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Dark Waves: Dois anos de música underground em Viseu

Fundada quase por acaso no aniversário de Alex Nunes, o projeto de divulgação Dark Waves cresceu em pouco tempo para se tornar uma referência do techno underground em Viseu e arredores

Carolina Vicente
 Dark Waves: Dois anos de música underground em Viseu
17.11.24
fotografia: João Costa
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 Dark Waves: Dois anos de música underground em Viseu
17.11.24
Fotografia: João Costa
 Dark Waves: Dois anos de música underground em Viseu

Fundada quase por acaso no aniversário de Alex Nunes, o projeto de divulgação Dark Waves cresceu em pouco tempo para se tornar uma referência do techno underground em Viseu e arredores. Celebra o seu segundo aniversário com um evento no dia 22 de novembro, e a equipa destaca-se pela inclusão e pelo ambiente acolhedor que transmite ao público e artistas. O projeto, que já passou por vários locais de Viseu e de outras cidades, continua a expandir-se, com um sonho de ter um espaço próprio onde possa crescer ainda mais

O projeto viseense Dark Waves celebra, no próximo dia 22 de novembro, o seu segundo aniversário e conta com a presença da DJ internacional Biia, a festa reafirma o impacto da Dark Waves na cena techno e underground, não apenas em Viseu, mas também noutras cidades onde o projeto já se destacou.

A Dark Waves nasceu quase por acaso, mas rapidamente se tornou um ponto de referência para a comunidade underground de Viseu. O fundador do projeto, Alex Nunes, relembra que tudo começou com a vontade de celebrar o seu aniversário de uma forma diferente: “Eu queria fazer alguma coisa especial, e em Viseu não havia nada que fosse techno”. Sem uma alternativa no panorama local, Alex decidiu criar a sua própria festa. Convidou amigos DJs e, após uma conversa com responsáveis de um espaço de diversão, organizou a primeira noite de Dark Waves em novembro de 2022. “Tivemos 170, quase 200 entradas pagas na primeira festa”, recorda Alex. A entrada custava um euro, valor que permitiu pagar aos DJs convidados.

 Dark Waves: Dois anos de música underground em Viseu

A reação do público foi imediata, e Alex começou a receber mensagens a questionar novas datas. Percebeu que havia ali um potencial ainda inexplorado e decidiu ir mais longe. “Pensei em falar com alguém que tivesse mais experiência”. Acabou por lhe ser apresentado Nuno Vieira Santos, conhecido como NVS, que atualmente é sócio e um dos pilares do projeto. O sócio, também DJ, já tinha experiência e foi “uma mais valia para o projeto”. Com uma bagagem de várias organizações de eventos de techno a que pertenceu, Nuno revela a necessidade que a cidade de Viseu sentia em ter algo mais profissional nesta área, e conta que quando recebeu o convite, viu uma equipa “jovem, empenhada e que realmente gostava daquilo”. 

Crescimento do projeto

Depois do primeiro espaço de Viseu, onde realizaram três festas, a Dark Waves explorou outros locais na cidade.

A equipa cresceu com a chegada de Diogo Sousa, designer que se tornou essencial na identidade visual da Dark Waves. Responsável pelo marketing, Diogo criou uma imagem coesa e adaptada à cultura underground que o projeto quer promover. “Fiz um levantamento do que existia noutros locais e juntei as ideias. A nossa imagem é o reflexo da Dark Waves, uma marca que quer ir além do convencional”, explica Diogo. Alex destaca a importância desta contribuição: “O Diogo trouxe uma visão mais underground e ajudou-nos a elevar o marketing, especialmente com vídeos de alta qualidade, que sempre foram o nosso foco”.

Proximidade com o público e artistas

A Dark Waves destaca-se não só pela música mas também pela atmosfera que cria, algo que Alex valoriza muito. “Os artistas sentem-se em casa quando vêm cá. O ambiente é único, e muitas vezes criamos uma amizade com eles”, partilha. Este ambiente acolhedor começa antes dos eventos, com jantares de equipa e artistas, momentos de preparação da decoração e testes de som. Diogo acrescenta: “Queremos que o público, artistas e equipa se sintam em casa”. A abordagem inclusiva e o ambiente refletem-se nas redes sociais do projeto, onde promovem os eventos como celebrações em comunidade.

A primeira presença de Biia, DJ de renome internacional, em dezembro de 2023, marcou um ponto de viragem para o projeto. “Estávamos a prever 350 pessoas, mas a adesão foi tão grande que tivemos de mudar para a sala principal do Ice Club, e acabámos com quase 700 pessoas”, recorda Alex.

