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“Saio daqui com a noção de que tenho de ter mais calma e mandar menos palavrões para o ar quando falo dos árbitros”

Humanizar o papel do árbitro e mostrar que o ‘senhor’ ou ‘senhora’ do apito são pessoas como qualquer um dos que está a ver um jogo. É este o objetivo maior do projeto ‘Arbitragem na Escola’, promovido pela Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF). No entanto, na escola, mais do que perceber que o árbitro é um ser humano, os alunos perceberam que é difícil tomar a melhor decisão de forma rápida. Presidente da APAF apela a penalizações mais céleres para quem ataca árbitros

Carlos Eduardo Esteves
 “Saio daqui com a noção de que tenho de ter mais calma e mandar menos palavrões para o ar quando falo dos árbitros”
12.10.24
fotografia: Jornal do Centro
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 “Saio daqui com a noção de que tenho de ter mais calma e mandar menos palavrões para o ar quando falo dos árbitros”
12.10.24
Fotografia: Jornal do Centro
 “Saio daqui com a noção de que tenho de ter mais calma e mandar menos palavrões para o ar quando falo dos árbitros”

Decidir bem, não chega. É preciso decidir certo e rápido. Muito rápido. Em fração de segundo. Sem instinto e com base nas Leis de jogo, a famosa cátedra que inclui 17 regras fundamentais. Dizem as estatísticas que um árbitro chega a decidir, por jogo de futebol, mais de 200 vezes. De que equipa é a bola antes de um lançamento, se é canto ou pontapé de baliza. Se é ou não falta, se a infração é cometida dentro ou fora de área. Se o cartão amarelo é suficiente e se um atleta está ou não fora de jogo. E por aí fora. Decidir. Verbo chave na vida de um juiz de campo. E foi exatamente para mostrar a dificuldade da missão de decidir que a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) avançou para a ideia de levar às escolas de norte a sul do país, incluindo ilhas, uma carrinha dedicada aos temas da arbitragem. Em Viseu, o projeto ‘Arbitragem na Escola’ ‘estacionou’ na Secundária Viriato.

O presidente do organismo que representa os árbitros portugueses, Luciano Gonçalves, diz que o objetivo maior desta ação é “humanizar o árbitro”. “É importante que os jovens comecem a olhar para o árbitro como alguém que faz parte do jogo. Que é igual a eles e tem de tomar decisões. Alguém que também tem amigos e família. E que erra. Muitas das vezes, mesmo os árbitros têm opiniões diferentes sobre um lance”, assegura o presidente da APAF. O foco de um projeto, que é um “ato de pedagogia”, também está nos pais dos estudantes.

Em linguagem futebolística, o lance aconteceu na Secundária Viriato, mas a APAF confia que é na casa de muitas famílias que terá repercussão, como se se recorresse ao VAR. Até porque, lembra Luciano Gonçalves, uma das grandes questões é a atitude dos pais a assistir aos jogos dos filhos. “Quero acreditar que, apesar de este projeto se desenrolar na escola, a mensagem chega até casa. Temos de dizer, em abono da verdade, que os principais problemas não estão nos jovens, mas no comportamento dos pais. Se tivermos os jovens a entender melhor o papel dos árbitros, acredito que vão sensibilizar os pais”, reforça. Apesar de haver alguns contratempos, Luciano Gonçalves garante que a arbitragem vive hoje um momento sereno. O responsável apela, no entanto a decisões mais rápidas em relação a quem prevarica. Mas já lá vamos.

 “Saio daqui com a noção de que tenho de ter mais calma e mandar menos palavrões para o ar quando falo dos árbitros”

Jovens viram imagens e tinham de decidir o que fazer em cada situação

A fila para entrar na carrinha começa a ganhar forma e a ansiedade dos estudantes aumenta. Afinal, o que se passará dentro daquele veículo, questionam. No interior da carrinha estão dois monitores. O cenário é muito semelhante a um videojogo, mas não foge muito da imagem da cabine de um vídeo-árbitro. Cada aluno senta-se na cadeira e, ao lado, há um técnico especialista em arbitragem que o vai desafiando – e aqui e ali provocando – sobre alguns lances que aconteceram no futebol português. “Bons jogos”, assim se despedia Telma Frade de cada aluno que se sentava na cadeira. Telma é presidente do Núcleo de Árbitros de Lamego e neste dia, tal como Rodrigo Macedo, que dirige o Núcleo de Árbitros de Viseu, teve um papel fundamental na iniciativa. Por um lado, Telma e Rodrigo tranquilizavam os estudantes. Ninguém tinha de saber tudo, realçou. E, depois, colocavam cenários e levantavam dúvidas.

“Sinto que os alunos não estão preparados para lances que não conhecem ou que são vistos raramente. Sobretudo, noto que os jovens que aqui passaram acham quase sempre que o árbitro errou. E não têm na mente a ideia de que há sempre outra versão”, explica Telma Frade. A responsável pelo Núcleo de Árbitros de Lamego realça, então, o papel do VAR. “É importante o vídeo-árbitro ter aparecido para eles entenderem que não se consegue ver tudo à primeira e que existem outros fatores que nos levam a pensar de outra forma totalmente diferente. É totalmente desafiante para eles perceberem que um árbitro não se limita a correr ou exibir cartões. É preciso concentração e foco totais”, assinala, assumindo que antes de abraçar a missão de árbitra de futebol não tinha a noção da dificuldade de ser árbitro nem do “empenho e dedicação que tem de ter para arbitrar um jogo”. “Achava que era muito fácil chegar, pegar no apito, mostrar cartões e estava feito”, revela.

