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Aprender

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14.03.25
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por
Jorge Marques

Na última sexta-feira passou por Viseu Nuno Crato, um antigo Ministro da Educação e ilustre académico. Veio apresentar na Escola Alves Martins o seu livro “Aprender”, uma obra publicada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. É um olhar para a educação baseado na evidência da investigação, experiência e realidade. Trata temas como a avaliação…E como se pode melhorar sem avaliar? Fala da importância do conhecimento, aprendizagem significativa, competências, necessidade de conhecimento para procurar outro conhecimento. Relevo o final do livro onde ele diz: A dificuldade está na tremenda resistência ideológica e corporativa que bloqueia persistentemente o progresso. São os cidadãos, pais, professores dedicados, todos nós, que podemos e devemos falar alto e exigir uma educação melhor para os nossos jovens. Todos deveríamos ler este livro, digo eu! 

A maior competência que hoje se pode trazer da escola é o aprender a aprender e isso porque vamos ter necessidade de aprender toda a vida! São muitos os componentes desse aprender e que vão desde o adquirir conhecimento, aprender pelas vivências, experiência e raciocínio como ato de pensar. 

Faz algum tempo entrevistei um dos nossos cientistas com obra feita na prática, na academia e com reconhecimento mundial. Dizia-me que os alunos brilhantes se estavam a estragar nas escolas e universidades. Que deviam ir fazer coisas, a tal busca de vivências. Ás vezes parece até que o aprender está no cume das dificuldades! Na verdade, nós aprendemos pelo cérebro e na perspetiva da neurociência as coisas são diferentes. Aí não aprendemos para a escola, mas para a vida e na vida aprendemos para a escola. Quer dizer que precisamos saber alguma coisa do que se passa no cérebro nesta matéria, conhecer as bases neurobiológicas da aprendizagem.

Mas o que pode influenciar a aprendizagem? Basicamente três coisas: Atenção, Emoções, Motivação! Quanto á atenção ainda discutimos hoje se os alunos podem levar os telemóveis para a sala de aula. O problema é que quanto mais atenção, melhor são retidos os conteúdos; as emoções têm a ver com o ambiente de liberdade que se cria e onde se provoquem inovação e criatividade tão em falta neste país. Precisamos inverter os maus exemplos da sociedade através do ensino de emoções e críticas positivas; na motivação, sabemos do que estamos a falar? O professor sabe? Estará ele motivado? Sobre as tecnologias de informação? Será que é eficaz transferir para as tecnologias a arte de ensinar? E podemos chamar a isso rede quando não passa de um supermercado onde há quase tudo para nos servirmos e até teses de doutoramento? 

Há uma experiência que vale a pena citar e para se ver o aprender por um outro ângulo. Não faz muito tempo, as empresas descobriram que a formação que produziam ou contratavam no seu interior tinha efeitos limitados. Melhorava um pouco quando se utilizavam as academias, mais porque aí se cruzavam experiências, casos diferentes, boas e más práticas. Foi aí que comecei a organizar outro tipo de conferências e a ouvir, não as estrelas da nossa arte (Gestão de Recursos Humanos), mas gente de outras artes como maestros, músicos, desportistas, militares, chefs de culinária. Uma das intervenções mais interessantes foi com o Chef Avilez, estava na moda e com imenso sucesso. Começou assim: Reparem que quando queremos uma boa refeição, precisamos muito mais que ir ao supermercado. Precisamos preparar e combinar os ingredientes e ter uma certa mãozinha para a arte. No final e com todos os detalhes, percebemos que os verdadeiros Chefs tratavam muito melhor os elementos gastronómicos do que nós o elemento intelectual e humano. Que as refeições, tal como as pessoas, precisam de uma boa história e não só da informação de supermercado.

Repetimos a experiência em Madrid com um dos melhores Chefs do Mundo, Ferran Adriá (El Buli). Esse trazia um recado, estudou bem para quem estava a falar. Deu-nos uma lição de como se compram os ingredientes para uma refeição, para nós era recrutar pessoas; como se combinam os ingredientes, era a nossa formação das equipas; como se misturam sabores diferentes, era a nossa gestão da diversidade. No final deixou um recado: Numa sociedade onde nos afirmamos e somos aplaudidos pela especulação, pelo ganhar dinheiro, pelos sinais exteriores de riqueza, de que é que estamos á espera? 

Há esse risco nos jovens, que uma profissão digna seja onde se ganha mais dinheiro, não importa como! Não se peça ao cérebro para não aprender sobre os valores da sociedade; não se peça que aprendam o que é a verdadeira democracia e depois assistam ao seu contrário na Casa da Democracia; não se peça para não aprender a violência da TV e dos Jogos e a mentira em vez da verdade; não se peça para não aprender, o cérebro não sabe não aprender, faz isso 24 horas/dia e 365 dias/ano. Aprendemos até a dormir! De todas as atividades humanas, aprender é aquela para a qual estamos mais otimizados. Mas aprender novidades com significado, histórias, factos relacionados e que façam sentido!

Talvez, como se dizia atrás, os alunos tenham que ir fazer coisas fora da escola, ver outras realidades, outras vivências? E o contrário também é verdadeiro, trazer outras vivências, outras experiências de vida para a sala de aula? A avaliação da realidade é um banho de aprendizagens! 

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