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“A profissão de treinador sempre foi de risco. Ultimamente tem-se abusado mais um pouco”

Nasceu em Penedono há 39 anos e vive hoje na Arábia Saudita um novo momento marcante de uma ainda jovem carreira de treinador de futebol. Está prestes a confirmar a segunda subida consecutiva no futebol saudita, por clubes diferentes. Fabiano Flora assume paixão pelo Académico de Viseu e vontade de orientar os viseenses um dia. Até lá, resta continuar a trabalhar até porque, lembra, um treinador tem sempre as malas feitas

Carlos Eduardo Esteves
 “A profissão de treinador sempre foi de risco. Ultimamente tem-se abusado mais um pouco”
01.02.25
Jornal do Centro
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 “A profissão de treinador sempre foi de risco. Ultimamente tem-se abusado mais um pouco”
01.02.25
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 “A profissão de treinador sempre foi de risco. Ultimamente tem-se abusado mais um pouco”

O Fabiano é jovem, tem 39 anos, a carreira é, por isso, também jovem, mas já atravessou vários países. Em contexto de formação ou seniores já treinou em Itália, Inglaterra, Portugal, França, Mianmar, Timor, Madagáscar, Letónia e, desde 2022/2023, Arábia Saudita. Países diferentes, que aprendizagens esta carreira lhe tem trazido profissionalmente e pessoalmente?
É sempre uma aventura correr os quatro cantos do mundo. Retiramos sempre aprendizagens e aspetos positivos para a nossa carreira de treinadores e também como pessoas. Em cada lugar, em cada país que passei, há uma cultura diferente. E isso obriga-nos sempre a crescer e a estar mais preparados para o inesperado.

E a ser resilientes… A palavra agora está na moda…
Faz parte do mercado. Nós, os treinadores jovens, ainda não podemos escolher o projeto que queremos. É seguir o caminho e irmos melhorando, independentemente do país, do clube ou da divisão. Agora é na Arábia. No futuro, logo se vê.

Lidou já com diversos contextos, costumes, tradições. Em qual país se sentiu mais em casa?
Gostei de Madagáscar. Sinto um carinho especial pelas pessoas e pela cultura e gostava de lá voltar. Não é todos os dias que temos hipótese de treinar uma seleção que joga uma qualificação para um Mundial. Foi uma experiência espetacular, fantástica. Sobretudo senti o que é a ligação de um povo à seleção nacional. É único e nem todos têm oportunidade de viver.

Quando chegou a Arábia de Saudita, que futebol encontrou?
Já cá estou há três anos. Os primeiros passos não foram fáceis. Ainda não era o futebol que se vê na atualidade. Não havia o Cristiano nem a visibilidade que há hoje, mas já se percebia que começava a dar passos para o futebol que existe hoje em dia. Eles estão a progredir constantemente e a fazer um investimento muito grande. Acredito que nos próximos dez anos ainda possam evoluir mais. O Mundial em 2034 será aqui e isso dará mais visibilidade ao país.

Futebolisticamente falando, há hoje ainda um grande desnível entre a Arábia Saudita e a Europa?
Sim, há. A primeira liga saudita é aceitável, tem boas equipas, bons treinadores e jogadores de muita qualidade. Agora a questão essencial é a organização das equipas e implementar a cultura futebolística, sobretudo nos escalões jovens. É um problema de base que está a tentar ser colmatado com a contratação de treinadores estrangeiros para trabalhar na formação. Acredito que, em 10 anos, o futebol sénior vá melhorar ainda mais.

 “A profissão de treinador sempre foi de risco. Ultimamente tem-se abusado mais um pouco”
Fabiano Flora treinador do Al Diriyah


O que é que o atraiu mais na ida para a Arábia Saudita?
A nível financeiro é muito vantajoso. Ninguém nos paga o que ganhamos aqui. É incomparável. E depois com a vinda do Ronaldo, tudo mudou. Toda a gente quer vir para a Arábia e o mediatismo é maior. Há cada vez mais futebolistas de renome que vêm para a Arábia Saudita, para a primeira e segunda ligas.

