No Outono, os dias são mais curtos e as noites mais frescas,…
A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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José Carreira
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Jorge Marques
Passou recentemente por Viseu um reconhecido filósofo que é considerado um dos 25 pensadores mais influentes do Mundo (Daniel Innerarity). Lembro-me quando ele dizia que os filósofos eram acusados muitas vezes de ocuparem o seu tempo, mais com os problemas e menos com as soluções. Reconhecia que isso até podia ser verdade, mas que na primeira fase da formulação, no expor com precisão de um problema já podemos ter parte da solução!
Ao pensar nisto lembrei-me do atual momento da política portuguesa. Eu, como penso que a maior parte dos portugueses, desejo sempre que os governos eleitos governem bem e tenham sucesso. Este e os futuros, porque do passado já não podemos fazer nada! O país precisa urgentemente de fazer acontecer e produzir grandes mudanças, porque o Mundo não está fácil!
Quero dizer com isto, que é menos importante o rótulo ou o discurso ideológico/partidário de um governo e mais, tal como diz o filósofo, um governo que saiba formular bem os problemas do país, que seja claro e não faça do povo uma entidade menor. É verdade que as organizações partidárias tiveram um papel fundamental na construção da política moderna e das democracias. Mas como partidos de massas estão a passar por uma profunda crise.
A análise desta crise ou “declínio” vê-se nas democracias ocidentais, onde os partidos começam a ter cada vez menos militantes. Até mesmo a simpatia, identificação partidária afetiva, psicológica ou moral tem diminuído. É isso que está a criar a “volatilidade eleitoral”, as mudanças do sentido de voto e a grande abstenção. Aponta-se para que nos últimos 10 anos, cerca de metade dos atos eleitorais na Europa, tivessem uma volatilidade eleitoral superior a 20%. Os partidos começaram a albergar eleitorados muito diferentes e por isso, em vez de lhes venderem ideologia, terão que vender competência e eficácia. Entre nós também se começa a desenhar este cenário.
Os discursos podem continuar a ter diferenças ideológicas quando falam em imigração, direito das minorias, ambiente, integração europeia, mas isso é o que pensam e não o que fazem. Na Europa haverá diferenças quando os países são governados por partidos de direita, esquerda ou populistas e sempre que se falar em prestações sociais, desregulação dos mercados, reduzir a intervenção do Estado, impostos sobre as empresas e políticas de imigração. O aparecimento de novos partidos veio também trazer alguma agitação e complicação aos sistemas partidários com novos temas e novas clivagens! Talvez seja necessário um realinhamento partidário ou chamar as coisas pelos seus nomes.
Nós tivemos uma sucessão de crises e conflitos a nível global, novas formas de comunicação, smartphones, redes sociais. Com tudo isto entrámos numa espécie de “democracia de bolha”! Quer dizer que á comunicação generalista sucedeu outra mais personalizada, que se fragmentou e sobrecarregou a audiência com uma informação difícil de digerir. As relações de confiança também se alteraram! Quer dizer que as lideranças partidárias já não se dirigem a todo o público com a mesma mensagem e que o objetivo já não é esclarecer, mas mobilizar para o voto.
Por isso regresso ao nosso filósofo e á necessidade cada vez maior da boa formulação dos problemas. Talvez até, aqueles que formulam o problema, não devam ser os mesmos que tratam da solução? Que alterações isto pode provocar no Sistema Político? Como sabemos, nós somos praticantes de uma governação centrada na política e políticos partidários, no curto prazo dos ciclos eleitorais e na falta de investimento nos sistemas onde as ações desses governos acontecem. Somos feitos de Governantes Heróis e Sistemas não-Inteligentes. Estamos mais preocupados em encontrar culpados do que em corrigir as más configurações estruturais.
Como sabemos também, em democracia qualquer pessoa pode governar, independentemente da sua competência para o efeito! Então os Sistemas Públicos e da Sociedade, por uma questão de equilíbrio, deveriam ser reforçados e mais inteligentes para que os maus governos não possam provocar demasiados danos. A democracia, para se defender, deve ser pensada como um Sistema que funciona com o votante, o político médio e uma Inteligência Coletiva Superior. Então toda a filosofia, estrutura, competências, gestão e liderança da Administração Pública, enquanto Sistema Inteligente deveria ser revisto, reforçado e de longo prazo. Quer dizer que o nosso filósofo tem razão, a prioridade é mudar a formulação do problema, reunir o conhecimento e não o recriar das soluções mais úteis ao momento e a que assistimos com todos os governos.
A Crise da Política e que só ela pode resolver, deve-se sobretudo a três problemas:
– Ela já não faz aquilo para que foi prevista e então a primeira reforma é para a sua própria eficácia de médio/longo prazo;
– Neste momento já não deveríamos estar á procura das soluções para os problemas conhecidos, mas a identificar os novos problemas;
– Falta Inovação Política, as Sociedades serão melhor governadas com mais Inteligência Coletiva do que com gente especialmente dotada. A primeira é de longo prazo, a segunda de curto prazo e o país precisa mais de uma estratégia, que de táticas para se ganharem eleições…
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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