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Alfredo Simões
Na nossa Região são pouco visíveis as ações mecenáticas por parte dos agentes e setores da sociedade civil. Não significa isto que, anualmente, não sejam realizadas, de forma dispersa, milhares de doações, pequenas e grandes, para atividades e projetos da responsabilidade de instituições de apoio social, de formação ou culturais da Região.
Porém, são em pequeno número as organizações de natureza fundacional (sejam de origem pessoal ou institucional) aqui sedeadas (ver ‘Jornal do Centro’ de 31julho2021) e em muito menor número ainda serão as que dirigem a sua ação para outros destinos que não os relacionados com as áreas de apoios sociais.
Compreende-se esta situação pela tradição das fundações andarem associadas, desde o séc. XIX, à disponibilização de património por parte de filantropos (fundadores) que o colocavam ao serviço das pessoas mais necessitadas, nomeadamente idosos, crianças, entre outros. Alimentação, habitação, saúde eram necessidades básicas que importava serem prioritariamente satisfeitas e que foram evoluindo para atividades de educação e formação, culturais, etc.
Sem que nenhum dos apoios a estas atividades tenha desaparecido das missões das Fundações portuguesas, algumas iniciativas fundacionais dirigem uma parcela dos apoios para a ciência, para o desenvolvimento científico e tecnológico. Exemplos paradigmáticos são os da Fundação Champalimaud, Fundação Francisco Manuel dos Santos, Fundação Gulbenkian, entre vários outros. São exemplos de iniciativas que se propõem contribuir para a evolução (e a difusão) da ciência, do conhecimento, postos ao serviço do desenvolvimento da sociedade.
Seja qual for a sua área de intervenção ou a sua origem pessoal ou institucional, as Fundações têm como missão prosseguir o interesse público a partir da gestão do património recebido dos seus fundadores.
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Sem inovação, a economia não se transforma. Vai desempenhando a sua função de produzir os bens que os consumidores adquirem, certamente vai melhorando os processos produtivos e a forma de fazer chegar esses produtos aos mercados, pode ganhar eficiência, mas não é capaz de gerar novas propostas de consumo, de satisfazer necessidades que estarão prontas a emergir se houver estímulos para tanto.
A economia da região de Viseu não foge a estes pressupostos.
A minha convicção, já abordada noutras ocasiões no JC (abril de 2024, “Tecnologia e Inovação em Viseu para mais um salto em frente”), é de que “em Viseu poderemos estar à beira de podermos dar um outro salto em frente como fizemos há quatro décadas atrás. E mais uma vez isso só acontecerá com os atores locais, políticos, económicos, científicos, culturais, sociais, a agirem tendo o mesmo objetivo”.
Porque razão digo isto?
Desde há uns anos para cá que a cidade e a Região atraíram novas empresas de setores essenciais e quase inexistentes (os exemplos da Critical, da Claranet, entre outros); a evolução de um grupo empresarial local, o Grupo Visabeira, que continuou, a partir de Viseu, a sua estratégia de diversificação e implantação a partir do núcleo inicial de atividades, algumas de baixo valor acrescentado, mas que subiu na cadeia de valor e manteve-se competitivo em mercados internacionais exigentes e especialmente relevantes nas estratégias europeia e mundial como as relativas às comunicações e à energia; o conjunto do setor exportador da Região, em que pontifica o setor automóvel, foi capaz de resistir e manter-se no mercado mesmo perante o acelerado aumento da concorrência nos mercados internacionais e numa época em que assistimos à desindustrialização de EU e USA; empresas do ramo alimentar e saúde estão presentes nos mercados fora de portas e, nalguns casos, foram capazes de atrair a atenção de capitais estrangeiros (a Controlvet/ALS, p. ex.). Por outro lado, assinale-se o crescente peso do IPV (e creio que das restantes instituições de ensino superior) no contexto das instituições científicas e de ensino superior (número de alunos, investigação cientifica, projetos de investigação aplicada, etc.), bem como a possibilidade de ministrar cursos de doutoramento (entre os primeiros que vão ocorrer em instituições politécnicas, no nosso País) e a alteração da designação para ‘Universidade’. Por último, mas não menos importante, saliente-se a criação do Star Institute, uma iniciativa do setor empresarial que agrega instituições de ensino superior visando a investigação científica aplicada.
