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Nós recebemos uma preciosa herança do Homo Sapiens, sobretudo nos últimos 100.000 anos. Herança que inclui invenções, descobertas, conquistas e sobretudo todo o tipo de redes de cooperação. Com tudo isto o Homem foi conquistando um enorme poder, mas poder não significa sabedoria! O resultado está á vista! Temos o Mundo á beira de um desastre ecológico e de uma tensão mundial que nos pode levar a uma guerra que pode acabar com o mundo que conhecemos. Dessa herança, esquecemos que somos os únicos animais capazes de colaboração flexível quando formamos grupos ou um país! Isto vem a propósito da discussão do nosso Orçamento – 2025.
O que se começa a perceber nestas discussões preliminares é que as redes de cooperação estão difíceis e que a informação que circula depende de juízos de valor pessoais e partidários. Ainda não é claro que se queira discutir a realidade ou o simples poder em nome da “Verdade”? Também a dúvida se estamos a tratar da “má informação”, enquanto engano de leitura ou a “desinformação” enquanto distorção da realidade? Ou será que tudo não passa de uma luta de egos? No final, o pior mesmo é podermos estar a confundir Verdade com Realidade? Porque realidade, se bem-sucedida, acabará em Verdade! E isso não será bom, porquê? Porque Verdade e Realidade não são a mesma coisa. A realidade é feita de diferentes pontos de vista, factos subjetivos, convicções, sentimentos, ideologias, partidarismos, jogos de interesses e lutas pela manutenção ou conquista do poder. Por vezes ainda, trata-se apenas da perspetiva pessoal do líder e de um pequeno grupo que cria uma imagem com pouco valor coletivo!
Vale a pena lembrar que foi há cerca de 70 000 anos que algo de muito importante aconteceu na Humanidade. O Homem começou a mostrar que era capaz de cooperar! Aconteceu graças ás mudanças e evolução do cérebro e da aptidão linguística. A partir daí ficámos dotados da capacidade de contar histórias de ficção, de criar narrativas e de acreditar e ser influenciado por elas. Foi então que a Humanidade ganhou a Capacidade da Narrativa e ela se transformou na primeira tecnologia da informação. Foi aqui que se começaram a criar redes que ligavam os humanos ás narrativas.
Nos tempos modernos e mais recentemente, apareceram os líderes carismáticos com milhões de seguidores que se ligam ás suas narrativas e nelas confiam. Vale a pena contar uma história á volta de Estaline: O seu filho também queria ser um Estaline. Mas o pai respondeu-lhe que Estaline era o Poder Soviético e o seu rosto nos jornais e retratos. E concluía, Estaline não sou eu e nem tu.
Os chamados influencers de hoje, alguns com milhões de seguidores online podem dizer o mesmo. Eles são o título de uma marca e de uma história onde se gastam milhões nas campanhas publicitárias. Um caso paradigmático é a Coca Cola onde se associam narrativas de diversão, felicidade, juventude e nada de negativo! Estaline compreendeu que os indivíduos, tal como os produtos, também se podiam constituir como marcas. Um rico avarento pode transformar-se num defensor dos pobres, um imbecil em génio, um homem comum num líder. O público ou nós mesmos, podemos julgar estar ligados a este ou aquele individuo, a este ou aquele líder ou personalidade, mas afinal estamos apenas ligados a uma história, a uma narrativa que nos contaram sobre ele. A distância entre a realidade e a narrativa é enorme. Um antigo diretor de um dos nossos canais costumava dizer que a televisão era capaz de vender tudo, desde sabonetes a presidentes da república!
Acontece assim, porque nessas histórias entram sobretudo os sentimentos, anseios, valores e o lado mais fotogénico da pessoa que se promove. No fundo são as projeções e as esperanças que constroem as narrativas. O conhecimento da verdade dá apenas uma pequena parcela de poder. Na ciência essa verdade é obrigatória, na espiritualidade tem beleza, mas com ela não se ganham eleições! Os sistemas políticos assentam sobretudo no poder da narrativa.
Até aqui nada de novo, a narrativa foi a primeira tecnologia de informação decisiva e desenvolvida pelos humanos. Por um lado, criou os alicerces da colaboração humana, mas depois não dá garantias nem de verdade, nem de ordem. E porque nasce como “Documento Escrito”? Porque o nosso cérebro absorve maior quantidade de informação quando ela é organizada em histórias e porque temos grande dificuldade em memorizar listas, declarações fiscais e orçamentos como o nosso. Por isso precisamos criar narrativas! Daí nascem os casos sobre os cuidados de saúde, a educação, a emigração dos talentos, os imigrantes, o apoio social, a habitação, o IRS Jovem. São narrativas sujeitas á mesma avaliação no que respeita á verdade. Foi por estas e por outras que surgiu a Grande Tecnologia de Informação através do chamado “Documento Escrito”.
O nó que agora anda no ar tem a ver com o IRS Jovem e sobre ele existem diferentes visões. A versão oficial fala na fixação do Talento em Portugal, no limitar dessa emigração. Mas para aqueles que conhecem o meio, a saída desses jovens talentos tem pouco a ver com esse imposto. Eles vão embora porque procuram melhores oportunidades de vida e carreira. Mas o mesmo acontece aos jovens de Viseu que saem para Lisboa ou Porto! Eles vão porque a cidade, a região não lhes dá oportunidades. Este é um problema de fundo a precisar de grandes reformas no desenvolvimento do país e do interior e menos na redução de impostos. Mas os governos preferem simplificar e criar narrativas á volta do IRS Jovem.
Tudo isto para dizer que a informação tende a criar novas realidades que justifiquem as decisões políticas, quando nós já andamos a aprender a cooperar faz 70 000 anos. Mas se há narrativas para discordar, também há narrativas para concordar…Puxem pela imaginação!
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João Azevedo