Desafios e expansão

Apesar do sucesso, a Dark Waves enfrentou um grande desafio com o encerramento deste espaço em Viseu, que deixou o projeto sem um espaço fixo. “Agora dependemos das condições de cada local onde organizamos as festas, o que requer uma logística maior”, admite Alex. Diogo sublinha que, embora a falta de um espaço próprio traga dificuldades, isso também permitiu ao grupo expandir-se para novas áreas.

Através de convites, a Dark Waves começou a organizar eventos em Aveiro, Seia e Tábua. Em Aveiro, as festas foram um sucesso e mostraram a capacidade do projeto de atrair público fora de Viseu. “Enchemos o clube logo na primeira vez, e agora temos uma base sólida lá”, conta Alex. Em Seia, realizaram uma rave ao ar livre na praia fluvial da Lapa dos Dinheiros, um ambiente que sempre foi um sonho para Alex e Nuno: “Queríamos uma festa outdoor e surgiu o convite certo”, explica Alex.

O sonho de um espaço próprio

Um dos grandes sonhos da Dark Waves é ter um espaço próprio. “Sonhamos com um armazém onde possamos organizar festas regularmente e manter uma base de público mais fixa”, revela Alex. A ausência de um local fixo obriga a equipa a adaptar-se às condições de cada espaço onde realizam eventos. Diogo explica que, apesar das dificuldades, essa flexibilidade também traz oportunidades: “Se o Ice ainda estivesse aberto, provavelmente não teríamos expandido para outras cidades”.

A logística necessária para organizar eventos sem um espaço fixo exige um esforço adicional da equipa, mas o desejo de continuar a crescer é mais forte. “Estamos a fazer isto por gosto, todos temos esta paixão pela música e pelo projeto, e isso faz com que o esforço compense”, afirma Alex. 

Para Nuno Vieira Santos, o mais importante é não deixar a cultura morrer: “Quando trabalhamos com tipos de cultura não tão comerciais como o techno, é preciso gostar do que se faz”, e acrescenta que “nem sempre vai correr bem, é normal, mas não podemos deixar a cultura morrer”.

Uma comunidade crescente

 Dark Waves: Dois anos de música underground em Viseu

Ao longo destes dois anos, a Dark Waves construiu uma comunidade leal e apaixonada, composta por amantes de techno, artistas e uma equipa dedicada. Entre os residentes do projeto estão os DJs VASQ, o primeiro a juntar-se à equipa, Al Pro Ci, e FMH, nomes que já se tornaram familiares entre os seguidores do projeto. Cada evento é pensado ao detalhe, desde a escolha dos DJs até à experiência visual e sonora, com especial atenção ao reforço do sistema de som, como será o caso no próximo aniversário. “Queremos que a festa seja uma experiência completa”, refere Diogo.

Nas redes sociais, a Dark Waves partilhou: “O aniversário é nosso, mas a prenda é para vocês! Neste próximo dia 22, venham celebrar as nossas duas voltas ao sol ao som da única Biia”. A frase resume o espírito de partilha e comunidade que caracteriza o projeto. Além de Biia, a festa de aniversário contará com os residentes Al Pro Ci e FMH, que garantem uma noite de techno que promete ficar na memória de quem participa.

O futuro da Dark Waves

Para o futuro, a Dark Waves quer continuar a inovar e a expandir-se. Alex e Nuno sonham em solidificar a presença em outras cidades e manter a qualidade dos eventos. “Queremos tornar a Dark Waves num projeto ainda mais forte, que seja conhecido pelo seu bom ambiente e pela inclusão. Sabemos que não somos o maior projeto, mas queremos ser o mais acolhedor e criar sempre uma boa experiência para o público e para os artistas”, explica Alex.

Com o segundo aniversário, a Dark Waves atinge um novo patamar que demonstra que, apesar dos desafios, um grupo de jovens de Viseu pode fazer a diferença na cena musical underground, tanto local como regionalmente. “Já conseguimos criar uma boa marca, bem consolidada no mercado techno e hard techno nacional, e embora a nível de espaços para realizar eventos seja desafiante, o poder da nossa marca já ajuda a abrir algumas portas”, refere o sócio do projeto, Nuno. 

Assim, no dia 22 de novembro, o Bambu Club será palco de uma celebração que representa mais do que apenas uma festa. É uma afirmação de que a música techno e underground tem o seu espaço em Viseu, uma cidade onde projetos como a Dark Waves provam que a união entre artistas, público e equipa pode criar algo verdadeiramente especial.

 Dark Waves: Dois anos de música underground em Viseu

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