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O termo reumatismo é utilizado para descrever um grupo de mais de 100 doenças que afetam o sistema musculoesquelético.
Apesar de geralmente associadas à idade, as doenças reumáticas podem afetar pessoas de qualquer idade, incluindo crianças e adultos jovens. A osteoartrose é a doença reumática mais prevalente, afetando 24% da população portuguesa e a sua frequência aumenta de facto com a idade, segundo o estudo epidemiológico das doenças reumáticas em Portugal – EpiReumaPt. No entanto, existem muitas outras doenças reumáticas, nomeadamente as doenças metabólicas do osso como a osteoporose, as doenças inflamatórias do tecido conjuntivo como a artrite reumatoide, as doenças por depósito de microcristais como é o caso da gota e as doenças periarticulares como é o caso das tendinites.
A dor é o principal sintoma das doenças reumáticas. O edema, conhecido como inchaço, a rigidez articular e a incapacidade funcional, que pode limitar o doente na realização de tarefas do dia a dia, são outras manifestações que acompanham frequentemente estas patologias. Muitas vezes estes sintomas são desvalorizados pelo doente e acabam por adiar a procura de ajuda médica. O diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento adequado possa ser instituído de forma a diminuir a dor e a inflamação e a manter a autonomia dos doentes.
A maior parte das doenças reumáticas não tem cura, mas existem muitos tratamentos que permitem, na maioria dos casos, manter a doença estabilizada. Existem ainda algumas estratégias não farmacológicas que os doentes podem adotar para minimizar alguns sintomas. O exercício físico aeróbio (como a natação e a caminhada) é fundamental para quem sofre de doenças como a lombalgia, a osteoporose e a artrite reumatoide. Além de reduzir a fadiga e a dor, o exercício aumenta a força muscular, a resistência e a flexibilidade.
Garantir uma boa qualidade do sono é também essencial, pois dormir mal contribui para o aumento da dor e pode favorecer a depressão.
Apesar de já existir alguma evidência sobre a importância da alimentação como complemento à terapêutica convencional, são necessários mais estudos para determinar as necessidades nutricionais ótimas destes doentes. A dieta deve incluir alimentos que tenham propriedades anti-inflamatórias, como o peixe, as nozes e alimentos ricos em vitamina C e fibras. Por outro lado, deve evitar-se o consumo de alimentos processados pró-inflamatórios ricos em gordura e açúcar. Evitar o excesso de peso é um conselho transversal à maioria das doenças reumáticas. A cessação tabágica é recomendada, nomeadamente no caso da artrite reumatoide e das espondilartrites pois constitui um fator de pior prognóstico, estando associado a maior dano articular e pior resposta à terapêutica.
As doenças reumáticas atingem uma proporção muito significativa da população portuguesa, 56%, segundo o EpiReumaPt, e estão associadas a absentismo laboral e incapacidade prolongada que se traduzem em elevados custos na saúde. Estão também entre as principais causas de reformas antecipadas por doença/invalidez. A adoção de estratégias preventivas relativamente a estas doenças e a instituição precoce dos tratamentos adequados são fundamentais para melhorar a qualidade de vida da população afetada.
Se pensa ter uma doença reumática, não adie e procure a ajuda de um reumatologista.
Nádia Martins, médica r eumatologista no Hospital CUF Viseu
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