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Mosteiros e conventos de Viseu: um já foi capoeira e outro uma “hospedaria”

Estes espaços, alguns em ruínas e outros adaptados a novos usos, continuam a testemunhar séculos de história

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 Mosteiros e conventos de Viseu: um já foi capoeira e outro uma “hospedaria”
02.02.25
fotografia: Jornal do Centro
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 Mosteiros e conventos de Viseu: um já foi capoeira e outro uma “hospedaria”
02.02.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 Mosteiros e conventos de Viseu: um já foi capoeira e outro uma “hospedaria”

O distrito de Viseu, no coração de Portugal, destaca-se pela sua rica história e património religioso, marcado por mosteiros e conventos que desempenharam papéis centrais na arquitetura, cultura e vida espiritual da região. Estes espaços, alguns em ruínas e outros adaptados a novos usos, continuam a testemunhar séculos de história

Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão (Mangualde)
Fundado no século XII, este mosteiro cisterciense combina arquitetura gótica e românica, refletindo o apogeu das ordens religiosas medievais.

O Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão foi, outrora, um mosteiro masculino mandado erigir por Dom Soeiro Teodoniz, em 1173, num dos casais de Fagilde que lhe fora doado por Dom Afonso Henriques, em agradecimento pela cura de um familiar e que pertenceu inicialmente à Ordem Beneditina.

A sua localização, meticulosamente escolhida, em planície fértil e junto a um rio, permitia o sustento dos monges, a meditação e o culto numa paz edilicamente bucólica.
A construção e os benefícios régios concedidos inserem-se nas políticas facilitadoras de fixação das populações em período da Reconquista Cristã, iniciadas pelos Condes Portucalenses e reforçadas por Dom Afonso Henriques.
O conjunto arquitetónico é constituído por uma igreja e sacristia, sala do capítulo, claustros, cozinha, refeitório, celas, biblioteca, enfermaria e anexos agrícolas. São visíveis as várias fases de construção do imóvel, desde o século XII até à extinção das ordens monásticas, em 1834. Do século XII é a torre, do século XVII o edifício e os claustros e do século seguinte é a igreja elíptica.

No interior, subsistem dois túmulos de anteriores abades da casa, um deles com pedra de armas e inscrição. No perímetro da quinta, permanecem vários vestígios de anexos agrícolas e de uma fonte, todos muito degradados, um deles designado como “Cadeia” pela população local, devido a ostentar grades num dos vãos, que estaria, hipoteticamente, ligado à jurisdição do couto. Não existe documentação sobre os produtos produzidos no antigo mosteiro, mas é possível que a vinha já assumisse um papel preponderante no local, considerando a actividade vitivinícola da Ordem cisterciense. 

Em 1834, o convento foi extinto e um viseense adquiriu o conjunto do mosteiro, acabando por, nas décadas seguintes, passar por várias mãos. A degradação foi tal, que aquele espaço chegou a receber galinhas.

As obras de reabilitação e estabilização, promovidas pela Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC), evitaram a continuação da degradação em que se encontrava e suster a ruína. As obras centraram-se na igreja, alvo de uma intervenção na estrutura, com substituição do revestimento em telha, e respetiva estrutura de suporte. Foram ainda feitas ações de conservação e restauro de elementos pétreos, recuperação e consolidação de alvenarias e abóbadas e instalação de caixilharias.

As obras realizadas no Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão garantem, agora, que a igreja possa ser visitada em segurança.

 Mosteiros e conventos de Viseu: um já foi capoeira e outro uma “hospedaria”

 Convento de São Francisco do Monte (Viseu)

A Igreja de São Francisco do Monte, também conhecida como Convento de São Francisco do Monte ou Igreja Paroquial de Orgens, localiza-se na freguesia de Orgens, em Viseu. Este monumento, com origens no século XV, foi classificado como Monumento de Interesse Público em 2013, refletindo a sua importância histórica, artística e cultural.

Fundado em 1410 por Frei Pedro de Alemanços, natural da Galiza, este convento franciscano teve a sua origem numa pequena ermida dedicada a São Domingos. Embora Alexandre Alves, nas suas “Memórias do extinto Mosteiro de S. Francisco do Monte de Orgens”, tenha designado o edifício como mosteiro, a terminologia correta é “convento”, pois pertence à ordem mendicante dos franciscanos.

Com o apoio de doações da nobreza viseense e de D. Afonso V, que contribuiu generosamente com esmolas e materiais de construção, o convento foi-se desenvolvendo ao longo dos séculos. A igreja tornou-se um local de eleição para os enterramentos de várias famílias nobres da região.

Transformações e Decadência

Na primeira metade do século XVII, devido à humidade e ao relativo afastamento de Viseu, a comunidade religiosa solicitou a transferência para a cidade, o que só se concretizou em 1635, com a construção de um novo convento na Quinta de Mançorim. A partir daí, o antigo convento de Orgens foi progressivamente abandonado, mantendo-se apenas oito religiosos e funcionando como oratório.

No entanto, uma campanha de requalificação revitalizou o local na década de 1740, graças à generosidade do reverendo Manuel Ferreira, abade de Povolide. Entre 1741 e 1749, foram construídos novos dormitórios, uma hospedaria, uma livraria e um claustro, sob a direção do arquiteto frei Francisco de Jesus Maria.

Arquitetura e Decoração

A fachada da igreja segue o modelo típico das igrejas franciscanas, com pilastras rusticadas nos cunhais, um arco abatido na galilé e um janelão central, enquadrado por nichos com imagens de São Francisco e São Domingos. O frontão contracurvado é coroado por uma cruz, conferindo equilíbrio e harmonia à composição.

No interior, a nave única e a capela-mor, separadas por um arco triunfal, destacam-se pelo lambril de azulejos de figura avulsa, datado de 1745, produzido nas oficinas de Coimbra. O retábulo-mor, de talha dourada maneirista, é atribuído ao entalhador local Francisco Lopes de Matos. Também merecem destaque os retábulos colaterais, as capelas laterais com arcos em pedra, e o coro alto, adornado com balaústres e uma imagem central de São Francisco.

Património Atual e Classificação

Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o edifício conventual foi vendido e quase totalmente demolido, restando apenas a igreja, que foi integrada na paróquia local e ainda hoje é usada como espaço de culto. Um inventário detalhado realizado na altura da extinção documenta o rico património que o convento possuía.

No terreiro que antecede a igreja, subsistem dois elementos notáveis: um cruzeiro datado de 1711, com uma imagem de São Francisco, e a “Fonte de Ouro”, construída num arcossólio quinhentista que, provavelmente, fazia parte da antiga igreja.

Também a visitar numa próxima viagem: 

Mosteiro de São Cristóvão de Lafões (São Pedro do Sul)
Situado numa paisagem rural próxima de São Pedro do Sul, este mosteiro beneditino, também fundado no século XII, é um exemplo notável da arquitetura medieval da região. A igreja do mosteiro conserva traços românicos e góticos, atraindo visitantes interessados na história e na beleza do local.

Convento de Santa Eufémia (Tabosa do Carregal, Sátão)
Embora menos conhecido, este pequeno convento foi um espaço de devoção e refúgio religioso. Representa o património mais discreto, mas igualmente importante, da região de Viseu. Situado na Ermida de Santa Eufémia, junto à capela sob sua invocação, na freguesia de Ferreira de Aves, concelho do Sátão, foi até 1136, uma comunidade de eremitas.

 Mosteiros e conventos de Viseu: um já foi capoeira e outro uma “hospedaria”

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