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Os autarcas de Sernancelhe e Tabuaço estão entre os mais críticos face às mudanças implementadas pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) no Interior do país, que incluem a redução de serviços presenciais e um aumento da digitalização. As alterações afetam sobretudo concelhos da região do Douro, onde as autarquias denunciam o impacto negativo nas populações mais idosas e com menor acesso a meios digitais.
Em Tabuaço, a agência da CGD deixou de abrir diariamente durante a pandemia de covid-19, mas o presidente da Câmara, Carlos Carvalho, denuncia que a medida “serviu de desculpa para ainda mais desqualificações e reduções de serviços”. O autarca lembra que havia “um compromisso dessa desqualificação ser invertida”, mas afirma que não foi cumprido. Por isso, a autarquia iniciou “um processo que ainda hoje a opõe à CGD” e mantém uma posição firme: “Não aceitamos a desqualificação da agência, até pelos resultados financeiros da Caixa. Tem de manter a sua presença nos territórios”.
Também em Sernancelhe a redução de serviços da CGD reflete uma tendência que tem vindo a ser implementada em vários concelhos da região. A aposta em novos equipamentos automáticos, que exigem o uso de cartão multibanco e competências digitais, gera dificuldades para a população, particularmente a mais idosa. Esta situação não é exclusiva de Sernancelhe, mas também de concelhos como Carrazeda de Ansiães e Foz Côa, onde o encerramento de tesourarias provocou uma maior dependência de serviços digitais.
Autarcas do Douro contestam modelo
De acordo com o Jornal de Notícias, o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, Luís Machado, reforça a oposição ao que considera ser uma “gestão economicista” da CGD. “Os autarcas não concordam, de maneira alguma, com a gestão que está a ser feita pela Caixa. Enquanto banco público, deve ter um serviço de proximidade às pessoas”, afirma. O autarca de Santa Marta de Penaguião admite receio de que a redução de serviços alcance o seu próprio concelho. “Se está a acontecer noutros concelhos, um dia também chegará lá”, alerta.
A CIM Douro enviou uma carta ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e ao ministro das Finanças, com um pedido da reversão das medidas. Luís Machado defende que a CGD deve ter atenção às pessoas que enfrentam dificuldades em aceder a serviços digitalizados. “Esperamos que seja sensível, porque senão teremos de pensar noutras formas de luta”, avisa.
Em Carrazeda de Ansiães, o presidente da Câmara, João Gonçalves, critica a decisão de mudar a agência para instalações mais pequenas, centradas no digital, e rejeitou a proposta da CGD para vender ou arrendar o imóvel onde funcionou a agência durante décadas. “Nunca iremos fazê-lo, pelo simbolismo do que está em causa. Uma empresa cujo único acionista é o Estado devia dar um exemplo de continuação da presença no território, de forma que os cidadãos sejam mais bem servidos e não o contrário”, afirmou.
Em concelhos envelhecidos como Sernancelhe, Tabuaço e outros afetados, a aposta na digitalização é vista como uma barreira ao acesso da população aos serviços bancários, sobretudo para os que têm menos competências digitais.