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O sismo que fez a terra tremer esta madrugada em Portugal foi sentido em várias zonas da região de Viseu com relatos de norte a sul do distrito. É nas redes sociais que as pessoas partilham as suas histórias de um momento que para a maioria foi “estranho”.

“Senti o roupeiro a abanar e tudo à minha volta a tremer. Que sensação horrível”, contou uma cidadã que vive junto ao Aeródromo Municipal de Viseu. Outra cidadã relatou que sentiu “o chão todo a tremer”.

“As três gatinhas ficaram possuídas… muito nervosas. Passado uns segundos recebi a mensagem com o alerta de possível terremoto e a ensinar como nos devemos preparar e actuar”, escreveu ainda outra pessoa também a viver em Viseu.

De Touro, Vila Nova de Paiva, também há relatos: “senti e foi bastante assustador. Foi estranho”, referiu um cidadão.

O mesmo escreveram que está em Tondela, Mangualde, Resende ou Sátão. “Foi fração de segundos, parecia madeira a estalar”, conta ainda outro cidadão.

Há também quem, com humor, tenha dito que a única coisa que assustou “foi o despertador ter tocado para ir trabalhar”.

A verdade é que o sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado às 05h11 e teve epicentro a 58 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal. De então para cá já foram registadas quatro réplicas.

A sismóloga Susana Custódio disse que o sismo não é de uma magnitude invulgar e considerou que o abalo é uma oportunidade para os cidadãos relembrarem as medidas de proteção.

“Não é uma magnitude invulgar (…). Ao longo da história do nosso país, de vez em quando, temos sismos com magnitude bastante elevada, com uma regularidade que, felizmente, não, acontecem todos os dias. São eventos mais infrequentes”, afirmou,

A professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que mora em Setúbal e acordou com a “casa a abanar bastante”, adiantou que o país, “muito frequentemente”, tem “sismos de magnitude muito baixa” e “depois, com uma regularidade intermédia, de vez em quando” ocorrem “estes sismos de magnitude moderada”.

“Temos vários sismos no nosso território de variadas magnitudes, tanto registados instrumentalmente pela nossa rede de sismómetros, como também no período histórico”, referiu.

Para a investigadora no Instituto D. Luiz, sismos como o registado hoje são, “do ponto de vista cultural”, importantes para as pessoas se recordarem que vivem num país onde há sismos, que tem falhas ativas e está próximo de uma fronteira de placa.

“Há pessoas que vivem uma vida inteira em Portugal sem sentir um sismo. E então nós tendemos a achar que os sismos acontecem noutros sítios, a outras pessoas, e não é verdade, nós vivemos em território de sismos. Felizmente, eles não são tão frequentes como no Japão ou na Califórnia [Estados Unidos da América] ou na Turquia, tão frequentes com caráter destruidor, mas nós vivemos em terra de sismos e temos de estar conscientes disso”, destacou.

Referindo que sempre que há um sismo se pode estar num período de maior atividade sísmica, Susana Custódio explicou que “o facto de ter havido um sismo altera ligeiramente as tensões no planeta Terra e, às vezes, isso faz com que haja reajustes”.

“Portanto, há as conhecidas réplicas e, por vezes, pode haver até sismos de maior magnitude”, declarou, ressalvando que “isto não é nada de alarmista, portanto não é nada que não aconteça já habitualmente”.

Para a especialista em sismologia, é expectável que ocorram réplicas.

“As réplicas em geral são de magnitude mais baixa e também é possível nestes casos que haja (…) um sismo subsequente de uma magnitude equivalente ou até superior, embora isso seja mais infrequente, mas é possível que aconteça”, assinalou.

Susana Custódio ressalvou que este é um período para a população estar especialmente atenta.

“No nosso território, temos de estar sempre preparados para que aconteça um sismo maior. Sem ser alarmista, [esta] é uma boa oportunidade para nos lembrarmos de que temos de estar preparados para este tipo de eventos”, salientou.

A sismóloga recomendou ainda aos cidadãos para que aproveitem “esta experiência, este momento e esta janela de oportunidade em que estão alerta para os sismos, para irem à página da Proteção Civil [www.prociv.pt] e relembrarem, exatamente, as medidas de prevenção e autoproteção em caso de sismo”.

Se está dentro de casa ou de um edifício

Se está na rua

Se está a conduzir

Depois

Sismo: pico de chamadas para sub-comandos regionais e bombeiros

O sismo de 5,3 desta madrugada ocorrido a oeste de Sines já teve três réplicas, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

“Até à data foram sentidas mais três réplicas. A primeira com magnitude 1,2, a segunda 1,1 e a terceira 0,9. Se se voltar a justificar emitiremos novos avisos e comunicados”, adiantou o comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, num briefing, às 08:00.

De acordo com André Fernandes houve um pico de chamadas por parte da população para o comando nacional, comandos regionais e sub-regionais e corporações de bombeiros, tendo sido dadas recomendações.

O comandante nacional adiantou também que este sismo não reúne critérios para ativação de planos especiais para este tipo de evento.

“Só são ativados planos a partir de 6,1, o sismo foi de 5,3”, disse.

Entretanto, o Governo apelou à população para que mantenha a serenidade e siga as recomendações da proteção civil.

O sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado às 05:11 e teve epicentro a 58 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal, e não causou danos pessoais ou materiais até ao momento, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Em comunicado, o Governo diz estar em coordenação estreita com todos os serviços relevantes na matéria.

“Apelamos à população para que mantenha a serenidade e siga as recomendações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil ”, é referido na nota.

A informação será atualizada ao longo da manhã, designadamente pelo IPMA e pela Proteção Civil.

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