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Ardemente estreia adaptação do Feiticeiro de Oz no Teatro Viriato com foco na comunidade queer

Espetáculo é dedicado ao Dia Mundial do Teatro e procura dar destaque a temas como a autodescoberta e a aceitação na adolescência

Diogo Paredes
 Ardemente estreia adaptação do Feiticeiro de Oz no Teatro Viriato com foco na comunidade queer - Jornal do Centro
27.03.25
fotografia: Jornal do Centro
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 Ardemente estreia adaptação do Feiticeiro de Oz no Teatro Viriato com foco na comunidade queer - Jornal do Centro
27.03.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 Ardemente estreia adaptação do Feiticeiro de Oz no Teatro Viriato com foco na comunidade queer - Jornal do Centro

Um leão conhecido por Leo Cobarde, um espantalho e um homem (ou talvez rapaz) de lata juntam-se a uma jovem chamada Dorothy Gale. O resultado? Uma peça da companhia Ardemente que estreia esta sexta-feira no Teatro Viriato.

O espetáculo, apresentado hoje ao público escolar, ganha uma maior importância pela comemoração do Dia Mundial do Teatro esta quinta-feira, dia 27 de março. A peça é apresentada amanhã ao público geral às 21h00.

Com criação e dramaturgia de Rafa Jacinto e Roberto Terra, “Oz ou a Estrada?” é encenada por Deka Saimor, Gabriel Gomes, Rafa Jacinto e Tadeu Faustino, e conta ainda com cenografia de Vítor H. Freitas. Um elenco queer para uma adaptação que pretende dar destaque a temas como a autodescoberta e a aceitação na adolescência.

A ideia de criar uma peça baseada na obra “O Maravilhoso Feiticeiro de Oz” partiu de Roberto Terra e trata-se de um projeto pensado desde há muitos anos. “O Feiticeiro de Oz é o meu filme de infância e na verdade este é um espetáculo que eu estou a construir desde que sou pequeno, porque sempre fez parte da minha referência”, começou por explicar Roberto Terra ao Jornal do Centro. Inicialmente, foi o filme de 1939, estrelado por Judy Garland no papel de Dorothy, que despertou a atenção de Roberto Terra. Mais tarde, foi o livro que conquistou o encenador. A estreia da peça criada pela Ardemente sobe a palco semanas depois de o filme “Wicked”, adaptação do Feiticeiro de Oz, ter conquistado Hollywood no final de 2024.

Acho que toda a gente tem pelo menos alguma memória visual do Feiticeiro de Oz”, continuou a dizer Roberto Terra. “Depois, quando vamos analisar a fundo, vemos que trata de questões que, na verdade queríamos abordar, principalmente para a adolescência, como a autodescoberta, aceitação, a escolha de um grupo, sentimentos de pertença”, detalhou o dramaturgo da Ardemente.

Além disso, como lembrou Rafa Jacinto, “há a pertinência política que tem a ideia do feiticeiro”. “No clássico é um homenzinho que está atrás de uma cortina, que é um grande trapaceiro e que leva todo o povo na ilusão”, esclareceu. O contacto de Rafa Jacinto com o filme do Feiticeiro de Oz aconteceu quando dava aulas de expressão artística. “Lembro-me de estar a passar o filme pela primeira vez e de estarem as crianças todas dispersas e de eu já estar a chorar do início ao fim”, contou Rafa Jacinto.

Segundo Roberto Terra, falar d’O Maravilhoso Feiticeiro de Oz é falar da história queer. “Desde o início do movimento queer que o Feiticeiro Oz é uma referência, quer por causa do filme, quer por causa do status icónico da Judy Garland, que é uma referência para a comunidade”, assumiu o artista da Ardemente. “Mesmo a busca que as personagens fazem pelo caminho para casa, pela coragem, pelo coração, pela inteligência, são coisas que reverberam muito dentro da comunidade queer, num filme de 1939”, disse ainda Roberto Terra.

A escolha num elenco que fosse também ele queer foi uma decisão tomada por Roberto Terra e Rafa Jacinto, “não porque o espetáculo seja autobiográfico, mas porque achamos que para falar destas coisas é preciso viver estas coisas e saber o que se está a dizer”, como detalhou o encenador. O espetáculo, contudo, não se debruça sobre a comunidade querer de um modo forçado, até porque, como contou Rafa Jacinto, os criadores de “Oz ou a Estrada?” quiseram que “fosse uma realidade que só existisse e que fosse presente”.

“Normalmente estas histórias queer não são contadas por pessoas queer, como têm sempre finais muito trágicos e são postas na margem, e nós só quisemos que isso existisse”, continuou a explicar Rafa Jacinto. “As personagens são queer, sim, nós também somos, mas também não temos uma bandeira, é uma realidade que está presente e que não é questionada, que vive por si só”, disse ainda.

