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O papel ímpar da ESEV/IPV no centro da cidade de Viseu

 O papel ímpar da ESEV/IPV no centro da cidade de Viseu
17.01.25
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 O papel ímpar da ESEV/IPV no centro da cidade de Viseu

por
Alfredo Simões

No inicio de 2023, escrevi neste jornal um artigo, “Megalomanias para 2023”, constituído por um conjunto de ideias para Viseu. Ideias não são projetos e, na sua fase inicial, podem encontrar-se a anos-luz da sua concretização ou serão mesmo irrealizáveis. Contudo, apesar desta (aparente) ausência de eficácia, dificilmente haverá bons projetos sem muitas ideias por detrás, umas aproveitáveis, outras nem tanto, umas ultrapassadas e outras ainda não exequíveis, umas fundamentadas, informadas, e outras mais ligeiras ou mais emotivas ou mesmo irracionais. Todas elas, porém, enriquecem o pensamento e a tomada de decisão. Entre essas ideias encontrava-se a sugestão de transformação do espaço urbano do Rossio e a redefinição de funções do edifício da CMV. Enfim, talvez “megalomanias” …

***

Todos possuímos informação sobre o Centro Histórico de Viseu (CHV) – o “centro da cidade de Viseu” -, seja porque o vivemos no dia-a-dia, seja porque conhecemos alguns documentos que vão sendo produzidos, seja mesmo porque os jornais reportam acontecimentos, iniciativas que ocorrem no centro da cidade. Despovoamento e degradação de algum edificado caraterizam, ainda, o CHV, apesar da recuperação e modernização das infraestruturas levadas a cabo pela CMV, bem como de alguns edifícios para habitação, comércio e serviços, apesar das capacidades de atração dos atores locais presentes (Museus, Sé, Misericórdia, agentes culturais, etc.). No entanto, parece que a vida comunitária, a vida vivida entre vizinhos, se foi desvanecendo. Isto, porém, não é exclusivo de Viseu nem impede que, na comparação com os demais centros urbanos nacionais, a nossa cidade seja das que têm melhor qualidade de vida.

Deixando de lado infraestruturas físicas e equipamentos (vocacionados para a intervenção exclusiva da CMV/SRU e, em grande medida, resolvidos, mas, naturalmente, a precisarem sempre de atenção), consideremos, apenas, um ator localizado no CHV, a ESEV – Escola Superior de Educação/Instituto Politécnico de Viseu. Falar da ESEV como “apenas(sublinho: apenas) um ator do CHV” é pouco avisado. A ESEV é, certamente, um dos principais, senão mesmo o principal agente local que pode constituir-se em parceiro privilegiado para o desenvolvimento do CHV. Pode ser o “solista” que precisará, sempre, do acompanhamento dos restantes elementos da “orquestra”, incluindo o maestro.

Não esqueçamos que a ESEV atrai até ao centro de Viseu, quase 200 professores e outros profissionais e mais de 1 500 alunos, muitos dos quais externos à Região e ao País. Além disso, a partir do CHV, participa na gestão de um orçamento global anual do IPV que ultrapassa os 40 milhões de euros a que acrescem todas as despesas que principalmente os alunos fazem no seu dia-a-dia: rendas, alimentação, fotocópias, roupa, etc. 

Como pode o CHV aproveitar melhor este potencial de recursos financeiros e de recursos humanos qualificados em diferentes áreas do saber e como pode a ESEV aumentar a sua eficácia enquanto agente de desenvolvimento do centro da cidade?

Haverá muitas possibilidades e a resposta a esta questão exigirá estudo, discussão e produção de um plano estratégico para a ação, mas registarei apenas duas possíveis iniciativas, a integrar no ‘universo ESEV/IPV’, proporcionadas pela implementação de dois equipamentos que tanto servem as funções da ESEV, como o conjunto da cidade e a comunidade do CHV, em particular.

Criação – diria antes, cocriação em parceria (incluindo CMV e ou JFV) – de um Centro Comunitário (Centro Cívico, …)/CC, um centro multifuncional de apoio à vida comunitária. Exemplos:

A) atividades de creche e formação básica (em unidades próprias ou em articulação com outras já existentes) organizadas em torno de um projeto educativo assumidamente inovador – FORMAÇÃO.

B) lugar de convívio para todos com um pequeno bar e uma pequena biblioteca, pequenas salas de reuniões, de cinema, etc. – LAZER E BEM-ESTAR.

C) serviços básicos de apoio à população, – correio, serviços de enfermagem (vacinas, controlo de peso, etc.), de voluntariado, de alimentação, etc. – AÇÃO SOCIAL.

D) criação de um espaço de trabalho, para estudantes e não só, que desejem iniciar-se numa atividade profissional criativa ou no desenvolvimento de projetos; espaço aberto à formação profissional – EMPREGO.

O funcionamento e a gestão deste Centro podem integrar o processo formativo de alunos da ESEV (e outras Escolas), incrementar a investigação mais próxima dos destinatários e tornar-se num equipamento estruturante da vida comunitária, pela diversidade dos serviços prestados – para todos! – mas também pela interligação de diferentes gerações, de públicos diversos e pela oportunidade de lançar iniciativas distintas e estabelecer múltiplas parcerias com outros atores, públicos e privados, da vida do Centro Histórico. 

