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A Cáritas Diocesana de Viseu, recebeu esta terça-feira (8 de outubro) entidades da Cáritas de outros países para perceber de que forma trabalham no apoio e inclusão da etnia cigana. No Centro Pascoal de Viseu, representantes da Cáritas da Bélgica, Sérvia, Portugal, Hungria e República Checa reuniram-se numa sessão de partilha de práticas e experiências. Esta iniciativa faz parte de um projeto europeu iniciado no ano passado, que começou com uma visita à República Checa.
Durante o encontro, discutiram-se as dificuldades enfrentadas pela comunidade cigana, como a saúde, a educação, a habitação e o desemprego, problemas comuns em vários países. Na República Checa, por exemplo, “mesmo que consigam trabalho, os salários são muito baixos”, o que dificulta o sustento das famílias. Na Macedónia, a falta de documentos torna muitos membros da comunidade invisíveis aos olhos do Estado. Em Portugal, “embora haja discriminação, o governo está mais atento a estas questões e há uma colaboração mais sólida com a Cáritas”.
No início da manhã, todos os representantes reuniram para a partilha de experiências e conhecimentos de modo a melhorar o serviço que desempenham. A iniciativa, chamada “Comunidade de Partilha”, é financiada a nível europeu e visa promover a troca de experiências entre as Cáritas de diferentes países. Nem todos os países europeus fazem parte deste projeto, e há alguns, mesmo dentro da União Europeia, que ainda não estabeleceram estas parcerias.
Cada país enfrenta os seus desafios. Na República Checa, as Cáritas tentam mediar com o governo, mas os resultados são limitados. Na Hungria, onde o governo de direita mantém uma relação com as organizações de apoio, há um financiamento específico para a igualdade que também apoia a comunidade cigana. Na Sérvia, que não pertence à União Europeia, as organizações locais dependem do apoio de Cáritas maiores, como a da Áustria e da Alemanha.
Países como a Macedónia falam que uma das maiores dificuldades que encontram perante a comunidade, passa pela falta de documentos e dificuldade em obtê-los. Muitas crianças que apoiam não estavam registadas. Na Bélgica, o trabalho da Cáritas inclui ajudar crianças ciganas a obter certidões de nascimento e acesso à educação, um desafio devido à vida nómada destas famílias.
De seguida, foi realizada uma visita à feira semanal de Viseu, “para poderem ver onde está presente aquilo que é a própria integração da comunidade cigana na atividade comercial. Muitos dos nossos ciganos, a maior fonte de rendimento é através das feiras”, explica o presidente da Cáritas Diocesana de Viseu, Felisberto Figueiredo.
Para que a mensagem pudesse ser passada de forma nua e crua, durante a tarde foi realizada uma visita ao Bairro da Balsa, a São João de Lourosa e ao Bairro de Paradinha.
Felisberto Figueiredo, admite que as visitas realizadas no ano anterior à República Checa, permitiram perceber que em Portugal a comunidade cigana sofre de discriminação e revelou que “há países onde é mesmo escandaloso, colocam a comunidade cigana num espaço completamente isolado do resto da cidade, com espaços até vedados”.
A guerra na Ucrânia foi algo que contribuiu indiretamente para a discriminação da etnia, dado que “há muitas pessoas que vieram da Ucrânia para países da Europa Central e o que acontece é que, sendo ciganos, nem se integram com a comunidade cigana desses países para os quais vão, nem estão bem na Ucrânia, então vivem uma situação de dupla desgraça”, conta a representante da Hungria.
Uma das preocupações partilhadas na reunião pelos visitantes não se regista em Portugal, onde entidades como o Estado e a Igreja apoiam a Cáritas, já que “na maioria dos países representados, o Estado não financia a Cáritas, ao contrário do que acontece aqui, que muitas coisas que fazemos são financiadas pelo Estado. Ao contrário de Portugal não recebem o apoio do Estado e da Igreja”. Para sobreviver, a Cáritas da Bélgica, por exemplo, “recebe apoios de cáritas de outros países que têm mais posses e fazem bastantes campanhas”.
“É uma iniciativa a nível europeu, que a Cáritas portuguesa se associou, apresentando Viseu e Setúbal como as entidades que estão a trabalhar com a comunidade cigana e a partilhar experiências daquilo que se faz em Portugal”, afirma Felisberto Figueiredo, presidente da Cáritas Diocesana de Viseu.