Na semana anterior, nos dias 21 e 22 de março, a companhia Ardemente realizou um ensaio aberto n’O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, onde apresentaram tanto para o público escolar como para o público geral. “Foi emocionante ver no espetáculo das escolas, adolescentes que vieram falar connosco a agradecer por se sentirem representados, porque num tinham visto este tipo de representação em espetáculos”, afirmou Roberto Terra. “Depois, do outro lado, veio uma pessoa adulta ter connosco, a chorar, e a dizer-nos ‘quem me dera ter visto este espetáculo quando era adolescente’”, contou ainda o encenador e dramaturgo.

No cenário desta nova adaptação do Feiticeiro de Oz estão quatro passadeiras elétricas para caminhada. O objetivo destes aparelhos, pensado desde final de 2023 por Rafa Jacinto e Roberto Terra, é o de dar a ideia de uma caminhada e de uma jornada das personagens. “Começámos a pensar sobre como é que podíamos caminhar em palco, porque com três passos já saímos de palco e andar por ali para trás e para a frente, só a caminhar sem sair do sítio era algo muito parvo”, assumiu o encenador, por entre risos. “Depois, quando começámos o ensaio com os intérpretes, já tínhamos as passadeiras.”

A adaptação que estreia esta sexta-feira no Teatro Viriato apresenta ainda outra particularidade: tem alguns momentos “para deitar uma lágrima”, mas também tem “muita ação”. “Nós falamos muito sobre como é que os adolescentes consomem coisas agora, porque estamos na era do scroll, dos reels, em que as coisas duram um minuto e passa-se à frente, então o espetáculo também tem muito essa dinâmica de estar sempre a acontecer coisas”, adiantou ainda Roberto Terra.

Se a caminhada de Dorothy pela Terra de Oz foi em si um evento que unificou as personagens, também a caminhada realizada pela equipa por trás de “Oz ou a Estrada?” unificou os seus elementos, como explicou Rafa Jacinto. “Estivemos sempre em reuniões a ouvirmo-nos uns aos outros e queríamos mesmo saber, não queríamos deixar pontas soltas, queríamos que fosse unânime, que toda a gente estivesse confortável e feliz e que fosse também o nosso mundo de Oz”, assumiu Rafa Jacinto.

Para elu, mostrar o Feiticeiro de Oz a crianças mais jovens é “um momento tenso”. “As crianças ou estão já num sítio de aceitação, de ‘ok, sou uma não-binária, ou sou uma pessoa trans’, por exemplo, ou então como há muita afirmação também há muita reação”, começou por explicar Rafa Jacinto em relação à ligação do Feiticeiro de Oz com as questões queer nos mais novos. “Os dois polos estão muito presentes nas crianças e às vezes é um momento tento, porque mesmo eu também não tenho uma aparência muito normativa”, explicou Rafa Jacinto, referindo-se às suas tatuagens e ao cabelo rapado. “Para algumas crianças é ‘super divertido, que fixe, que postura tão cool’, mas outras estranham um bocadinho e este filme ajuda-me também a desconstruir isso neles”, disse ainda.

Em relação à comemoração do Dia Mundial do Teatro, Roberto Terra, agora com 32 anos, lembrou que pisou o palco do Teatro Viriato há 16 anos, precisamente quando o encenador, então ator, tinha apenas 16 anos, tendo sido encenado por Jorge Fraga. “Agora voltar aqui com um espetáculo assinado por mim, com a Rafa e com esta equipa, a Ardemente, com quem eu desenvolvo o trabalho aqui em Viseu, é de facto especial”, lembrou o dramaturgo.

“Estrear no Teatro Viriato em celebração do Dia Mundial do Teatro é muito importante para nós, enquanto companhia, que é o teatro da nossa cidade”, continuou ainda a explicar Roberto Terra. “É o teatro onde nós começámos, onde eu comecei, onde o Gabriel começou”, disse ainda.

Os dois criadores e dramaturgos de “Oz ou a Estrada?” terminaram com um apelo a que o público viseense fosse assistir à estreia de “um espetáculo mesmo muito divertido, que vai ser um bom momento para descontrair e desfrutar à vontade”.

A peça é uma coprodução da Ardemente com o Teatro Viriato, e conta com desenho de luz e operação de João Rodrigues, assim como sonoplastia e composição de Odete. Já os figurinos ficaram a cargo de Joana Mont’Alverne, sendo confecionados por Cristina Silva, Delfina Oliveira e Joana Mont’Alverne. A produção do espetáculo foi realizada por Heloise Rego, da companhia Ardemente, e o apoio técnico e operação de luz é realizado por Sara Nogueira.

“Oz ou a Estrada?” é um projeto teatral financiado pela Direção-Geral das Artes.

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