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Jorge Marques
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Diogo Pina Chiquelho
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Jorge Marques
O título deste artigo parece um problema novo, mas foi Aristóteles (Séc. IV a.C.) que o disse da seguinte forma: Só uma mente educada pode compreender um pensamento diferente do seu, sem precisar aceitá-lo! Então é verdade que a palavra novo pode usar-se para dizer coisas novas ou coisas antigas? Por isso costuma até dizer-se, que talvez Aristóteles não seja tão velho como as notícias e os discursos de hoje.
A Sabedoria, o Humanismo e os Clássicos estão á nossa frente e não atrás. Isso faz-me lembrar a resposta que tive um dia dos Índios Aimará que habitam junto do Lago Titicaca no Perú. Quando lhes perguntei onde estava o passado, eles apontaram-me em frente. Quando lhes perguntei onde estava o futuro, eles apontaram para trás. A explicação que me deram pareceu-me sábia. O passado é conhecido, está á nossa frente e tal como um livro pode-se ler e aprender. O futuro, esse é desconhecido e carregamo-lo ás costas. É como a sombra que projetamos e não vemos quando o sol nos bate de frente!
Compreender não é aceitar! De repente isso tornou-se uma chave para a vida e sobretudo para a nossa democracia. Fica-se com a ideia de que ela nem sequer chega a ouvir e muito menos a compreender quem pensa diferente. Mais parece um diálogo de surdos! Então como é possível concordar ou discordar, quando não se compreendeu? Aristóteles tem razão, tal só é possível com uma mente educada! Então Aristóteles é novo, atual e todo o nosso discurso político do Séc. XXI ainda não conseguiu compreender a diferença profunda entre compreender e aceitar?
Nós estamos a comemorar durante dois anos (21 junho/ 2024 a 21 junho/2026) o Vº Centenário do nascimento de Camões. Será Camões, o seu pensamento e a sua obra uma coisa velha ou a gente não compreendeu as suas mensagens maiores? Talvez não se tenha compreendido, porque estamos constantemente a aceitá-lo sem o querer compreender! Suspeito até que em boa parte exigimos o novo, porque o passado foi esquecido e ficámos de copo vazio. No entanto abrimos os Lusíadas desse velho Camões e ele começa por nos cantar: As armas e os barões assinalados/ Que da ocidental praia lusitana/ Por mares nunca dantes navegados/ Passaram para além da Taprobana/. O que é passar para além da Taprobana?
Quer dizer passar além do tempo e do conhecido; quer dizer empreender, superar desafios; quer dizer aprender coisas novas, inovar. De repente, damos conta que o velho Camões que vem do passado está a dar-nos uma saída para os tempos de agora, para o presente. Então ele é novo, atual, contemporâneo! Porque Taprobana era a Ilha de Ceilão, hoje Sri Lanka, um lugar de uma enorme diversidade cultural, religiosa, étnica, cores da pele, línguas, mistura de nomes e apelidos e que tem a forma de uma lágrima! Camões está a dizer-nos que temos que aprender com todos os tipos de diversidade e respeitar todas as diferenças! Porque este é hoje o nosso problema maior e a que estamos amarrados! Uma falta de compreender e respeitar desde o vizinho…ao Mundo todo!
Mas nós educámos a nossa gente com Camões, ele nunca deixou de estar presente! Presente desde 1572, a data da sua primeira publicação; presente nos programas das escolas nos jovens com 14/15 anos; presente nos círculos universitários; presente nos fados da Amália e outros; presente no Teatro e Cinema; presente até no futuro e desejado aeroporto nacional que vai ter o seu nome. Então e sobre a passagem para além da Taprobana? Talvez esquecida, porque nós esquecemos que na celebração do passado, nas políticas da memória, elas devem ser trazidas para o presente para poderem ser compreendidas. O presente tem necessidade do passado e o passado do presente. É a memória que une os pedaços desse Tempo. Era também o pensamento de Einstein na sua ideia de Espaço/Tempo. Celebrar o passado é chamá-lo para as coisas do presente, para que ambos possam ser compreendidos.
A relação entre o Novo e o Antigo não é uma relação de tempo ou no Tempo, mas de Espaço! Talvez a gente sofra de neopatia, da obsessão do novo? No entanto Delacroix dizia que o novo é tudo o que há de mais antigo; Proust que a verdadeira viagem da descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos; o novo pode até ser uma nova época, uma nova década, uma nova geração que em pouco tempo já vai na Z e esgotou o alfabeto!
Camões ainda vai ser festejado por mais um ano e meio, mas não o tratem como antepassado! Convidem-no para a nossa mesa, para a nossa sala, para os nossos serões, para nos ajudar a compreender o que é isso de passar para além da Taprobana…porque é aí que está o nosso verdadeiro e grande problema de hoje e também a solução…
Obra: Graça Abreu
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Jorge Marques
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Diogo Pina Chiquelho
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Felisberto Figueiredo