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12 pessoas a morar no distrito de Viseu impedidas de entrar em estádios

Relatório de Análise da Violência Associada ao Desporto mostra um aumento do uso de pirotecnia nos recintos desportivos a nível nacional e uma diminuição de episódios ligados ao racismo e xenofobia. Época passada foi a que mais incidentes registou

Carlos Eduardo Esteves
 12 pessoas a morar no distrito de Viseu impedidas de entrar em estádios
08.01.25
Jornal do Centro
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08.01.25
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 12 pessoas a morar no distrito de Viseu impedidas de entrar em estádios

Doze pessoas que moram no distrito de Viseu ficaram impedidas de entrar em recintos desportivos entre julho de 2023 e de junho de 2024. O mais recente Relatório de Análise da Violência Associada ao Desporto (RAViD), publicado pela Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD) refere que o distrito de Viseu representa 2,5% do total nacional dos adeptos sujeitos a medidas de interdição. De acordo com os números a que o Jornal do Centro teve acesso destas 12 pessoas impedidas de entrar ou permanecer em recintos desportivos, quatro moram no concelho de Viseu, três residem em Cinfães, há duas a morar em Carregal do Sal, outras duas que vivem em Vouzela e uma a residir em Lamego. Estas 12 pessoas ficaram impedidas de entrar em recintos desportivos entre 1 de julho de 2023 a 30 de junho de 2024. Foi-lhes aplicada uma decisão com efeitos práticos. Pode acontecer que ao dia de hoje algumas destas pessoas já possam entrar em recintos desportivos porque o tempo de interdição varia consoante o ilícito.

Posse e uso de engenhos pirotécnicos aumenta, diminuíram casos de racismo e xenofobia

Numa análise aos mais recentes números, verifica-se um aumento da posse e ou uso de engenhos pirotécnicos em todo o país. Na época de 2022/2023 houve 3033 incidentes relacionados com esta tipologia, na época passada foram 5673. Mas há dados positivos neste relatório. A começar pela diminuição do número de episódios ligados ao racismo, xenofobia e intolerância. As estatísticas mostram uma diminuição: em 2022/2023  foram 181, na época passada baixou para 114. Diminuiu também o número de agressões (menos 41 em relação à época 2022/2023). Houve também uma diminuição de casos ligados a venda ilegal de bilhetes (25 em 2023/2024 e 157 em 2022/2023).

Houve, no entanto, dados que deixam ainda em alerta os promotores de espetáculos desportivos e as autoridades. Cresceu o número de invasores de área de espetáculo desportivo (168 em 2023/2024 e 140 em 2022/2023) e o arremesso de objetos (281 em 2023/2024 e 193 em 2022/2023). Também aumentou o número de casos de injúrias: 717 na época passada e 468 em 2022/2023 e de adeptos alcoolizados ou sob o efeito de drogas: 165 na época passada e 82 em 2022/2023. Contas feitas, o total de incidentes aumentou de 6099 para 8879 de 2022/2023 para 2023/2024.  

Ouvido pelo Jornal do Centro, o presidente da APCVD, Rodrigo Cavaleiro, lembra que o organismo tem conseguido melhorar a recolha de dados e que, por isso, “não é de estranhar o aumento do registo de incidentes”. “Cada vez temos uma radiografia mais completa do que se vai passando pelo país”, explica. Sobre os números, o responsável destaca “uma redução dos incidentes relacionados com agressões, violência, incitamento ao racismo, xenofobia e intolerância”. “Por outro lado, temos uma subida do número de incidentes profundamente influenciado por uma subida de utilização de artefactos pirotécnicos. Este é o ponto negativo”, começa por referir.

Pirotecnia representa perigos que são discutidos a nível europeu, refere presidente da APCVD

Rodrigo Cavaleiro indica que “há um aumento muito significativo dos registos” ligados ao uso de engenhos pirotécnicos. “A pirotecnia representa 64% do número total de incidentes registados. É muito. Há uma tendência na Europa, depois da pandemia, para o aumento do uso de pirotecnia e há uma maior facilidade de acesso e normalização do uso deste tipo de artigos”, assinala. O presidente da APCVD recorda que há malefícios associados ao uso destes engenhos. “Falamos de perigos de explosão, queimaduras graves, lesões respiratórias que podem tornar-se graves ou crónicas e até efeitos cancerígenos através da inalação de fumos tóxicos”, detalha.

Referindo que este assunto é hoje tema central nas discussões a nível europeu, Rodrigo Cavaleiro acrescenta que ninguém tem “a fórmula mágica” para resolver a questão da pirotecnia. “Há muito a fazer. Podemos melhorar. Desde logo continuar com a interdição a recintos desportivos por parte destas pessoas e dissuadir pelas punições aplicadas. Pode também ser feita a sensibilização através de campanhas que tenham testemunho de jogadores mediáticos e com capacidade de influenciar o comportamento dos mais jovens. Ainda na reunião que tivemos em dezembro no Conselho da Europa com peritos nesta área, muitos países partilharam as angústias relacionadas com este tipo de incidentes com pirotecnia e ninguém tem a chave mestra para resolver este problema”, lamenta.

O presidente da APCVD explica ao Jornal do Centro que o aumento de episódios relacionados com pirotecnia está associado “à subcultura ultra”. “O espetáculo de cor que isto proporciona gera imagens que, pela difusão nas redes sociais cria interação, mais partilhas, mais seguidores e pessoas a aderir a estes movimentos”, sublinha Rodrigo Cavaleiro. “O facto de o uso de pirotecnia estar à margem da lei, acaba por significar para alguns deles ir contra o sistema, algo que acentua a irreverência. Há quase uma competição entre grupos de diferentes países sobre quem tem melhor espetáculo de pirotecnia e continuam a ignorar que no estádio grande parte dos adeptos estão incomodados com isto e desaprovam este tipo de material”, frisa o responsável.

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