Viveu um choque cultural?
Ao início sim. É uma cultura totalmente diferente, mas depois adaptamo-nos muito facilmente. O importante é trabalhar e seguir o nosso caminho. Há que respeitar a reza, as tradições, a alimentação. É tudo uma questão cultural a que nos temos de adaptar. Somos nós que temos de nos adaptar e não o contrário.

Preparou-se para o que ia encontrar ou foi chegar e ver?
Já sabia aquilo que ia encontrar. Tinha a ideia. E depois foi chegar, ver e adaptar-me. Sobretudo fazer o meu trabalho, com o máximo profissionalismo possível.

E a família ficou preocupada?
Nem por isso. Até porque são já 14 anos fora de casa. É uma questão normal. Agora é sempre difícil deixar a família e os filhos quando são pequenos. É a vida e a profissão que escolhemos. Faz parte. Os meus filhos estão em Viseu e as saudades matam-se através das redes sociais. Infelizmente este campeonato não tem muitas paragens, mas quando para, procuro ir a casa.

E sente-se mesmo Portugal de forma diferente quando se está longe?
Sim. É sempre o nosso país, o nosso cantinho, onde temos família e amigos. Damos mais valor quando estamos fora. Isso é verdade. Costumo dizer que somos profissionais do mundo. Esta é a nossa profissão e temos de estar cientes de que hoje podemos estar aqui, amanhã em Portugal, depois noutro lado qualquer. É a escolha que fazemos.

Na época passada, 2023-2024, conseguiu levar o Al-Kholood à primeira divisão saudita com 18 vitórias, oito empate e oito derrotas. Este trajeto e este clube vão ficar-lhe na memória…
Sim, até porque fizemos história num clube modesto. Nós não começámos a época. Quando cheguei, o clube tinha apenas um ponto com quatro jogos feitos. Estivemos cerca de quatro meses sem perder, numa liga competitiva. E subir este clube a uma primeira divisão é absolutamente inacreditável. Depois tive a oportunidade de ficar. O contrato estava em cima da mesa, mas o clube vivia uma grande instabilidade económica. E entendi ouvir outras propostas e surgiu o Al- Diriyah, onde estou este ano.

O Al-Diriyah está na Terceira Divisão. A aposta é subir?
É. Temos de subir. Há uma pressão enorme porque é o clube do Rei. Há um investimento brutal. Vai ser construído um estádio que será palco do mundial de 2034. Sinto-me honrado por ter sido o treinador escolhido para treinar esta equipa e vou tentar levar o clube ao sucesso. Falta um mês e meio para terminar o campeonato. Em 21 jogos, ganhámos 18. Estamos no caminho certo. Faltam nove jogos para o fim e acredito que, com mais quatro ou cinco vitórias, consigamos a subida de divisão. Este é um campeonato com estádios sem condições, com viagens constantes e com uma grande quantidade de jogos num curto espaço de tempo. O que nos obriga a estar em alerta no nosso percurso.

No Al-Diriyah conta com Paulo Cadete, treinador-adjunto, que passou pelo Académico de Viseu e Tondela. A dupla Fabiano-Paulo tem dado frutos…
O Paulo já me acompanha desde que vim para a Arábia Saudita. É o terceiro projeto em que estamos juntos. Já nos conhecemos bem e tem sido o meu braço direito. Temos feito juntos este percurso e ele ajuda-me no que é preciso. É sempre bom termos pessoas de confiança junto de nós.

Hoje o Fabiano treina, mas já jogou. Alinhou no Penedono, fez parte dos juniores do Académico de Viseu e esteve um ano no Lusitano. Jogava a lateral direito. Que características tinha enquanto atleta?
Sobretudo fui resiliente, até porque para jogar a lateral é preciso pulmão para subir e descer o campo. O Académico nessa altura tinha uma super equipa de sub19. Estava em Viseu a estudar e estive dois anos no Académico. Segui para o Lusitano, mas como entrei para a universidade em Vila Real, tudo se complicou. Fiz um ano e acabei por deixar a carreira de jogador e seguir o trajeto como treinador.

