No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
Nem sempre as imagens nos garantem que é verdade aquilo que os olhos alcançam. É o que acontece com o iceberg, onde a parte visível corresponde apenas a 10% do seu todo. O perigo está no lado submerso, esse que derruba os gigantes dos mares como foi o caso do Titanic.
O pensar nesta imagem do iceberg faz-me lembrar o atual estado da sociedade portuguesa. Aquilo que vemos são as lutas dos médicos, dos professores, da administração pública. Parece quase uma guerra pronta a explodir! No entanto, todos estes problemas que se levantam não são de agora, alguns tem décadas. Mas exige-se uma solução imediata, talvez para que a emenda seja pior que o soneto.
O que é que tudo isto tem a ver com o iceberg? É que a parte visível dos problemas será talvez os tais 10% do volume dos problemas reais. Os restantes 90% não estão á vista ou escondem-se na profundidade das águas cansadas.
O problema de fundo da Saúde não são apenas os médicos, são também os doentes, os cidadãos com saúde, a economia do país, a qualidade e esperança de vida da nossa gente. E quem sabe, talvez tudo tenha que começar por distinguir o que é cuidar da saúde do tratar a doença? Tem tempos, objetivos, soluções, custos e formas de organização e gestão diferentes.
O problema de fundo no Ensino, talvez não sejam apenas os professores, mas também o modelo, os alunos, os pais, a economia do país, a fuga do talento para o estrangeiro, a mobilidade social, a pressão digital.
O problema da Administração Pública, no seu todo, talvez não seja apenas o dos funcionários das diferentes organizações do Estado. Talvez seja de uma forma de organização que não se soube atualizar, nem atrair ou reter talento. Que não sabe gerir as pessoas, motivar, avaliar e compensar em função da complexidade das funções e do desempenho. Um sistema que é permanentemente agredido com as contratações político-partidárias “Jobs for the boys”, que se partidarizou. É também um não investir numa carreira de gestão e liderança na Administração Pública e ter morto a escola onde isso podia ser feito e que se chamava INA.
O nosso maior problema, maior que todos os outros é que o sistema que gera todos estes resultados, parece viver bem e chama-se Sistema Político-Partidário. São eles a quem o povo delega as várias funções da administração do país, para que com as suas diferenças encontrem as melhores soluções. Ao que parece, em vez de se concentrarem nesta nobre missão, mostram-se até incapazes de dialogar entre si. Nem se ouvem uns aos outros, porque já tem a resposta mesmo antes de ouvir a pergunta. Perderam o sentido do que é a política e a democracia representativa! Parece viverem apenas das lutas da manutenção ou da conquista do poder. O nosso Sistema Político-Partidário mostra-se incapaz de estabelecer a principal das PPP. Aquela que junta o País, o Povo e os Partidos, coisas que nunca podem andar separadas. Quase não existe Sociedade Civil. É a falta desta relação responsável que está na base dos problemas dos médicos, professores, administração pública. Tem-lhe chamado de problemas na “Gestão de Recursos Humanos”! O modelo burocrático que gere a função pública já não faz sentido faz muitos anos. É preciso coragem para ver, avaliar as diferenças e saber geri-las. É preciso, como sempre lhes disse, transformar os chefes em líderes de pessoas, dar-lhes autonomia e pedir-lhes depois responsabilidades. É preciso clarificar missões, estabelecer objetivos e saber avaliar quem cumpre e não cumpre. Isso de culpar o pequeno deus por tudo não leva a nada. Naturalmente que isso tem um preço, mas que será infinitamente menor do que o atual.
Aos partidos: Mostrem com seriedade aquilo de que discordam (não concordo/ pelas seguintes razões/ a melhor solução é…). Mas mostrem-nos também aquilo em que estão de acordo e que pode melhorar o país!
É esta a parte submersa do iceberg que se esconde do nosso olhar…Uma incapacidade de promover as grandes reformas de que o país tanto precisa. Quer dizer, saber dialogar com as diferenças, praticar a democracia representativa e focar-se nos interesses do país!
Porque para esse país, não basta mudar de camisa para tudo parecer mais bonito ou resolvido. A maquilhagem só esconde as pequenas rugas e o seu excesso apaga os sorrisos. Não sei, mas fico sempre com a ideia que o nosso Sistema Político é uma orquestra desafinada, onde falta um Maestro que use a capacidade de influência como forma de liderança!
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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