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Reconheço o mérito do trabalho da equipa de Paulo Macedo que, ao chegar à liderança do banco estatal, em 2017, encontrou prejuízos avultados e conseguiu, através da recapitalização e reestruturação, inverter a tendência e atingir lucros e dividendos consideráveis. O banco público, nos primeiros nove meses do ano, obteve lucros de 1369 milhões de euros, valor que representa um crescimento de quase 40% face a igual período do ano passado.
Um ângulo que merecerá atenção é a utilização dos meios para atingir os fins. Lembro-me de, em tempo idos, depois de ter sobrevoado o Sul de Oregon, Estado que enfrentava o maior incêndio florestal da sua história, que consumiu mais de 180 mil hectares de floresta, o presidente americano, George W. Bush, propor que se cortassem árvores para evitar incêndios… Temos assistido ao encerramento de várias agências da CGD de Norte a Sul do país e à extinção de alguns recursos, como a caderneta. É certo que não podemos cristalizar e a banca tem que evoluir, seguindo as tendências globais da transição digital e inteligência artificial. Impõe-se a medição do impacto das medidas, tendo em linha de conta outras variáveis, além da financeira. Vamos limitar-nos a assistir ao exacerbar da desumanização dos serviços que não respondem às necessidades de uma parcela significativa da população?
Faço eco das afirmações do Presidente da Câmara Municipal de Aguiar da Beira, Virgílio Cunha: “O fecho de serviços da CGD discrimina e prejudica as populações deste território. Sendo um banco público que na sua carta de missão tem como objetivo prestar um serviço de proximidade, deixa de o prestar às pessoas que mais precisam dele.” A população mais idosa, sobretudo no interior do país, com mais dificuldades em utilizar os meios automáticos, é obrigada a percorrer vários quilómetros para chegar a uma agência com tesouraria onde possa movimentar o seu dinheiro. Há quem tenha que se deslocar 20 ou 30 quilómetros para falar com o seu gestor de conta. A impossibilidade de realizar alguns procedimentos ao balcão faz com que muitas pessoas, sobretudo as mais idosas, fiquem limitadas na realização de determinados serviços financeiros. A subtração, ininterrupta, de serviços – CTT, Centros de Saúde, Escolas, Bancos… – precipita e agudiza o despovoamento dos territórios do interior, tornando-os hostis aos mais velhos e desinteressantes para os mais jovens.
Para exigir inclusão financeira, Carlos San Juan, médico aposentado, promoveu, em Espanha, a campanha “Sou velho, não sou idiota”, com o objetivo de ser disponibilizado “um tratamento mais humano nas agências bancárias”. Depois de recolher mais de 640 mil assinaturas, na plataforma change.org, obteve o apoio do Governo para implementar um novo protocolo bancário e assim garantir a inclusão financeira. Foi atualizado o “Protocolo Estratégico para Fortalecer o Compromisso Social e Sustentável da Banca”, para agregar medidas renovadas e poder oferecer um atendimento personalizado nas entidades bancárias a todos os cidadãos, mas especialmente às pessoas idosas, para que possam aceder aos serviços bancários adaptados às suas necessidades. Estas adaptações concorrem para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 4 da Agenda 2030 das Nações Unidas: Educação de Qualidade: “garantir uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.
Não basta criar agências Smart, é fundamental garantir a inclusão financeira, reduzir a brecha digital e promover a igualdade de oportunidades de âmbito digital, para que todas as pessoas, independentemente da sua situação económica ou social, possam fazer parte da sociedade digital. Quando falamos de direitos digitais, não devemos referir-nos, apenas, ao saber utilizar a tecnologia, mas de ter o direito de a usar em condições de justiça e respeito, com responsabilidade e de maneira proatividade. Se queremos falar de uma sociedade digital mais inclusiva, temos que garantir, a todas as pessoas, o acesso à conectividade e aos dispositivos tecnológicos; independentemente da sua situação económica ou geográfica; proporcionar a aquisição de competências digitais (adaptada a realidade de cada grupo, com acompanhamento constante) e potenciar a alfabetização digital crítica, ou seja que as pessoas não se fiquem pela capacidade de mexer nas ferramentas e que sejam capazes de atuar, consciente e eticamente, no mundo digital.
Os lucros dos cinco maiores bancos subiram aos €3,9 mil milhões: cresceram 19% num ano, mais de 100% em dois. Estas entidades devem contribuir mais e melhor para que todas as pessoas possam exercer a sua cidadania no mundo financeiro e digital, assegurando princípios éticos e de justiça social. A CGD, que lidera os lucros e é um banco público, tem a obrigação de dar o exemplo. Sugiro que possam inspirar-se em programas como os que são promovidos pelo BPI La Caixa: SENIORES, CAPACITAR, INFÂNCIA, SOLIDÁRIO. Um bom ponto de partida.
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