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Ana Rodrigues Silva
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Eugénia Costa e Jenny Santos
Pegando na edição do ano passado, que aprendizagens foram retiradas pela organização do ano passado, e que vão tentar alterar este ano, por exemplo?
A gente realmente aprendeu como fazer um festival sem ler um livro de fazer um festival, mesmo sem rede. Claro que foram cometidos alguns erros, na parte de logística, e aprendemos quase tudo assim de repente. Só que no ano passado os problemas que tivemos maiores sempre foi devido a atrasos, não da nossa parte. Como isto é co-organizado com a câmara tivemos aqui alguns problemas. No ano passado, por exemplo, quando foi a assembleia da câmara para aprovação, os protocolos só um mês antes, o que é uma alucinação.
Ou seja, vocês só um mês antes é que estavam a contar com o que é que podiam ou não ter?
Pois. Podia ter dado barraca completamente, e conseguimos fazer um festival desta dimensão e de cinco dias sem ter experiência com um festival desta dimensão. E este ano está melhor nesse aspeto, porque a assembleia da câmara para o protocolo estar assinado foi feita com muito mais tempo. Mas o problema é quase tudo para fazer essas coisas, e para acelerar não é tanto do que é se vai fazer, ou o que se tem para fazer, é mais do ponto de vista financeiro. O ponto de vista financeiro é que realmente faz a delineação, avança mais rápido ou faz mais a vontade para investir noutro nível e estar mais relaxado, que é difícil.
A nível de logística, de artistas e assim, acabou por correr bem o ano passado?
Correu muito bem. Foi realmente o que tornou este festival especial, e que abraçou novamente o apoio da câmara, que é um apoio maior, porque eles viram ‘estes rapazes conseguiram fazer um brilharete’.
Em relação a esta edição, antes de mais, qual é que é o objetivo do festival, no sentido em que vocês afirmam que querem trazer um festival internacional para Coimbra. E o vosso cartaz até está bastante recheado, digamos assim. É este um objetivo que vocês têm a curto prazo, já de tornar isto num grande festival da zona centro?
Sim, e não só. Da zona centro e a nível nacional. Coimbra tem um ecossistema perfeito para este tipo de festival. Porque não? Ainda por cima o espaço que é, a Praça da Canção, digo com toda a certeza que não há nenhum festival assim nas cidades, num espaço destes, no espaço urbano. O Festival Paredes de Coura tem um landscape maravilhoso, porque já tem um anfiteatro também maravilhoso e há outros sítios no país que têm isso. Mas agora como um festival urbano, e eu por experiência própria, como já toquei nestes festivais todos como músico – já toquei no NOS Alive várias vezes, já toquei no Super Bock Super Rock, estou a fazer um festival e não gosto de tocar em festivais. Sinto-me muito afastado do meu habitat natural. Coimbra tem esse potencial e isso não devia ser novidade. Nós nem devíamos estar a fazer este festival. Este festival já devia existir há 30 anos, porque Coimbra e Vilar de Mouros tiveram os primeiros festivais a sério, os primeiros festivais em Portugal de Queima das Fitas com cartazes maravilhosos. Pena, se tivesse continuado nessa direção se calhar o Luna Fest nunca existiria. Por exemplo nomes de renome, que estão mais ou menos na direção deste festival e que já tocaram na Queima das Fitas e as pessoas se calhar nem sabem. Muitos festivais copiaram o modelo da queima das fitas antigo. Muitos estudaram aqui, até mesmo um dos fundadores do Paredes de Coura, e pessoal de outros festivais estudou em Coimbra e trabalhou nessas Queimas. Fizeram tipo um estágio, o pré estágio para as carreiras deles aqui.
Ou seja, é quase um voltar às origens, no sentido em que foi a queima que lançou este modelo e depois, entretanto, não houve mais nenhum festival em Coimbra que pegasse nele.
Claro. Ainda por cima é uma cidade que tem uma ligação muito forte à tipologia de som que a gente quer proporcionar a este festival, que é o rock and roll. Que é uma vertente que engloba também o punk, o new wave, pós-punk.
Vocês têm de facto um cartaz recheado a nível de rock and roll, e como disse para para vários outros subgéneros. Mas é interessante porque depois há nomes como, vou dar o exemplo da Selma Uamusse, que até é um bocado mais afastado. Como é que foi a vossa escolha para este ano? Tentaram cingir-se ao género, quiseram dar umas pitadas para outros lados?
