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Cartaz do Orfeão de Viseu de dezembro de 1950
Uma festa de Ano Novo, uma licença para a abertura de uma taberna e o batismo de uma figura histórica de Viseu poderão, à primeira vista, parecer não estar relacionados entre si. Contudo, existe um ponto que é comum: todos têm um documento guardado no Arquivo Distrital de Viseu.
Neste arquivo, localizado no edifício conhecido como “Casa Amarela”, no Largo de Santa Cristina, estão guardados documentos físicos como declarações de venda, passaportes ou certificados de batismo que digam respeito a pessoas ou locais do distrito. O início de 2024 – mais precisamente o dia 15 de janeiro – marcou os 150 anos do batismo de Francisco António de Almeida Moreira. Este evento ficou registado através do assento de batismo, que confirma o primeiro passo religioso daquele que viria a ser um político, professor e militar de destaque em Viseu. Fundador e primeiro diretor do Museu Nacional Grão Vasco, Almeida Moreira doou a casa e a sua coleção de obras de arte à cidade de Viseu, em exibição na Casa-Museu Almeida Moreira, junto do Rossio.
No Arquivo Distrital de Viseu encontram-se dezenas de pedidos de passaporte, do qual é exemplo o pedido de Alexandre Camilo da Trindade, emitido em 24 de dezembro de 1907. De entre os vários dados deste jovem adulto, à data com 22 anos, é possível saber que os seus pais foram António Camilo da Trindade e Maria Lopes de Assenção. Natural de Castelejo, na freguesia de São João de Areias, em Santa Comba Dão, Alexandre Trindade era solteiro e tinha a profissão de “trabalhador”. O seu destino seria a cidade de Rio de Janeiro, no Brasil. Também no mês de dezembro – mas desta vez há 658 anos – Afonso Martins, descrito como “meio-cóego, testamenteiro e irmão de Vasco Martins”, doou ao Cabido de Viseu um moinho, herdades e campos que possuía na zona da Ribeira, em Viseu. Isto para que o Cabido de Viseu “diga por ano três missas oficiadas e seis comemorações”, aquando da morte de Vasco Martins. A doação, patente no documento do Arquivo Distrital de Viseu, ocorreu no dia 12 de dezembro de 1366.
Se, por um lado, alguns dos documentos presentes na Casa Amarela têm centenas de anos, outros foram criados há “apenas” algumas décadas. Exemplo disso é o cartaz do antigo orfeão de Viseu, que, em dezembro de 1950, dava conta de um baile que aí iria decorrer durante a Passagem de Ano. O baile, com início às 22 horas e designado como o “grandioso chá dançante”, seria “abrilhantado pela excelente orquestra cine-jazz”. No cartaz é ainda referida a possibilidade de marcar mesa na sede do Orfeão de Viseu ou então no “estabelecimento de Hermínio Gomes Pinheiro”. Criado a 29 de maio de 1929, o antigo orfeão de Viseu tinha como principal objetivo a organização de bailes, permitindo assim à população das diversas freguesias o convívio através da música e da dança.
Se, por um lado, à população eram importantes a música e a dança, era igualmente importante a existência de locais e convívio onde fosse possível comer e beber. Foi por este motivo que, a três de janeiro de 1898 – quando Portugal era ainda uma monarquia – , o governador civil do distrito de ‘Vizeu’, Eduardo Correa d’Oliveira, concedeu a António Luiz Pinheiro a licença de porta aberta da sua taberna. No documento, é possível ler ainda que “esta licença é válida até dezembro e deve ser apresentada no Comissariado de Polícia Civil, a fim de ser devidamente registada”.
Criado a 22 de janeiro de 1932, o Arquivo Distrital de Viseu reúne e faculta, para estudo, documentos dos cartórios da Sé e do Cabido, de cartórios paroquiais, notariais ou judiciais, artigos de mosteiros ou congregações religiosas extintas, papéis de repartições e ainda “todos os outros documentos que, os termos da lei geral do país, devem recolher aos arquivos do Estado”. Até 1962, o Arquivo Distrital de Viseu localizou-se junto dos claustros da Sé.