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Pedro Ruas
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Nádia Martins
O problema no sistema de emergência médica parece não ser novo, mas nas últimas semanas agudizou-se e levou mesmo a longos minutos de espera no atendimento da linha 112.
Quem, diariamente, lida com a linha garante que o sistema há muito que precisa de ser repensado e que o problema não está apenas na falta de técnicos do INEM. Os profissionais estão em greve às horas extraordinárias há uma semana e por tempo indeterminado.
“Há falhas constantes do sistema de emergência médica, esta situação já a sentimos há algum tempo e agudizou-se de há 15 dias para cá. Quem tem responsabilidade nestes domínios deveria fazer uma grande reflexão com os vários parceiros e perceber que soluções poderiam ser encontradas”, começa por dizer o comandante dos Bombeiros Voluntários de Tondela, Nuno Pereira, onde no último fim de semana uma mulher morreu depois de estar cerca de uma hora à espera para ser atendida pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).
Para o bombeiro, “deveria haver uma profunda reflexão, ver o que está bem e mal e corrigir” já que “isso nunca foi feito”. “Ao longo dos anos, foi-se empurrando o problema com a barriga”, lamenta.
Nuno Pereira diz que são precisas soluções e algumas poderiam passar por ter uma central única de despacho, criar três centros em todo o país e garantir uma ou duas redundâncias da linha de socorro.
“Na minha opinião, o país deveria ser dividido em três – norte, centro e sul – e com uma central de despacho única. Esta central receberia todas as informações e lá estariam elementos do CODU, da PSP, da Autoridade, no fundo, os vários agentes de proteção civil. Se alguém ligasse com uma situação de pré-hospitalar era logo encaminhado para o INEM, se fosse uma situação de furto ia para a autoridade, se fosse incêndio passava para a ANEPC e seria esta central a fazer o despacho de meios”, refere.
Além disso, admite, “tem que haver uma redundância”. “Deveria existir uma redundância ou duas deste serviço, para que fosse usado sempre que a linha tivesse uma saturação. Uma dessas redundâncias até poderiam ser os comandos sub-regionais espalhados pelo país”, afirma.
No que diz respeito ao CODU, Nuno Pereira alerta que se existe falta de profissionais, “é preciso fazer esse reforço de pessoal”.
Em último caso, admite, “voltamos ao modelo antigo em que as chamadas eram feitas diretamente para os bombeiros. Se fosse uma situação emergente ficava resolvido, se não fosse o utente pagava as custas do serviço”.
O comandante da corporação lamenta que “a decadência do sistema se note há vários anos” e “não tenham sido encontradas soluções”, dando um exemplo de duplicação de trabalhos.
“Num acidente que tenha três vitimas encarceradas, eu recebo duas chamadas telefónicas, uma via CODU que indica que há um acidente com três vítimas e pedem para saírem três ambulâncias, e outra via comando sub-regional para sair com o veículo de desencarceramento. Se fosse uma central única talvez se encurtasse caminho”, afirmou.
Nuno Pereira frisou ainda que esta situação veio, mais uma vez, “mostrar que quando há problemas acabam sempre por ser os bombeiros a ser chamados a ajudar e, mesmo assim, continuam a ser vistos como elemento menor”.
INEM anuncia medidas de contingência
Entretanto, o INEM anunciou esta quarta-feira (6 de novembro) um conjunto de medidas de contingência para otimizar o funcionamento dos CODU, como a criação de uma triagem de emergência para chamadas com espera de três ou mais minutos.
As medidas constam de um comunicado divulgado antes da conferência de imprensa em que o Instituto Nacional de Emergência Médica vai explicar a estratégia para melhorar a resposta, na sequência dos atrasos de atendimento das chamadas no CODU que alegadamente causaram a morte de três pessoas.
No comunicado, o conselho diretivo do INEM refere que vai avançar hoje com “a implementação imediata de medidas que visam otimizar o funcionamento dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes”.
“A carência de profissionais da categoria de Técnico de Emergência Pré-hospitalar (TEPH) no mapa de pessoal do INEM, exacerbada agora pela greve dos trabalhadores desta categoria profissional às horas extraordinárias, sem fim previsto, tem pontualmente condicionado o nível de resposta que o INEM pretende oferecer aos cidadãos que necessitam dos serviços do Instituto”, salienta.
Além do reforço do dispositivo de emergência médica com ambulâncias de socorro sediadas em corpos de bombeiros e delegações da Cruz Vermelha Portuguesa, anunciado na terça-feira, o INEM vai agora colocar em prática um conjunto de medidas que vão permitir concentrar a atividade dos TEPH nos CODU e meios de emergência, em detrimento de atividades não prioritárias.
“Será ainda desenvolvido e implementado um fluxo de triagem abreviado para chamadas de emergência que tenham tido um tempo de espera para serem atendidas de ou superior a três minutos”, anuncia.
A par destas medidas, que serão aplicadas “no imediato”, o INEM vai, a curto prazo, integrar enfermeiros nos CODU para realização de determinadas funções, e rever os procedimentos relativos à passagem de dados das equipas de emergência no terreno.
A revisão dos fluxos de triagem do CODU e do SNS24 para transferência de chamadas entre estes serviços é outra medida prevista.
O INEM recorda a importância de uma utilização responsável do Número Europeu de Emergência – 112, que deve ser contactado apenas em situações de emergência, para garantir que os recursos estejam disponíveis para quem realmente precisa. Para outras situações, os cidadãos devem contactar o SNS24 através do número 808 24 24 24.
Desde quarta-feira que os TEPH estão em greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, uma situação que está a criar vários problemas no sistema pré-hospitalar e na linha 112.
Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112.
Depois de o STEPH ter denunciado no fim de semana dois óbitos por atrasos no atendimento na linha de emergência – que levou o Governo a anunciar uma auditoria ao INEM – , hoje o jornal Público dá conta de mais um caso, em que não foi atendido o pedido de socorro de uma idosa que se sentiu mal no Tribunal de Almada e foi transportada pela PSP para o Hospital Garcia de Orta, onde acabou por morrer.
O INEM já confirmou o impacto da greve, recomendou às pessoas que não desliguem as suas chamadas até serem atendidas e anunciou um reforço do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) com 10 ambulâncias de socorro, distribuídas por Postos de Emergência Médica (PEM) em corpos de bombeiros e delegações da Cruz Vermelha Portuguesa.
A Liga dos Bombeiros Portugueses avisou na terça-feira que “o colapso” do sistema de triagem de doentes gerido pelo Instituto Nacional de Emergência Médica está a criar uma “pressão extraordinária” nas corporações de bombeiros.
Hoje o Governo manifestou abertura em dialogar com os técnicos do INEM, para melhorar as suas carreiras e anunciou a extensão do prazo de contratação de helicópteros para a instituição.
Na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, o ministro da Presidência explicou que a renovação dos quatro helicópteros atuais será feita através de um concurso, com prazo de contratação entre junho de 2025 e junho de 2030, com um valor total de 98 milhões de euros.