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Jorge Marques

 A Memória-Maior de Viseu

por
Joaquim Alexandre Rodrigues

 Dito aqui em 2024
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A Memória-Maior de Viseu

 A Memória-Maior de Viseu
29.12.24
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 A Memória-Maior de Viseu

por
Jorge Marques

Sempre que passarem pela Praça D. Duarte entre os dias 24/Dezembro e 6/Janeiro, lembrem-se que ali começou um dos momentos mais altos da História de Portugal e do Mundo! Foi ali o altar de uma das maiores capacidades humanas, o descobrir! Ao longo da história, o descobrir, neste caso o mar, esteve sempre cheio de perigos e coragem, de heróis e de náufragos. Nós estivemos nessa aventura e tudo começou aqui na Praça D. Duarte! Celebramos mais de 500 anos desse descobrir e lembramo-nos de três grandes figuras, o Infante D. Henrique, Vasco da Gama e Fernão Magalhães. O Infante como a grande cabeça e o seu promotor; Vasco da Gama, que com a viagem marítima á Índia mudou o Mundo, venceu o politicamente correto e os medos; Fernão Magalhães, que com a primeira volta ao Mundo abriu-lhe todas as portas!

Mas como e onde começa tudo isto? Começa com o Infante D. Henrique, o quarto filho de D. João I, então Senhor das Beiras. É Zurara que nos conta tudo nas Crónicas de D. João I e da Tomada de Ceuta! Henrique juntou em Viseu os irmãos Duarte e Pedro, o Clero e os Senhores da região norte. Apenas os irmãos sabiam, era segredo, mas festejava-se ali a próxima partida para a Tomada de Ceuta. Era o início da nossa maior aventura, o primeiro passo na direção do mar. Acontecia numa terra de granito e sem mar! Era em Viseu e naquela que hoje se chama Praça D. Duarte.

Henrique sonhava com Ceuta; Portugal era um país pequeno com 1 milhão de habitantes; o rei era bastardo; Castela empurrava-nos para o mar; Ceuta era a grande oportunidade de experimentar o mar; o Mediterrânio já respirava Renascença e Ceuta era a porta, o princípio e não o fim. Isso faria de D. João I um grande rei! Henrique começou por convencer os irmãos, depois o pai. Havia um problema com os custos, mas Henrique, o Senhor das Beiras, tinha uma visão da Modernidade e arranjou a solução que passava por reduzir custos supérfluos, menos festas e feriados e mais impostos sobre os mercadores. O rei estava de acordo, mas pediu a Pedro e Henrique que regressassem a Coimbra e Viseu, que fossem arejar e arranjassem mais argumentos, que ele convocaria um Conselho Régio. Foi neste tempo de reflexão que Henrique se lembrou de organizar a tal grande festa em Viseu, uma festa como nunca houvera e para a qual convidou os irmãos, o clero e senhores locais. Uma festa que começou a 24/Dezembro e acabou a 6/Janeiro. Foi naqueles dias e na Praça de D. Duarte, que se comemorou por antecipação o primeiro passo para os Descobrimentos. Havia estandartes, tochas acesas, tocadores, violas de arco, flautas, danças e muito povo. Foi ali que ele viu e acreditou no futuro! A cidade nunca assistira a nada assim! Vieram iguarias e frutas de todo o lado, só não foi preciso vir o vinho, porque o nosso era o melhor. Apareceram piparotes de malvasia, brancos e vermelhos. A cidade de Viseu era um barco de horizontes largos onde se inventava o mar.

Ceuta foi decidida no Conselho Régio de Torres Vedras. Ceuta foi vencida (1415) e no regresso nasceu um tipo de saudade diferente e que só Bandarra, Pessoa, Agostinho da Silva haveriam de descobrir mais tarde. Era a Saudade do Futuro que passou a fazer parte dos genes das gentes de Viseu! A frota dirigiu-se para Tavira onde D. João agradeceu aos filhos. A Duarte já não tinha mais para dar, seria o seu sucessor, a Pedro fez Duque de Coimbra e Henrique Duque de Viseu, a que acrescentou Covilhã, Guarda, Lamego. 

Nunca se escreverá tudo sobre este Primeiro Duque de Viseu, a quem os historiadores de todo o mundo reconhecem ter aberto as portas da Idade Moderna, a Era das Ideias e do Pensamento. Guardou para Viseu a sua maior obra, a Empresa dos Descobrimentos que nasceu com o nome de Casa de Viseu. Fez um contrato com o irmão, então Rei D. Duarte! Nunca se casaria, nunca teria filhos, o seu herdeiro seria Fernando, o segundo filho de Duarte. A Casa de Viseu era Senhora das Beiras, Beja, parte do Algarve, Açores, Madeira, Cabo Verde. O seu grande parceiro era a Ordem de Cristo, aquela que sucedeu aos Templários. Foi da Casa de Viseu que saíram as gentes da economia, finanças, administração, serviços, políticos, chanceleres. Mas também para todas as artes do mar. Era a Casa do Conhecimento que ia da cartografia á construção naval. Nasceram lá novas profissões nas artes do mar, mestres, pilotos, capitães. Uma Casa concebida em termos da gestão moderna!

Viseu ainda hoje tem dívidas para com o seu Primeiro Duque. A primeira é da Memória e a falta de celebração desta data (26/12 a 6/1); depois o esquecimento do significado da Casa de Viseu, o princípio de que uma ideia forte mobiliza um país ou uma região; o abandono e destruição da sua capela de S. Jorge, onde pediu para lhe rezarem missas pela sua alma. Do seu legado resta a Feira, agora de S. Mateus! As nossas cidades gémeas desse tempo foram Tomar (Ordem de Cristo) e Lagos (Porto de Mar). O caminho de Viseu a Lagos parecia um carreiro de formigas com gente a circular… 

 A Memória-Maior de Viseu
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