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“Contos Biliares”, a nova obra de David Teixeira que cruza o paranormal, o cérebro e o surrealismo

Ao Jornal do Centro, o médico psiquiatra e escritor explicou as suas influências para esta obra

Diogo Paredes
 “Contos Biliares”, a nova obra de David Teixeira que cruza o paranormal, o cérebro e o surrealismo
15.02.25
fotografia: Dany Ferreira
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 “Contos Biliares”, a nova obra de David Teixeira que cruza o paranormal, o cérebro e o surrealismo
19.02.25
Fotografia: Dany Ferreira
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 “Contos Biliares”, a nova obra de David Teixeira que cruza o paranormal, o cérebro e o surrealismo

Um médico e escritor de São Pedro do Sul escreveu 13 “Contos Biliares”, com uma pitada de acidez onde o paranormal e o absurdo surpreendem a mente e o imaginário dos leitores. A maioria dos contos presentes no livro foi escrito no ano passado por David Teixeira, que atualmente é médico psiquiatra no hospital da Covilhã.

As ilustrações dos contos ficaram a cargo de Dany Ferreira, ilustrador que venceu em 2022 a categoria de Arte Digital na Mostra Nacional de Jovens Criadores. Em relação ao conteúdo das histórias, que se aproxima do paranormal em muitos casos, David Teixeira explicou ao Jornal do Centro que tentou “exagerar certas características do real para criar e dissecar algumas noções de irreal, de forma a melhorar as críticas” que o autor quis tecer ao longo da obra. “Há coisas [nos contos] que de facto já ultrapassam a realidade, mas o objetivo é sempre o de dissecar ainda mais essa mesma realidade”, esclareceu.

O gosto de David Teixeira pelo paranormal é algo que já vem desde criança, assim como o gosto “por tudo aquilo que seja divergente ou estranho”. Psiquiatra de profissão, o autor esclareceu que o traço em comum entre a sua área de trabalho e o género da sua escrita passa pela “busca pelo divergente e por aquilo que não é aparente ao olhar e que é preciso quase intuir”.

De um cérebro reptiliano a um coração de vidro, passando pelo Tinder e pelo budismo

Um dos contos retrata um rapaz que está a tirar um curso na faculdade e que é bom aluno, mas que um dia acorda com parte do cérebro desligado. “O nosso cérebro está dividido em três partes e ele fica só com a parte do cérebro reptiliano ligado”, explicou o psiquiatra. Esta é a parte que permite a um ser humano comer, respirar, urinar e defecar, mas “nada mais”. “O conto na verdade é sobre os pais e tem que ver com o modo com os pais lidam com as expectativas em relação ao filho agora que ele é um reptil”, assumiu David Teixeira. “O conto no fundo é uma crítica muito grande à sociedade de hoje em dia, ao narcisismo paterno e materno, ao excesso de redes sociais e aquilo que faz ao cérebro dos nossos jovens”, contou ainda.

Outro dos contos, “O Abutre”, fala de dois cunhados que se reencontram ao fim de 30 anos, uma vez que um deles volta a casa para o funeral do próprio pai e encontra a cunhada que também não via há 30 anos – esta casada com o irmão gémeo do protagonista. O grupo janta na cozinha pela primeira vez em três décadas, com o cadáver do pai ainda na sala. Este conto, de acordo com o autor, teve influência do contexto onde este cresceu – David Teixeira viveu durante vários anos numa casa com uma agência funerária.

“Tenho um conto sobre um casal de cinquenta e poucos anos, sem filhos, que um dia se divorcia porque o marido muda completamente de comportamento”. Apenas no final do conto, segundo o escritor, é que se percebe que o marido sofre de uma demência fronto-temporal – o mesmo tipo de problema que afetou recentemente o ator Bruce Willis.

No capítulo intitulado “Heart of Glass”, é retratada a história de um jovem adulto que acorda a meio da noite e percebe que o seu coração foi literalmente substituído por um coração de vidro. A narrativa acompanha a sua jornada na tentativa de se vingar de quem lhe trocou o coração. Já a história “Amor em tempos de Tinder” segue um ginecologista que “faz match com uma mulher que depois lhe aparece no consultório”, disse David Teixeira.

“Samsara”, um termo do budismo ligado à reencarnação”, é o nome dado ao conto que descreve uma gata preta capada que no fundo é uma mulher que reencarnou nessa mesma gata. Ao longo do conto são apresentados os pensamentos dessa gata preta, assim como a sua nova vida de quatro patas.

Embora David Teixeira não tenha um conto favorito de entre os 13 selecionados, o médico e escritor assume que “há um conto que está bem conseguido na medida em que é curto, apenas com quatro ou cinco páginas, mas que tem nessas páginas apenas o que importa”. O conto em questão retrata um idoso que está num lar, sem família, e que um dia descobre num computador, durante as aulas de informática para idosos, uma fotografia sua do tempo da guerra colonial. Esta descoberta acaba por se tornar na obsessão do idoso.

Um psiquiatra, um poeta e um contista entram num bar

A paixão de David Teixeira pelos livros, segundo o próprio, “já vem muito de trás”. O seu primeiro livro de poesia, “Livro Zero”, foi editado quando o médico tinha 26 anos. Já “A Fera”, também uma obra lírica, foi editada em 2021. Além disso, David Teixeira foi coordenador do livro científico “Ornitorrincos Psiquiátricos”, que aborda vários temas relacionados com a psiquiatria. “Contos Biliares” é o primeiro livro de contos do médico, que se encontra já a escrever a sua segunda obra de histórias curtas assim como um novo livro de poesia.

“A poesia é uma coisa que me sai mais naturalmente”, assumiu David Teixeira. “Às vezes quando ando com menos tempo e me sinto mais criativo a poesia é uma coisa que me sai mais intuitivamente, embora tenha de escrever sempre à mão. A prosa é uma coisa que já me obriga a uma luta diferente, que já me obriga a revisões, a pensar, a rasurar mais, a reler. Já é uma luta comigo mesmo”, contou.

O poeta e escritor apresentou “Contos Biliares” esta sexta-feira, 14 de fevereiro, no auditório do hospital de Viseu – a estreia estava marcada para as 11h30. Além disso, o livro é apresentado no dia 22 de fevereiro no Carmo’81, às 21h30.

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