No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
O mundo dá sinais de pouca lucidez, isso é verdade, mas ao mesmo tempo tenho a sensação de que tudo se está a repetir. São as guerras, pandemias, terrorismos, traição das elites, dificuldade em distinguir a verdade da mentira, imigrações e poderes públicos cada vez mais frágeis. Fica a ideia de que o tempo voltou a andar para trás ou deu a volta e regressa a séculos passados, um Tempo Circular.
No ano 1000 a China era o centro do Mundo, a zona mais rica, avançada, populosa e promovia a primeira globalização. O maior porto do mundo ficava em Xangai e Hong Kong, numa cidade enorme e cosmopolita chamada Quanzd. A formação dos seus líderes era a mais avançada do mundo, baseava-se no budismo e formavam o Líder Ideal á volta do comportamento e da atitude. Hoje chamam-lhe Fábrica de Génios.
O pêndulo da história é lento e parece que estamos numa espécie de transição instável e perigosa. Quero dizer, a ordem antiga ainda não se desintegrou e a nova não dá sinais. Parece que não conseguimos sair de um Eterno Presente! Em paralelo existem ressentimentos contra o Ocidente e que vem dos chineses, russos, árabes e africanos. Ressentimentos antigos, mas sem ideias de construção de um mundo novo e que mais parecem uma atração pelo caos. Fizemos até do vírus, que é um agente infecioso, o viral como um elogio e um sinal de sucesso! Modernizámos a ideia de destruição e chamamos-lhe ser disruptivo, mesmo que isso signifique destruir 47% dos postos de trabalho de um país.
É verdade, apesar do nosso encantamento pela novidade, o Fórum Económico Mundial de Davos-2024 diz que a IA tem o mesmo significado que a máquina a vapor na Revolução Industrial. Que o mais importante é reconstruir a confiança no futuro. Mas nós teimamos no regresso ao passado, ao tempo do velho Sócrates que dizia que o caos era um deus. É curioso, porque no mandarim crise e oportunidade são a mesma palavra. Então a solução é fazer do caos uma oportunidade! Mas porque me socorro deste enquadramento passadista e vejo em tudo um regresso?
Porque a liderança política dos países parece tentada por uma figura antiga do Séc. XV/XVI e que se chamou Maquiavel. Quase todos se sentem tentados em representar a figura do Príncipe! Aquela ideia de que o Poder vem da força, fraude, crueldade, violência estratégica e coerciva! Existem por toda a parte e são os ditadores, políticos, homens de negócios, colegas de trabalho que traem os colegas para progredirem mais rápido e até os meninos-rufias na escola que exercem o bullying sobre os mais frágeis.
Na política, os príncipes de Maquiavel silenciam os críticos, os rivais e manipulam as massas. Por detrás de tudo isto há uma ciência do poder, que está suportada no dinheiro, fama, classe social, respeito, força física, representação política. A liderança já foi saneada deste dicionário!
Há um ciclo perigoso nas nossas lideranças. É que as mesmas pessoas assumem o poder pelo que de melhor existe na natureza humana e logo a seguir caem pelo que existe de pior nessa mesma natureza. Está difícil de perceber que o poder é concedido pelos outros e não uma coisa de que possamos ser donos. O processo é simples: Ascensão ao poder – Abuso do poder – Perda do poder!
Ainda há quem confunda imigração com escravidão, mas estes últimos vinham em navios negreiros e acorrentados, antes era legal e agora é crime. Confundimos também o poder com a liderança e por isso esquecemo-nos de aprender a influenciar, intervir, criar confiança e futuros. Era aqui que eu queria chegar e olhar para este nosso princípio de pré-campanha eleitoral. Ela levará um grupo ao poder, mas não temos a certeza, nem há provas que levará á liderança do país! Há uma encruzilhada onde quase tudo vai parar e um dos caminhos passa por assumir que há uma crise de governabilidade. Mas ela não se resolve culpando o passado, remetendo as energias coletivas para o passado. Essa crise, se assumida, pode ser uma oportunidade, pode voltar a chamar a Sociedade Civil para uma participação horizontal. Porque não há política sem ela, nem sem a integração e interação dos agentes sociais, económicos e culturais.
A política, a governação, não são depósitos de leis e preconceitos onde tudo parece decidido e nada se pode alterar. Tem que se estar contra este estado de espírito, onde não há visão e nem um pouco de paixão. Os governos são os primeiros que nunca podem estar satisfeitos com o curso dos acontecimentos. Eles não são os administradores do realismo, nem da burocracia.
No dia 23 de janeiro assisti na RTP1 a um debate com a intervenção de uns jovens que considero brilhantes. Falavam sobre a política que temos, os governos, o papel dos jovens na vida política, sabendo-se que representam 20% do eleitorado. Porque se afastam dos maiores e mais antigos partidos? Porque não vêm construção do futuro; porque não estão representados nas instituições; porque se governa para resolver os problemas de hoje e sem qualquer perspetiva; porque a representação política envelheceu; porque reduziram a política ao poder; porque se despreza o talento em que se investiu; porque o país não pode viver do escasso tempo entre eleições e precisa de previsão e ação; porque o país tem que ser o centro de tudo e não os partidos.
O que se está a ouvir hoje quando se fala de responsabilidade? Fala-se sempre do passado, mas esse já não se pode alterar; do prestar contas, aquilo que se fez e o que não se fez! Nunca pensamos na responsabilidade pelo futuro, nunca configuramos o futuro. Quem tem essa obrigação? Não existe apenas a responsabilidade executiva dos governos! Isso é não estar á altura das responsabilidades e porque o futuro tem que integrar todas as decisões. Esta obsessão pelo passado não é política, falta-lhe o ser também Portadora de Esperança Coletiva. Não, o Fado não tem culpa, porque até esse é Destino, o lugar para onde vamos…
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Vitor Santos