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Faço já aqui uma declaração de interesses: sou católico praticante, mas isso não me tira a lucidez no julgamento.
O caso remonta a 1999, e foi agora despoletado, e muito bem, pelo jornal “Observador”.
Os comentários que o caso merece são de veemente repúdio, repugnância e nojo.
Um padre abusou de um filho da Igreja, e D. José Policarpo, embora não estando a isso obrigado, segundo as leis de então, optou por não participar o caso às autoridades judiciais, e, pior do que tudo, manteve o clérigo em funções, numa capelania hospitalar, crente de que talvez os enfermos lhe atiçassem menos a líbido, mas isso já é o meu entendimento.
Fez mal, muito mal, e mais não digo porque o senhor já faleceu, e por nada se deve profanar as sepulturas.
Mas está cá D. Manuel Clemente, vivo e bem activo, quando muito entende, e sobre o que mais lhe interessa, mas que a única coisa que fez de melhor do que o seu antecessor foi procurar falar com a vítima, que preferiu o resguardo do anonimato, o que só conseguiu à segunda tentativa.
Ao jornal que levantou o caso, o Cardeal respondeu com um lacónico comunicado, e acossado pela comunicação social fez uma carta aberta. Mas não basta dizer que deu instruções para “tolerância zero”, é preciso mais.
Mas, ao que se sabe, continuou a ocultar o caso, e manteve o padre prevaricador em funções, escudado no argumento de que más novas de novas surtidas não lhe chegavam.
“Quem faz um cesto, faz um cento”, diz o povo, Sr. Cardeal…
Mesmo que juridicamente o caso esteja, hoje, fora da alçada dos tribunais, a moral não prescreve, e a Igreja, que tanto a apregoa, nos púlpitos e nas torres sineiras, devia sabê-lo melhor do que ninguém.
Quero dizer que um padre que abusa sexualmente de alguém, é um monstro, não merece ser padre, nem vestir a casula, muito menos subir ao altar. É um reles fariseu.
Quem assim faz, envenena as prédicas ditas da tribuna para as preenchidas naves do templo.
Quem assim procede, suja o nome da Igreja, desdenha dos conselhos que caem dos púlpitos e brotam dos sermões, violenta cada hóstia consagrada, dada em comunhão.
As grossas e frias pedras das igrejas e os claustros de mosteiros e conventos choram por tal vilipêndio e tamanha infâmia e maldade.
Quem, aproveitando-se do hábito que veste, se sente tentado a abusar de inocentes devia antes seguir a carreira de bandoleiro e cangaceiro, que lhe daria bom préstimo.
A Igreja e os padres não estão acima da lei, e devem ser denunciados e condenados como qualquer outro cidadão que o mesmo crime comete, e os superiores têm o imperioso dever de afastar quem, vestindo a batina, vai contra os preceitos.
Esteve mal a Igreja portuguesa, julgando-se acima dos outros, respondendo com um curto comunicado, como se não devesse satisfações a ninguém.
É bom que a Igreja se convença que os tempos mudaram, e dela, mais do que nunca, se espera o exemplo, e não apenas a autoridade espiritual que ainda detém.
Francamente, não sei o que devia acontecer ao Cardeal-Patriarca em funções, se devia ser demitido pelo Papa ou se devia pôr a mão na consciência e sair pelo seu próprio pé.
Há, no entanto, uma coisa que, relativamente â sua pessoa, eu sei: devia ter vergonha por, em devido tempo, não ter feito o que devia fazer, e se esperava que fizesse.
Calando-se, foi cúmplice, e a sua atitude devia ser muito bem explicadinha, não se ficando por cartas abertas ou fechadas, tanto faz.
Por estas e por outras, por este esconder dos factos, por esta lentidão nas respostas, há muita gente a perder a fé e os templos a ficarem às moscas.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Vitor Santos
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