Esta sexta-feira, a Diocese de Viseu lembra os cinco anos desde a…
No coração de Jueus, em Tondela, a Dona Maria leva-nos numa viagem…
O namoro começou às escondidas, junto à fonte, já que os pais…
por
Raquel Lopes, diretora processual ERA Viseu Viriato
por
Mariana Abrantes
por
José Carreira
Nesta edição vamos P’ia Fora com o músico Gonçalo Alegre, que nasceu em Mangualde a 12 de julho de 1988. Uma data importante que falaremos mais à frente. Para já, as memórias deste músico que dá nome a projetos como Galo Cant’Às Duas, Burning Casablanca’z ou Gongori que começam no Complexo Paroquial de Mangualde, entre pianos e os pastéis do Patronato.
A mãe e a tia do Gonçalo trabalharam durante anos no complexo paroquial e isso “obrigou” a que fosse impossível não passar aqui grande parte da sua infância e adolescência.
O auditório foi palco do músico. “Fiz o infantário e a creche aqui, as festas de final do ano e todas as festinhas maiores para a família, Como quase todos os jovens da minha idade, fazia parte de vários grupos aqui da paróquia. Organizávamos imensas coisas. Tínhamos concertos, saraus e, normalmente, a celebração do nosso aniversário”, recorda Gonçalo Alegre.
Este espaço é também feito de pessoas e da partilha de memórias e de momentos marcantes. David acompanha esta conversa. “Eu sou técnico de som aqui do auditório, também sou pasteleiro e organista da igreja”, começa por contar. Não se recorda bem das datas de inauguração do Complexo, mas Gonçalo não se esquece. Foi precisamente um ano antes de nascer, a 12 de julho de 1987.
O Complexo tem várias valências, mas há uma que adoça qualquer pessoa. Falamos do Patronato. Entre entradas e saídas da espaço onde a pastelaria era confeccionada, havia sempre um bolito ou outro que desaparecia. O preferido do músico é uma torta simples e consumida de preferência dois dias depois de confecionada. “Não encontro uma explicação, mas alguma coisa acontecia ali naquele processo todo de fermentação”, graceja.
Regressamos à música. “Há uma série de coisas que me foram passando e que me foram marcando e que hoje fazem parte daquilo que eu faço. Este Complexo e tudo o que aqui passei está no ADN. Muitas histórias que saíram daqui e que agora também começo a transportá-las para as canções que ando a fazer”, confessa.
Gonçalo Alegre, além de também cantar, toca e gosta de vários instrumentos. Ele é a guitarra, a bateria, o piano… e, depois, apareceu o contrabaixo. “Tropecei nele e aos 18 anos quis aprender. Comecei do zero”. As suas influências musicais chegavam da música rock e da música pop, além de várias correntes do punk, do metal. “Mas tive também, durante a infância, sempre contato com a música erudita”, sublinha.
O passeio pelas memórias de Mangualde – o músico mora atualmente em Viseu – chega à escola Secundária Felismina Alcântara. Olha para o portão e com um sorriso lembra os dias em que a entrada era fechada a cadeado e a sua presença sempre com a guitarra às costas. “Os estudantes daqui eram revolucionários”, ri-se. E foi aqui que surgiram as primeiras bandas onde Gonçalo Alegre tocou. “Por exemplo, Crying Machine foi a primeira banda assim do liceu e que depois levou para outros voos. Da malta que ainda hoje está a tocar, o Francisco Sales, por exemplo, tem uma carreira pela frente e um percurso enorme”. A seguir veio o rock progressivo com Sense e até já havia fãs. “Havia malta que andava atrás de nós e era muita gente, não eram dois ou três gatos pingados. Na realidade aquilo só não avançou porque não havia esta noção que agora existe de editar discos e fazer as coisas avançarem”.
A “visita” a Mangualde tem muitos pontos de paragem, mas esses ficam para descobrir no podcast “P’ia Fora” que pode ouvir nas plataformas do Jornal do Centro. Muitas histórias que acompanharam Gonçalo Alegre até Viseu e ao que hoje o artista cria. Não está longe do seu “ninho”, até porque são apenas 15 minutos de distância, mas a vida, agora, obriga-o a estar mais por Viseu. “Não é porque Mangualde tem mais ou menos para oferecer, é porque, de facto, a minha comunidade de repente ficou mais ativa em Viseu e porque houve um certo desmembramento ao longo do tempo. Muitos dos meus amigos daqui quase todos foram para outras cidades ou países. Não sei se foi a cidade que não conseguiu acompanhar esta malta e dar oportunidades, por exemplo, no mundo artístico, ou se é a vida a acontecer…”, desabafa pensativo enquanto olha Mangualde do alto da Nossa Senhora do Castelo.
Ao terceiro episódio do podcast da autoria de André Albuquerque, damos a conhecer Mangualde e um dos seus protagonistas.
O programa, com música original de Máximo e design artístico de Marta Azevedo, pode ser ouvido em 98,9 FM e nas plataformas digitais.