Criação de um Laboratório Socio-Cultural/LSC (a designação pouco importa) que enquadre as diferentes áreas de conhecimento presentes na ESEV (ciências sociais, da educação, artes, comunicação, psicologia, história, …) com a missão de intervir na resolução de problemas do dia a dia mas também para abrir caminhos de futuro aos viseenses. Há de tratar-se de um espaço de experimentação de soluções inovadoras para os problemas sociais, um espaço aberto à criatividade dos jovens visienses no domínio das artes, um espaço que nos ajude na viagem desde o passado até ao presente da cidade e do País. A cultura, em que se incluem artes e património, poderá ser um dos eixos estruturantes deste “Laboratório” a que se junta o eixo da inovação social.

A existência destas duas unidades no “universo ESEV/IPV” vai robustecer o cluster local constituído por agentes com atividades geradoras de movimentos de frequentadores e de visitantes motivados pelo valor do património e das suas iniciativas: MNGrão Vasco, Sé, Misericórdia, VNBM-Arte Contemporânea, Conservatório, Teatro Viriato, Cineclube, Carmo 81 … Este reforço do “cluster CHV” significará, com o apoio de politicas ajustadas, mais iniciativas geradas no centro da cidade, melhor aproveitamento dos equipamentos existentes (incluindo o ‘’Mercado 2 de maio”), maior apelo à fixação de residentes, retoma e diversificação das atividades comerciais. É preciso, porém, que os agentes locais assumam o espaço não apenas como uma morada mas sim como um pequeno território urbano com uma função e um valor próprios. E a sua valorização deve ser uma preocupação conjunta e contínua e, por isso, devem promover a realização de um “plano de ação do CHV” dirigido à valorização das funções do local e que dê dimensão ao impacto da intervenção de cada um. Isto é trabalho para agentes públicos e privados, da cultura, da economia ou da ação social.

Campus Universitário do Adro da Sé

A principal dificuldade da ESEV para promover uma intervenção neste contexto será a impossibilidade de alargamento e adaptação das atuais instalações recuperadas para acolher a formação de jovens professores, 300 alunos à época e que hoje multiplicam por 5! O espaço atual tornou-se um obstáculo ao crescimento da Escola e isso pode constituir uma barreira à modernização do centro da cidade. 

A limitação do crescimento da ESEV no CHV representará um obstáculo ao próprio aproveitamento dos recursos do CHV, ficando a cidade com menos ganhos de eficiência, tal como pode acontecer com a não modernização/refuncionalização do Rossio. Ao longo do tempo, lenta e silenciosamente, podem tornar-se em travões ao desenvolvimento harmonioso da cidade. Ao contrário, a reorganização física e ou funcional destes dois espaços urbanos contínuos pode evidenciar um dinamismo da cidade que acompanha as dinâmicas atuais das atividades económicas e do emprego.

Para tal, o crescimento da ESEV precisa de prever o alargamento de instalações, saltando muros, e indo ocupar (neste caso, a palavra significa ‘valorizar’) outros edifícios sem sair do CHV. No fundo, trata-se de estabelecer um campus universitário multipolar integrado no CHV – o Campus Universitário do Adro da Sé. Para o efeito, valerá a pena que as autoridades, e nesse aspeto parece que a intervenção do governo é imprescindível, disponham de instalações e criem condições para a sua adaptação no sentido de criarem no Centro Histórico uma infraestrutura dispersa e simultaneamente organizada em função de objetivos diversos, contribuintes para o mesmo desígnio de valorização da população residente, do património, das funções do CHV e do ensino superior da cidade. 

Que instalações poderão ser essas para albergar o CC e o LSC aos quais se devem acrescentar residências universitárias (como a que foi recentemente anunciada pela CMV), igualmente dispersas, pelo CHV? Palacetes com fraca utilização ou mesmo nula e outros edifícios degradados com alguma dimensão ainda os encontramos no Centro Histórico à espera de reganharem utilidade e valorizarem a cidade de Viseu.

Por outro lado, é importante que sejam definidas e postas em marcha políticas públicas que sirvam esta missão ao serviço da cidade de Viseu. Citemos algumas: habitação, ordenamento do território, incluindo o ordenamento comercial, património, cultura e artes ou a relação urbana com os territórios rurais envolventes, todas elas enquadradas por políticas para as transições energética e digital.

Precisamos de olhar o desenvolvimento do CHV com um verdadeiro espírito de missão e construirmos as parcerias necessárias para atingirmos os objetivos que poderemos alcançar com esta missão focada no coração da cidade de Viseu. Desta forma, a ESEV/IPV tornar-se-á um parceiro privilegiado da CMV e demais interlocutores para qualquer estratégia de promoção do Centro Histórico. Uma situação em que a cidade de Viseu será a grande vencedora.

 O papel ímpar da ESEV/IPV no centro da cidade de Viseu

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