Uma das coisas que eu visualizei, a direção assim principal, era primeiro algo que eu gostasse de ver e que não tinha visto. Primeiro era aqueles que eu gostava de ver e ainda não tinha conseguido ver. A escolha era o que eu gostava, bandas que faria de tudo para as ver e que sei que não viriam cá, que não tem hipótese. E também bandas novas que eu sei que nunca vieram cá e que sei que estão a bombar. Eu vivi muitos anos em Inglaterra, vivi 12 anos, e ainda continuo a ter muita ligação com o que se passa lá. Sei de antemão o que está a bater, quais as novas bandas que vão aparecer. Por isso, esta mistura é completamente normal. Por exemplo, no ano passado ainda foi mais misturado porque eu ouço de tudo, não tenho divisões em termos de estilos. O heavy metal não bate muito, deve ser o único estilo que dificilmente, só se for algo de muito especial. Se calhar, em termos de gosto, o que ouço mais é Rockabilly, é, por exemplo, reggae, punk, eletrónica, Por exemplo, no ano passado, na primeira noite, a primeira banda era uma banda de Power Pop, a segunda banda foi uma das mais importantes da história da eletrónica, uma banda que nada tem a ver com a primeira. A terceira foi uma das mais importantes do punk dos undergrounds, e a quarta banda era como o Merlin do rock and roll. Este ano não está muito diferente, se calhar até está mais contido nesse aspeto. Tem Selma Uamusse, Club Makumba, mas tem o Natty Bo & The Top Cats, que é talvez a maior banda que há do reggae no momento a nível mundial.”
Pode-se dizer até ao contrário que, embora ainda tenha algumas pitadas para outros lados, é um festival que está a encontrar a sua identidade musical?
Identidade tem. A identidade está lá toda. A identidade não é isso, está é se calhar ao contrário. As pessoas é que têm que nos encontrar. Estamos bem definidos e sabemos o que queremos nesse aspeto. O que é importante é que seja dentro de qualquer género muito bom. Não é bom, é muito bom. Que sejam os melhores de qualquer destes géneros que estamos a abordar, sejam portugueses ou internacionais.
Muitas das vezes, nos festivais aquilo que até acaba por ser mais difícil é sempre trazer os artistas de fora. Acaba por ser sempre algo que os festivais fora dos grandes, digamos, aqueles grandes festivais atualmente de Lisboa e Porto, que acaba por ser mais difícil. Como é que é para o Víctor organizar um festival onde tem muitos artistas de fora? Conseguir agilizar a nível de agenda, a nível de custo, de toda a logística?
Para nós fica mais difícil do que qualquer festival, só por causa de uma coisa: nós vamos buscar artistas muito específicos, e alguns que nem estavam a tocar há algum tempo. Por exemplo, na noite de dia 7, Jon Spencer que já não está em turnés europeias, acho que a última vez que esteve em Portugal foi há 11/12 anos. E torna-se difícil quando tu queres este artista. ‘Eu quero aquele artista porque quero” e conseguir fazer datas especiais. A mesma coisa com os The Psychedelic Furs na primeira noite. A partir deste concerto que nós marcámos, vão tocar também a Espanha a seguir. Aproveitaram a vinda.
O próprio festival desencadeia novos concertos.
Claro. Criámos muitas dessas situações. Por exemplo, o John Cale foi concerto único em Portugal, veio de Nova Iorque, claro que isto torna-se mais caro e complica um pouco a logística. Porque tens que ter um backline todo, depois a banda não está em turné e é pior do que teres a parte do backline só para agradar o artista. Essa parte é muito complicada, quando queremos concertos mesmo especiais…
Para fechar, se tivesse que, em poucas frases, convencer alguém que estava na dúvida entre ir ou não ir ao festival, como é que convenceria?
É o que eu digo a todos. É uma questão de escolha. Às vezes as pessoas dizem ‘os gostos não se discutem’. Os gostos discutem-se. E neste caso, este é um festival com gostos e essa é a nossa vantagem. Também pode ser a nossa desvantagem.
É um festival com artistas muito irresistíveis, não é?
Irresistíveis e para pessoas com bom gosto.