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A construção da Barragem de Girabolhos volta a estar na ordem do dia e é considerada um investimento “emblemático” pelo Grupo de Trabalho denominado Água que Une e que foi formado pelo governo para criar uma estratégia nacional que ajude numa gestão mais eficaz da água.
O plano de ação ainda não foi apresentado, mas foi já noticiado que esta barragem, assim como a do Pinhosão (no Rio Vouga e que servirá a zona do Baixo Vouga) são estratégicas para a redução de impactos extremos como é o caso das cheias. Ou seja, não são equipamentos para abastecimento.
Estas barragens estiveram no Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico desenhado em 2007, mas acabaram por ser colocadas “de lado” por falta de investidores privados que não mostraram interesse devido à falta de viabilidade económica.
No início do ano voltou-se a falar de Girabolhos, altura em que os agricultores sairam à rua para reivindicar esta infraestrutura. Na altura, a então ministra da Agricultura tinha deixado a promessa de que era para avançar.
Um projeto com vários anos (a adjudicação provisória foi feita em 2008), a barragem de Girabolhos (Rio Mondego) está suspensa desde 2016, quando o Governo decidiu cancelar a sua construção alegando critérios jurídicos e financeiros, as expetativas dos municípios abrangidos, as metas das energias renováveis e a descarbonização da economia portuguesa.
Como compensação pela decisão de não dar seguimento à construção da barragem, os quatro municípios afetados – Mangualde, Nelas, Gouveia e Seia – receberam mais de 18 milhões de euros. As autarquias fizeram um conjunto de obras de requalificação de estradas e de estações de tratamento de água.
Mas nem todos concordaram com esta decisão. O presidente da Câmara de Mangualde ou antigo secretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro, por exemplo, defende que esta pode ser uma resposta aos extremos climáticos.
O Governo deverá apresentar até ao final do ano o relatório do Grupo de Trabalho. O relatório, como foi avançado pelo Jornal Público, inclui medidas e práticas a adotar para garantir uma gestão mais eficaz da água no território nacional. O total de investimentos e a fonte de financiamento deverão depois entrar em discussão.
Entretanto, o grupo parlamentar do Chega avançou como aditamento ao Orçamento de Estado a proposta do Governo disponibilizar verbas do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) com vista à construção da Barragem de Girabolhos. “A construção é fundamental para reforçar as reservas nacionais de água, um bem estratégico e vital, e para prevenir as cheias do Mondego”, alegam os deputados.
A barragem de Girabolhos, com as outras duas barragens desenhadas para montante da Aguieira (Miões e Asse Dasse), permitirá duplicar a capacidade útil de regularização do Mondego e armazenamento de água, passando dos atuais 365 hectómetros cúbicos para 889.
Em 2019, a secção regional do Centro da Ordem dos Engenheiros defendeu que sem a construção da barragem de Girabolhos será muito difícil travar a repetição de cheias no Mondego (Baixo Mondego e Coimbra).