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Mapeamento da realidade artística viseense pelos participantes
Na cidade de Viseu, onde ainda não existe um Conselho Municipal de Cultura, artista das mais diversas áreas reuniram no Teatro Viriato para debater a situação atual das artes performativas no concelho. A iniciativa, idealizada pelo falecido Jorge Fraga, foi concretizada pelo Teatro Viriato e pela companhia Palco d’Argumentos, de forma a criar um mapeamento da realidade artística viseense.
Jorge Fraga, que morreu em agosto deste ano, imaginou a iniciativa como uma oportunidade para colocar em diálogo artistas, técnicos e entidades culturais, com o objetivo de refletir sobre as condições das artes em Viseu. A ideia era questionar: “O que é ser profissional das artes performativas em Viseu?”, “Que recursos existem?”, “Quais as dificuldades enfrentadas?” e “Como é o público?”.
O desafio para criar o Conselho Municipal de Cultura, à semelhança do que já existe em muitos municípios portugueses, foi um das ideias avançadas. Os participantes falaram de um Conselho que seja um espaço de troca de ideias, o local onde se deve criar uma estratégia local e um fórum de debate de ideias e projetos.
Um encontro para mapear
Ao longo do dia, Carolina Lyra e Carlos Figueiredo, os mediadores das conversas, guiaram os participantes em exercícios de reflexão e análise crítica. Segundo Lyra, o evento começou com uma homenagem a Jorge Fraga: “Iniciámos o dia com um momento emocionante da Rita [da Palco d’Argumentos] que nos falou um pouco sobre o Fraga, que seria a pessoa que estaria aqui a organizar ou dinamizar este evento, e que moveu essa vontade pelo ajuntamento de artistas”.
No debate foi levantada a questão da falta de um Conselho Municipal de Cultura em Viseu, evidenciada como uma lacuna na organização e articulação do setor artístico. Este contexto motiva discussões sobre a criação de uma estrutura que possa dar voz aos artistas e promover uma colaboração mais eficaz.
Variáveis que “não são controláveis”
As questões de espaço, financiamento e público foram repetidamente levantadas pelos participantes. Segundo o mediador, Carlos Figueiredo, “o elemento principal que surgiu é o ‘espaço’. Precisamos de espaço para criar, para apresentar, inclusive para armazenar”. Os artistas também mapearam os locais onde produzem e apresentam as suas obras, identificando áreas com potencial para serem aproveitadas como espaços culturais.
No campo do financiamento, refletiu-se sobre a pressão para uma produção rápida que, segundo as conclusões retiradas, dificulta uma reflexão aprofundada: “As estruturas de financiamento obrigam a que a criação seja rápida e não há muita rotação, não há espaço para reflexão, para usar o objeto artístico criado e fazê-lo rodar, porque se o fizerem vai deixar de ser comprado”.
Há também o caso de financiamentos que não cobrem todos os gastos, e que acabam por levar uma criação projetada para mais sessões a ter de reduzir para apenas duas ou três.
Sobre as audiências, levantam-se as seguintes questões: “Como é que as estruturas estão a pensar a sua audiência? Para satisfazer essa necessidade? Ou estão centrados em criar e não há espaço para muito mais?”. A conclusão que retiram é nítida: é necessário um investimento em estratégias para criar e envolver os públicos.
Coletivo numa voz única
A precariedade e a desvalorização do trabalho artístico foram também temas abordados. Foi reconhecida a importância de um coletivo organizado, como explicou Carlos Figueiredo. “Também se falou aqui como é que este coletivo se podia organizar para criar uma voz única. Não um sindicato (risos), mas alguém que conseguisse ser interlocutor”.
Não fica por aqui
No final do evento, ficou clara a vontade de dar continuidade à iniciativa que tomou o dia dos artistas. Rita, da Palco d’Argumentos, pede “que isto se prolongue”.
No Teatro Viriato ainda foi sugerida a realização de encontros regulares. “É importante este coletivo se reencontrar e também é importante que não se perca. Que este grupo consiga […] criar em conjunto uma ordem das artes performativas de Viseu, mas que haja um encontro duas vezes por ano, em que os assuntos sejam debatidos”.
Os resultados das discussões serão compilados num documento a apresentar em março e 2025, com a esperança de que possam influenciar políticas e decisões culturais no concelho. Como o mediador resumiu: “Quem sabe…Um pequeno passo para o Teatro Viriato, um grande passo para estas pessoas”.
Com quase 40 participantes ao longo do dia, o encontro representou um passo importante para dar voz aos profissionais das artes performativas de Viseu.