Alunos reconhecem que decidir bem e rápido é difícil

Já Rodrigo Macedo, do Núcleo árbitros de Viseu, refere que os alunos tiveram dificuldade de decidir um lance no momento. “Percebem agora o quão é difícil”, resume. “Mesmo com as três ou quatro repetições sobram dúvidas”, atira. O responsável confia num futuro positivo para o setor da arbitragem. “Estamos a trabalhar bem. Temos o problema da falta de árbitros, mas com o que o Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Viseu, os núcleos de arbitragem, vamos conseguir enfrentar essa questão e conseguir mais árbitros e que eles se mantenham nos quadros”, diz Rodrigo Macedo.

Depois de saírem da carrinha, a curiosidade dos colegas que estavam cá fora à espera de entrar, fazia os que esperavam rodear os companheiros de sala. “E então? O que é que têm de fazer? E o que decidiste? Era fácil?”. André Fontoura foi um dos primeiros estudantes a entrar na carrinha. No total analisou três lances: em todos teve de dizer se era cartão vermelho ou amarelo. “Não acertei em todas as decisões, mas entendi o motivo e a justificação de cada lance”, afirma. “Já joguei futebol. Sempre me tentei pôr no papel dos árbitros, mas reconheço que no calor do jogo é difícil aceitar as decisões deles”, acrescenta.

Se André nunca pensou seguir a carreira da arbitragem, Jorge Morais é árbitro assistente nos quadros da Associação de Futebol de Viseu. “Costumo apitar três ou quatro jogos por fim de semana. A maior dificuldade é conseguir tomar a decisão certa no momento certo. Muitas vezes o lance não é percetível, mas tenho de decidir. E depois ouço de um lado que é penalty e, por exemplo, no auscultador escuto que não é nada, que é lance limpo”, justifica. Jorge apita jogos de várias camadas: de traquinas e petizes até aos seniores. A ‘bandeirinha’ é levantada dezenas de vezes por jogo. “Para já não tenho o objetivo de seguir a via da arbitragem como profissional”, frisa. Apesar de não querer seguir a carreira de arbitragem, para já, Jorge lembra que “ao estar na arbitragem tenho, por um lado, outra noção dos lances que não tinha antes de ser árbitro, e, por outro, às vezes discordo da decisão do árbitro”.

Outro dos estudantes que estiveram na carrinha do ‘Arbitragem na Escola’ foi Duarte Carmo. O jovem já foi árbitro no futebol distrital de Viseu. Deixou essa missão por não conseguir conciliar agendas. “A Associação podia melhorar as condições relativamente aos árbitros. Eles merecem”, defende. E as ajudas não deveriam ficar-se pelo lado financeiro e de logística. Há outros papéis que mereceriam melhorias. “As pessoas que estão a ver o jogo nem sempre ajudam os árbitros. Os espetadores têm o dever de ser melhores para com quem está dentro de campo a fazer o melhor”, reforça.

A estudante Filipa Coimbra, que é jogadora de futsal no distrital de Viseu, também foi até à carrinha para analisar lances de arbitragem. “Decidir muito rápido foi a minha maior dificuldade”, sublinha. A jovem deixa a garantia de que saiu da carrinha “com a noção de que tenho de ter mais calma quando falo dos árbitros e mandar menos palavrões para o ar”. A alinhar numa das equipas de futsal feminino distrital, Filipa Coimbra deixa a promessa de que terá “mais calma quando um árbitro decidir em campo um determinado lance”. “Não é nada fácil”, conclui.

Presidente da APAF pede decisões mais rápidas para quem ataca árbitros

Neste dia, na Secundária Viriato, em Viseu, esteve também o presidente da Associação de Futebol de Viseu. José Carlos Lopes lembrou a ligação de mais de 15 anos ao setor da arbitragem, inclusive enquanto presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Viseu. O dirigente apela a que os jovens ingressem no mundo da arbitragem. “O curso de árbitro é grátis. Começam a fazer os primeiros jogos, são logo remunerados e pode ser um contributo importante para a vossa mesada ou semanada. E pode estar ali uma carreira de futuro aliciante – quer para rapazes, quer para raparigas”, atirou.

Uma carreira aliciante que é alvo, por vezes, de um clima de intimidação. Sobre isso, e voltando ao estado da arbitragem no nosso país, Luciano Gonçalves garante que hoje “existe uma maior tolerância relativamente aos árbitros”. No entanto, o líder da APAF reconhece que “ainda vão acontecendo episódios que devem envergonhar toda a gente que está no desporto”. “As penas já vão sendo dissuasoras, estamos no caminho certo, mas há um longo trabalho pela frente. Preferia que houvesse decisões mais rápidas, em vez de as penas aumentarem. Hoje percebemos que houve uma determinada agressão, mas até o agressor ser penalizado, passam uns meses. Nesse espaço de tempo vai passar sempre a ideia de impunidade. E o que era importante era haver uma decisão em dois ou três dias e o que for decidido, ser conhecido publicamente”, defende Luciano Gonçalves. A carrinha pela ‘humanização’ do árbitro já deixou Viseu e vai circular por todo o país.

 “Saio daqui com a noção de que tenho de ter mais calma e mandar menos palavrões para o ar quando falo dos árbitros”

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