O que é que considera ser fundamental para alguém liderar uma equipa de futebol?
Liderança e o conhecimento. Não se consegue ter um grupo de trabalho na mão sem ter conhecimento. Os jogadores percebem quando não tens conhecimento e mensagem tática para passar e não acreditam em ti.

Tem algum treinador referência?
Gosto muito do Sérgio Conceição, do Gasperini e do Simeone. Gosto da forma como constroem as equipas e da mensagem que passam aos jogadores. Uma mensagem forte de que o grupo tem de trabalhar para, juntos, alcançarem o objetivo e o sucesso.

Tem tempo para seguir o futebol distrital ou sobra pouco tempo?
O distrital nem por isso, mas sigo o Académico de Viseu.

Como é que tem visto o comportamento das equipas do distrito na Segunda Liga?
O Tondela está a fazer um grande campeonato. Esperemos que continue, até porque a reta final é difícil.

Aposta nalguma delas para subir de divisão?
O Académico vai ser difícil. O Tondela poderá, mas na reta final é preciso aguentar a pressão. Se continuar ali nos três, quatro primeiros lugares, pode chegar ao fim com a mentalidade de subida.

Na Segunda Liga houve muitos despedimentos de treinadores. Visto de fora isto significa o quê?
Hoje em dia não há projetos. Ou se ganha, ou se está fora. Nós, treinadores, temos completa noção de que temos de ganhar. Se perdes dois ou três jogos, já está outro para o teu lugar. Neste momento há poucos projetos a longo termo. E depois as pessoas acabam por pensar que têm uma equipa maior do que aquilo que têm. E tomam decisões inesperadas.

Então a carreira de treinador é cada vez mais uma profissão de risco…
Sempre foi. Ultimamente tem-se abusado mais um pouco. Nós temos essa noção: estamos aqui para ganhar e se não ganhamos temos de ir embora. É sempre um risco e temos sempre a mala feita. Temos de fazer o nosso máximo, mas nem sempre tudo corre como queremos.

 “A profissão de treinador sempre foi de risco. Ultimamente tem-se abusado mais um pouco”

O que é que o faria vir para Portugal?
Tenho ideia de regressar, seja na Primeira, seja na Segunda Liga. Depende do clube. Gostava de treinar o clube da minha terra, o Académico de Viseu. Tenho um carinho especial pelo Académico. Mas não penso muito nisso. Hoje estou aqui, é fazer o meu melhor, amanhã logo se vê. Tenho sempre cumprido com os objetivos a que me proponho. O futuro a Deus pertence.

Sobre o Académico de Viseu, o que o apaixona mais? O nome ou o projeto?
Gosto do Académico de Viseu, sou do Académico e sigo a equipa. Conheço perfeitamente as pessoas que estão dentro do clube e é o meu clube. E depois claramente sei que tem um projeto muito interessante para o futuro. Sigo as notícias que vão surgindo sobre as remodelações do Fontelo e o investimento que está a ser feito com cabeça. Acredito que nos próximos anos terão um projeto mais sério e que consigam subir à Primeira Liga. Não tenho dúvidas nenhumas.

E se não chegar essa proposta, está tudo bem?
Sim, irei ter outras, certamente.

Quem é o Fabiano Flora? O que defende para o jogo e como gosta de ver as equipas jogar?
Não há jogadores modelos para mim. Defendo um conjunto de ideias, princípios e de homens que lutem para atingir um objetivo. Basicamente é isto. O Fabiano é uma pessoa simples, humilde, trabalhadora, que chegou aqui sozinho, sem agentes. Tudo o que tenho feito, tem sido com as minhas próprias mãos. Sinto-me honrado por isso. E quero chegar à Liga dos Campeões. E vou lá chegar. Mais tarde ou mais cedo. Nós nunca sabemos qual é o próximo passo. O importante é estarmos com a consciência tranquila de que estamos preparados para aquilo que aparecer, para enfrentarmos o inesperado.

 “A profissão de treinador sempre foi de risco. Ultimamente tem-se abusado mais um pouco”

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