A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
A Farmácia Grão Vasco procura estar perto da comunidade e atenta às…
O ano passa a correr e já estamos no Natal. Cada mês…
por
Vitor Santos
por
José Carreira
por
Alfredo Simões
Os últimos anos têm sido críticos para os produtores de maça que veem muitas das suas produções dizimadas pelo granizo. Em 2020, por exemplo, só em Armamar o prejuízo rondou os 10 milhões de euros. Em Moimenta da Beira foram muitas as quintas que viram toda a produção ir para o lixo.
As redes anti granizo é a forma mais “antiga” de proteger os pomares mas esta é uma solução cara, dizem os produtores. Alexandre Lucena tem cerca de quatro hectares de pomar numa zona que abrange os concelhos de Sernancelhe e Moimenta da Beira. Um hectare está protegido por redes, o restante não tem “porque não dá dinheiro e é preciso esperar por apoios”.
Alexandre Lucena instalou redes, por conta própria, há três anos e afirma que “ainda não deu para cobrir o investimento”, que rondou os 10 mil euros. O produtor lembra ainda que, apesar das redes terem uma garantia de 10 anos, a verdade é que há sempre manutenção a fazer. Outro dos “problemas” das redes é a necessidade de mão de obra, já que no final da apanha a rede fica presa no topo até se voltar a usar. “Dois homens demoram perto de uma semana para recolher a rede num pomar com um hectare. Tudo junto soma sempre dinheiro”, lembra.
Contudo, Alexandre Lacerda admite que esta solução apesar de cara acaba por ter resultados. “No último ano, o lado esquerdo com rede safou-se, perdi um ou dois por cento. O lado direto, cerca de dois hectares e pouco, que não tem rede ficou todo perdido, não deu para aproveitar nada, foi uma perda de 100 por cento”.
Quilómetros mais à frente encontramos a quinta de Oliva Teles. Aqui também não há redes mas a zona onde o pomar se localiza, junto à Albufeira da Barragem do Vilar, tem condições que permitem que se continue a avaliar qual a melhor solução. “Esta zona tem um clima diferente e não costuma ser muito “atacado” pelo granizo, contudo tenho pensado em soluções”, diz.
Outro dos entraves da rede é a disposição do pomar, sobretudo em pomares mais velhos que não estão preparados. Para que a rede possa ser colocada é necessário que as macieiras estejam colocadas com uma distância de perto de um metro e meio entre elas e os corredores que as separam tenham também medidas específicas.
“Se tivesse que colocar redes numa parte do pomar teria que o reposicionar todo, o que traria custos e poderia prejudicar a produção nas temporadas seguintes”, explica Oliva Teles. Na opinião do produtor, uma das opções poderia ser os canhões anti granizo que estão a ser colocados no concelho vizinho de Armamar.
Armamar aposta nos canhões anti granizo
Depois de quatro anos consecutivos a perder cultivo, os produtores uniram-se e pediram ajuda à Associação dos Fruticultores de Armamar (AFA). “Falaram connosco para ver se podíamos ajudar e depois de vermos as soluções que haviam acabamos por optar pelos canhões anti granizo. São mais baratos, os custos podem ser divididos pois abrangem vários cultivos e não tem impactos negativos na flora, fauna e aeronáutica”, explicou José Osório da AFA.
Depois de dado a conhecer o sistema aos produtores, “foi feito um protocolo com a autarquia e a Caixa de Crédito Agrícola. O banco vai financiar ao longo de 10 anos, com cada agricultor a pagar anualmente cerca de 150 a 200 euros por hectare. A autarquia ficou de pagar os juros e todas as despesas que houvesse com este contrato”, explicou.
Atualmente já foram instalados oito canhões, sendo que o objetivo é ter 48, o que cobrirá perto de dois mil hectares.
Na última semana já foi possível ver os canhões em ação e a verdade é que graças ao sistema de ondas, movido a gás, as nuvens dispersaram e o granizo não chegou a afetar as produções.