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As «revoluções» de Arcos de Valdevez e de Viseu

 As «revoluções» de Arcos de Valdevez e de Viseu
17.08.24
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 As «revoluções» de Arcos de Valdevez e de Viseu

por
Joaquim Alexandre Rodrigues

No seu livro “Ir Prò Maneta, a Revolta Contra os Franceses (1808)”, Vasco Pulido Valente defende a tese de que, durante as invasões francesas, foi a revolta e o inconformismo do povo que foi determinante na derrota do invasor.
Neste livro são descritos dois episódios ocorridos em Junho de 1808 em que, por algum tempo, os de baixo tomaram o lugar dos de cima.

Arcos de Valdevez
Quando o sino tocou “a rebate” contra os franceses, a arraia miúda saiu à rua, libertou os presos, deu uma sova no juiz de fora e meteu-o na cadeia que tinha sido esvaziada.
Depois, foi à Câmara, injuriou os vereadores “e lançou pelas janelas as respectivas cadeiras”. Cenas destas eram banais naqueles tempos sem rei (tinha fugido para o Brasil) nem roque. A partir daqui é que “os camponeses de Arcos” começaram a inovar: “pegaram fogo ao arquivo da Câmara” e “rasgaram entusiasticamente os «papéis»”, que “continham os títulos legais dos «grandes»”.
A seguir, o povo “constituiu um governo” e desatou a publicar leis “que se queriam válidas para Portugal inteiro” e que aboliram o recrutamento e “o pagamento das oblatas aos padres”, fixaram preços, proibiram a exportação de cereais, etc. Em suma, queriam o fim “de um serviço militar cruel, vida estável e barata”, “menos impostos, defesa contra um Estado opressor.”
Os cabecilhas, “um jornaleiro, um seareiro e dois serralheiros”, seguiam as instruções de um estudante. Foram todos julgados e condenados.

Viseu
Na cidade de Viriato, depois da “queima dos «papéis»”, foi escolhido um “juiz do povo” que prendeu os representantes civis e militares do governo, “demitiu os vereadores da Câmara e o capitão-mor e substituiu-os por «gente da sua confiança»”.
Formou-se uma “junta de vinte e quatro membros”, todos da «plebe», que se auto-baptizou de «Junta dos Prudentes» e que «ficou regendo a cidade» até que, perante a “extravagância e o risco da sua situação”, decidiu “entregar Viseu ao seu bispo e a dissolver-se com a discrição que as circunstâncias aconselhavam.” Isto é, passou entre os pingos da chuva.
Esta “prudência” viseense teve mais um episódio naquele ano. Será tema do próximo Olho de Gato.

 As «revoluções» de Arcos de Valdevez e de Viseu

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