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Joaquim Alexandre Rodrigues
Depois de anos de polémicas à volta da questão trans, cinco juízes do Supremo Tribunal do Reino Unido determinaram que uma mulher é uma mulher, que um homem é um homem e que há biologia. Com ironia resumi assim nas redes sociais a decisão de 16 de Abril daquele tribunal: “criatura com pilinha não mija no WC das mulheres.”
Graças à luta de uma organização progressista, a “For Women Scotland”, como resumiu Luís M. Jorge no X, “chega ao fim a mais canhestra manipulação que assolou a esquerda em anos recentes: a que nos fez perder mais votos, a que nos tirou o bom senso, a que nos mergulhou em histeria e atraiu o desprezo de milhões de pessoas.”
O facto de os direitos das mulheres terem estado desta forma em risco mostra quanto as políticasidentitárias estão a escavar os alicerces das nossas democracias. No dia da decisão, um melancólico Brendan O’Neill, na The Spectator, confessava-se “chocado” por terem sido precisos “cinco juízes para nos dizerem algo que a nossa espécie sabe desde que descemos das árvores.”
No Ocidente, a questão trans é um assunto de nicho e no resto do mundo um não-assunto. Por curiosidade, fui ver qual o destaque que lhe é dado na mais proeminente instituição woke portuguesa — o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Com surpresa dá-se conta que nem ali se liga muito ao tema: das 192 teses de doutoramento lá defendidas nos últimos dez anos, só três o abordam. Apreciemos os títulos destas três teses e algum do seu linguajar pós-moderno:
(i) “Travestis brasileiras no sul da europa: subalternidade e reconhecimento nas fronteiras do gênero e sexualidade”, de 2019, em que a autora, Fernanda Belizário, caracteriza “as travestis como sujeitas queer pós-coloniais”.
(ii) “Corpos extra-ordinários no desporto: uma leitura pós-humana crítica sobre a regulação da hiperandrogenia e identidades trans”, de 2022, em que a autora, Ana Lúcia Santos, quer “suspender a ideia de sujeito humano ocidentalizado a partir do qual o universo desportivo se organizou para” considerar “o/a atleta contemporâneo/a enquanto sujeito imerso numa realidade pós-humana e tecnológica”.
(iii) “Parentalidades dissidentes: o cuidado exercido por homens trans no Brasil e em Portugal”, de 2024, em que a autora, Milena Cunha dos Santos do Carmo, quer efectivar “as garantias da lei” “a partir da normalização de dissidências corporais e reprodutivas”.
Era bom que a esquerda identitária, instalada confortavelmente nas universidades do Ocidente, se deixasse de pseudo-ciência e começasse a ganhar juízo. Se nada fizer, não se venha depois carpir quando os governos começarem a fechar a torneira.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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