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Lentamente, a vida está a voltar ao normal. Voltam a acontecer com regularidade exposições e inaugurações, encontram-se amigos e companheiros de percurso da arte e cultura, as crónicas voltam a escrever-se também a partir de vivências do dia a dia e não exclusivamente de informações virtuais, por melhores que sejam.
«Atravessar a paisagem» é o nome de uma exposição que se pode ver no Museu de História da Cidade de Viseu, na Rua Direita, onde as esculturas cerãmicas de Liliana Velho e as fotografias de Luís Belo criaram uma nova realidade. A partir da observação de algumas plantas da região de Viseu, a artista criou delicados objetos em cerâmica que depois Luís Belo colocou em lugares que foi selecionando (Mata do Fontelo, Monte de Santa Luzia, parque de Santiago…) e fotografou esse habitat re-construído. A paisagem que atravessamos é, pois, uma construção dos artistas, uma nova realidade, e o próprio ato criativo e expositivo é um atravessar de diferentes práticas artísticas. Um site (www.atravessarapaisagem.com) e uma edição em papel que funciona como catálogo, mas é mais do que isso (tem ilustrações e uma fotografia de grande formato), completam o projeto. Houve ainda outras realizações, como uma palestra do biólogo Paulo Barracosa (pode ver-se o vídeo no site), que ajuda a entender a identidade de um lugar, e apresenta perspetivas sobre a flora da região. Este é um projeto estimulante e pouco habitual, que nos confronta com o conceito de real enquanto construção, e desse modo nos remete para a própria essência da criação do objeto artístico.
Na sala de exposições temporárias do Museu da Misericórdia de Viseu, pode-se ir ao encontro do projeto PARACITY. O nome parece saído de uma BD futurista, mas é assim que os habitantes de Paradinha chamam ao seu bairro social, maioritariamente habitado por pesssoas e famílias em situação de fragilidade de integração social, competências escolares baixas e desemprego. Os participantes que se voluntariaram para fazer parte deste projeto, designam-se como ciganos, e possuem o legado cultural rico e diverso das comunidades Romá da península ibérica.
Os objetos que encontramos na exposição — utilização de Tipografia em diversos suportes, E-Têxteis, Modelação e Cerâmica, Fotografia e Vídeo — dão apenas uma ideia limitada do projeto, que para ser conhecido na sua verdadeira dimensão não dispensa a leitura do excelente catálogo, que permite conhecer em detalhe as atividades que deram origem à exposição. Ficamos assim a saber que se trata de um projeto internacional — «AMASS: Acting on the Margins: Arts as Social Sculpture» — financiado pela União Europeia, coordenado pela Universidade da Lapónia (Finlândia) e que tem como parceiro em Portugal a Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual – APECV. Podem ler-se diversos textos, curtos e claros, que permitem explorar o conceito de “escultura social” e de utilização das artes como forma de empoderamento de populações mais desfavorecidas.
Teresa Eça, presidente da APECV, faz uma apresentação abrangente da dimensão conceptual do projeto. Resumindo muito: (a) todas as pessoas possuem capacidades criadoras a serem desenvolvidas; (b) as ideias deveriam ser consideradas pelas pessoas como “forma”, uma forma criada através do pensamento, que poderia ser direcionada para atitudes políticas e sociais; (c) o papel das artes ligadas à comunidade como fator de envolvimento dos cidadãos, de realização pessoal e promotoras de transformação social, em contextos desfavorecidos.
Entre as atividades do projeto PARACITY, desenvolvidas por artistas do «Centropontoarte» (Carlos Sousa, Juliana Ferreira) e por investigadores da APECV (Ângela Saldanha, Célia Ferreira, Raquel Balsa, Teresa Eça), com a colaboração da equipa do Centro Comunitário do Bairro, incluiu-se também visitas guiadas de diversos grupos ao Museu da Misericórdia, com o apoio da sua equipa técnica. Todas as atividades encontram-se documentadas fotograficamente no referido catálogo, e a sua divulgação integrou eventos e ações internacionais através de Webinars. Nos sites da APECV e do AMASS podem encontrar-se mais informações. Um grande projeto, que atravessa a comunidade de Paradinha, e combina uma forte componente teórica e conceptual com uma imensa dimensão humana e social.
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