A inovação não ocorre quando surge um resultado da investigação científica. A inovação na economia ocorre quando uma ideia, uma nova tecnologia, um novo modelo de gestão, seja em que domínio for, ‘salta’ para a economia, para as empresas, quando o resultado da investigação passa a prova de fogo da aplicação na atividade económica. O Star Institute pode ser um importante intermediário, uma ponte entre o conhecimento, a investigação cientifica e a realidade económica; pode ser um importante mecanismo de transferência do conhecimento para a vida económica gerando novos ou melhores produtos, novos ou melhores processos de produção ou de ligação ao mercado. Neste sentido, é um importante instrumento ao serviço do desenvolvimento da Região de Viseu e será um auxiliar precioso para a resposta aos desafios assinalados na estratégia de “Viseu Dão Lafões 2030”, em particular: “Desafio 2 – Reposicionar um território que se afirma competitivamente”. Apesar da sua relevância, o Star Institute será insuficiente para as necessidades da Região que, naturalmente, serão mais amplas, abarcam mais setores de atividade.
Por isso, a questão dos recursos disponíveis ao serviço da inovação nos diferentes setores da vida económica da Região será decisiva. Se é importante não deixar fugir os recursos financeiros europeus e nacionais que possam servir os interesses da Região, é igualmente essencial poder contar com recursos locais e que estes possam ser geridos e aplicados segundo uma orientação estratégica local e de acordo com uma escala adequada, centrando os seus serviços nos setores mais dinâmicos e mais representativos da economia da Região.
Mas, onde estão esses recursos locais?
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A criação de uma Fundação para o desenvolvimento do território de Viseu, em torno de uma missão e de objetivos muito concretos – mobilizar fundos para a investigação aplicada em setores estratégicos da Região -, pode ser um meio para reunir fundos locais dispersos e transformá-los numa arma poderosa de investimento em inovação em 3 ou 4 domínios essenciais para a economia regional. O Star Institute já identificou um desses domínios: o setor automóvel (e setores adjacentes). Sem querer arriscar muito diria o setor alargado associado a produções agroflorestais com potencial de valorização (vinho? pinheiro manso? …) e todo setor relacionado com as biotecnologias. O setor da saúde, com um peso significativo na Região no que toca à última etapa da cadeia de valor, mas também na produção de medicamentos, suplementos, etc. A definição destes domínios – que deve pertencer às individualidades e empresas/instituições privadas e públicas fundadoras – merece estudo e discussão. Infelizmente, há poucos estudos centrados na economia do território de Viseu.
Mas, onde estão esses recursos locais dispersos?
A criação de uma Fundação acompanhada da cedência de recursos financeiros por parte dos referidos agentes locais fundadores, servirá para a aplicação desses mesmos recursos em investigação e demais ações que visem o desenvolvimento tecnológico e a inovação na Região de Viseu, de acordo com os propósitos dos doadores estabelecidos nos Estatutos da organização. A Fundação colocará os seus recursos ao serviço do Star Institute ou de outras instituições de investigação aplicada que dediquem a sua atividade ao serviço da inovação das empresas e da economia locais – uma Fundação ao serviço da investigação aplicada cujos resultados possam ser utilizados diretamente pelas empresas e demais agentes económicos.
As maiores empresas (de todos os setores, da agricultura, à indústria, aos bancos, etc.), as organizações setoriais, as autarquias, as personalidades visienses com disponibilidade, todos podem dar o seu contributo para um fundo que deverá servir a inovação e o crescimento económico da Região. O conhecimento e, em particular, a sua aplicação ajudarão a Região de Viseu a “dar o salto”, tal como aconteceu há 3 ou 4 décadas atrás, na altura a partir do investimento em infraestruturas e da atração de investimento privado, incluindo do exterior.
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É possível que a ideia de criação de uma Fundação não toque, mesmo ao de leve, a realidade e seja inexequível. Porém, o interesse público que a Fundação deveria prosseguir – a inovação da economia da Região de Viseu – é fundamental para que a economia de Viseu alcance outros patamares em termos de produtividade e de presença nos mercados. E isto não se faz sem que haja algum planeamento da ação dos agentes locais. Não basta abrir candidaturas a fundos e esperar que a iniciativa de cada um vá desaguar no mar imenso do interesse público e que a economia da Região dê o “salto” no nível de produtividade e se transforme numa economia deveras competitiva nos contextos nacional e europeu. É possível que o Star Institute tenha mostrado o sentido e dado o pontapé de saída, é preciso que o exemplo se multiplique e que venhamos a ter uma estratégia coletiva para a inovação da economia de Viseu executada pelos agentes locais mais criativos e mais dinâmicos.
Vamos precisar, aqui, de iniciativa e de coordenação para reunirmos os recursos necessários tendo em vista um bem comum, a inovação da economia da Região de Viseu. Neste particular, a Região precisa de uma estratégia voluntarista.
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Eugénia Costa e Jenny Santos
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João Azevedo