A psicóloga acaba de lançar “O Mundo cabe no coração de uma…
A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
No quarto episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
por
André Rodilhão - Destak Imobiliária
por
Ana Rodrigues Silva
por
Eugénia Costa e Jenny Santos
A crise humanitária com a guerra na Ucrânia, a escalada de preços dos alimentos e dos combustíveis e um tempo de pós-pandemia. Todos estes fatores têm feito aumentar o número de pedidos de ajuda às instituições sociais. Esta mesma realidade vive, nesta fase, o Banco Alimentar contra a Fome de Viseu.
A juntar aos acontecimentos recentes houve uma campanha de recolha de alimentos que não conseguiu reunir um número significativo de géneros para depois ajudar quem mais precisa. “Foi uma campanha que correu bem face ao número de supermercados onde estivemos. Fizemos cerca de 24 supermercados e normalmente fazemos 100. As pequenas superfícies não queriam voluntários nos espaços comerciais, por causa da Covid-19. Em dezembro já não será assim, vamos ter luz verde para fazer a campanha nos moldes habituais”, detalha Fátima Ribeiro, presidente do Banco Alimentar de Viseu.
A diminuição de stock aliada ao número de pedidos de ajuda está a esvaziar dia após dia o armazém da instituição. Foi, então, preciso arranjar uma alternativa. “Sabemos que as empresas têm hoje em dia uma grande preocupação com a realidade social. Não vamos pedir dinheiro, pedimos que comprem paletes de alimentos. Temos para todos os custos, umas mais baratas, outras mais caras. Vai ser uma enviada uma lista às empresas com o nome da palete e o custo de cada”, descreve Fátima Ribeiro.
A campanha “Alimente connosco esta ideia, compre uma palete de alimentos para o Banco Alimentar” vai começar a partir do dia 15 de julho. “É uma causa nobre. Estamos com esperança de que as empresas adiram até porque, depois, pode ser passado um recibo de donativo que dá para ser posto na contabilidade”, refere a responsável, apelando ao apoio de todas as instituições.
Se uma empresa não conseguir pagar uma palete completa de alimentos, haverá alternativa. “Qualquer empresa se pode associar, independentemente da sua dimensão. Imagine que uma palete é muito para a empresa. Pode ser dada meia palete. Qualquer ajuda é bem vinda”, explica a presidente do Banco Alimentar contra a Fome de Viseu.
Fátima Ribeiro não tem dúvidas de que esta é uma fase difícil e muito complicada. “A nível sanitário as coisas estão a melhorar, mas o resto não acompanha essa mudança. Temos de fazer face a um aumento muito substancial de pedidos e de famílias que, entretanto, não estavam numa situação de carência. Costumo dizer que estamos a lutar contra um inimigo invisível”, assinala a responsável.
Para o futuro, diz Fátima Ribeiro, a solução está na união de todos. “Tem de haver um esforço de várias entidades: quer públicas, quer privadas. Há pessoas que não têm tido oportunidade de arranjar um emprego porque são refugiados. Temos todos, como cidadãos, de tentarmos trazer essas pessoas e dar-lhes um voto de confiança que elas merecem para tentar que se integrem na sociedade com toda a dignidade”, apela.
Também a Cáritas Diocesana de Viseu tem o armazém de comida quase vazio. A solução pode passar por comprar limentos para não deixar de ajudar quem precisa. Felisberto Figueiredo, presidente da instituição diz que o “conjunto de atendimentos em Viseu notava um decréscimo entre janeiro e fevereiro”, mas que “em março começou de novo a evoluir no sentido do aumento dos pedidos de ajuda”. O responsável concretiza que, em maio, “na sede da Cáritas Diocesana fizemos 260 atendimentos, o que corresponde a 184 famílias, abrangendo 607 pessoas”.
O que se tem assistido, também, é ao aumento do número de primeiras ajudas. “Tivemos no mesmo maio de pessoas que vieram pela primeira vez à Cáritas que no mês de janeiro. Voltámos à forma inicial e, provavelmente, vamos voltar a aumentar. Em maio houve 31 pessoas que se dirigiram à Cáritas pela primeira vez para pedir apoio”, assinala.
Felisberto Figueiredo ressalva que está também a subir o número de pedidos de ajuda que chega por parte de imigrantes. “Há uma evidente presença crescente de migrantes, nomeadamente a comunidade brasileira que aumentou significativamente. Depois também da América Latina e é claro que aparece um ou outro ucraniano. Nós temos tido a necessidade de apoiar o retorno de alguns ucranianos. Já aconteceu com algumas famílias que nos pediram para ajudar a pagar o regresso à Ucrânia ou a ida para outros países onde têm familiares”, revela.
As pessoas pedem sobretudo comida, roupa e calçado mas também móveis para casa. Tentam ainda apoio para pagarem a conta da farmácia, as rendas ou as contas da água e da luz. Com tantos pedidos de ajuda a chegar e ressalvando as ofertas de alimentos, Felisberto Figueiredo descreve um armazém quase vazio. “Estamos] com alguma dificuldade em responder a todos os pedidos. Ainda ninguém foi sem levar alguma coisa, mas nós gostaríamos de ter dado mais. Estamos a tentar contactar com as grandes superfícies a ver se nos autorizam a fazer algum peditório nas imediações, junto dos seus clientes. No caso de não ser possível ou viável no imediato, teremos que fazer a aquisição, socorrendo-nos das nossas reservas monetárias para fazer a aquisição de alguns milhares de euros de alimentos para, depois, podermos distribuir. A dispensa está, realmente, a ficar vazia”, reforça.