e António Cruz. Este grupo, que tinha as suas origens na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, foi um dos primeiros a integrar o movimento de descentralização cultural que se verificava em Portugal naquela época.
Em Viseu, ele e os companheiros de “A Centelha” enfrentaram um ambiente marcado pelo conservadorismo. As produções teatrais, inovadoras e desafiadoras para a época, valeram-lhes rótulos de “fármacos políticos” indesejáveis por parte dos setores mais conservadores da sociedade local. Contudo, este grupo tornou-se o primeiro grupo de teatro profissional do distrito de Viseu, destacando-se pela ousadia das suas propostas e pela forma como quebraram os modelos tradicionais.
Em 1979, Jorge Fraga tornou-se um “militante afetivo” das atividades da ACERT (Associação Cultural e Recreativa de Tondela), e aprofundou o seu compromisso com a cultura local e regional. Três anos depois, em 1982, fundou a Companhia de Teatro de Viseu, reativando a cena teatral profissional da cidade. A sua primeira produção foi “A Farsa do Mestre Pathelin”, a que se seguiram outras criações em que desempenhou os papéis de encenador e intérprete.
De então para cá, centenas de obras brindaram o público.
Além do seu trabalho no teatro, Jorge Fraga teve uma longa e importante carreira como docente na Escola Superior de Educação de Viseu, onde ensinou teatro e drama durante quase 40 anos. Através da atividade docente, contribuiu para a integração do ensino artístico como uma alternativa válida para alunos do ensino superior. Foi o fundador e diretor do Teatro da Academia do Instituto Politécnico de Viseu, criado em 1992.
A sua ligação ao teatro e à educação foi marcada por uma dedicação constante, refletida tanto no seu trabalho em palco como na sala de aula.