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14.05.21
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Entre 2001/4 participei num projeto europeu que se chamava Àgora e tinha como patrono a figura de Àverrois, um filósofo, médico e físico do Séc. XII, um verdadeiro Al Andaluz. Era defensor de Aristóteles e lutou em sua defesa contra as interpretações islâmicas da sua gente. Uma grande figura mundial!

Àgora é um lugar de reunião e tem por missão a criação de um novo estado, não território, mas uma forma de ver e se relacionar com as coisas. Esse meu Àgora europeu queria aproximar as duas margens, o norte do sul e o mediterrânio seria esse lugar de encontro!

Àgora volta agora a cruzar-se comigo em Viseu, vinte anos depois, patrocinado por uma figura recém-falecida e sua herança. Talvez seja esta a primeira reflexão a fazer! Viseu precisa ter uma sociedade civil forte, de gerar cidadãos que se sintam no dever e direito de pensar e refazer a cidade. O sistema partidário está cada vez mais esgotado e Viseu é um caso paradigmático. Depois de um Estado Novo autoritário que durou 48 anos, entramos numa democracia que continua de partido único por todo este tempo e que dá sinais de um outro tipo de autoritarismo. A democracia precisa muito da cidadania exigente, os partidos carecem muito dessa ajuda!

Viseu deve encontrar uns 1 000 cidadãos (1%), conscientes de que é preciso mudar muita coisa, repensar quase tudo.

Que isso pode levar 2/3 anos. Nesses 1 000 tem que haver gente com pensamento diferente, porque só a diferença gera criatividade. E não se pode construir isso sobre a herança do último presidente, precisa de uma figura maior, mais consensual, mesmo que na história da cidade tenha que se recorrer a um mito, mas que seja inspirador.

Eu, por exemplo, sou uma das vítimas dessa herança! Mas considero que aquilo que ficou de valor foi o seu mentor, o Jorge Sobrado! Pode ter todos os defeitos que quiserem, mas era um fazedor e pelo que se vê, não desistiu de fazer!

Viseu precisa de um Àgora, mas que seja inspirador e onde o melhor das diferenças se reveja. Claro que Àgora é também a constituição de um estado, mas que seja um Novo Estado…

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