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O espetáculo “Hora Vazia”, de Zé Mágico, resulta de quase um ano de trabalho e faz parte do projeto Meta Magic, uma obra que funde diversas artes como o teatro, dança, malabarismo, artes visuais e ilusionismo. O foco não está nos truques, mas na forma como potenciam uma narrativa profunda e introspetiva
Zé Mágico descreve o espetáculo “Hora Vazia” como “de certa forma biográfico, mas biográfico para cada um”. A peça, segundo o próprio, retrata o percurso de vida de um ser que, tal como cada um de nós, tem de fazer escolhas ao longo do tempo. O artista explora a inevitabilidade do passar do tempo e a responsabilidade associada às decisões que tomamos. “O tempo passa e tens de escolher sempre. Seja sobre a roupa, ou o livro que vais ler e, mesmo que não escolhas, o tempo continua a passar”, afirma o criador.
Hora Vazia leva a palco temas como o medo, o envelhecimento e o impacto das nossas escolhas. O medo, particularmente, é uma constante ao longo da vida e surge com frequência nas decisões do dia a dia. “Não escolher continua a ser uma escolha”, reflete Zé Mágico, que destaca a inescapabilidade das consequências. A vida, segundo o artista, desenvolve-se inevitavelmente, e mesmo sem intervenção, certas situações “vão acontecer na mesma, independentemente da tua vontade”. O ilusionista exemplifica esta ideia através do simples ato de respirar, algo que ocorre naturalmente, quer tenhamos consciência disso ou não.
A peça convida o público a contemplar o equilíbrio necessário para enfrentar os desafios e surpresas da vida. Zé Mágico sublinha que esse equilíbrio deve ser mantido, seja em momentos de dor, perda ou alegria. Para ele, é essencial integrar as diferentes peças da vida, “grandes e pequenas”, de forma a encontrar um sentido ou, pelo menos, uma forma de viver com felicidade.
O envelhecimento e o medo que o mesmo carrega é outro dos temas centrais de Hora Vazia. “Contemplamos esse equilíbrio sabendo que nada é eterno”, diz o artista, e o espetáculo questiona o que aconteceria se perdêssemos a memória. Para Zé Mágico, que é pai, esta é uma questão particularmente sensível: “Se eu perdesse a memória de me lembrar que ele é meu filho…ele é a minha maior alegria”.
Neste espetáculo, as memórias, os objetos e as escolhas unem-se e a passagem do tempo é inevitável. “A memória é pedra submersa num rio que não deixa de correr”, é a frase que Zé Mágico utiliza para descrever a forma como as lembranças se esbatem com o tempo. A mensagem do artista é clara: “Nós todos somos feitos de pó de estrelas… no fim do dia não passamos todos de pó, por isso não levem a vida tão a sério”.
O espetáculo tem a sua estreia no Teatro Viriato a 1 de outubro e estará presente no Festival Internacional de Teatro da ACERT (FINTA), em Tondela, onde Zé Mágico estará no dia 14 de outubro. Para além disso, a peça terá sessões entre os dias 5 e 8 de março em Torres Novas e de 20 a 22 de março em Pombal, dando continuidade à trajetória por diversos palcos.
Através de um ilusionismo que dialoga com várias formas artísticas, Hora Vazia leva o público a refletir sobre o destino, o livre-arbítrio e as escolhas que moldam a nossa vida. Como Zé Mágico coloca, apesar de sermos “feitos de pó”, é no jogo das escolhas que encontramos o sentido do percurso a seguir.