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Causas & Efeitos

 Causas & Efeitos
06.07.24
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 Causas & Efeitos

por
Jorge Marques

Churchill dizia que a democracia é o pior dos regimes á exceção de todos os outros. Um dia assisti á abertura de um curso de Ciência Política e o orador começou assim: Conta-se que um belo dia os deuses estavam reunidos e discutiam qual deles era o mais importante. O deus da Física era importante, porque do caos original tinha construído as leis físicas do Mundo; o deus da Química, porque do caos original tinha construído vida; o deus da Biologia, porque tinha extraído o ADN, a existência do Mundo; o deus da Política concordou com todos, mas fez-lhes uma pergunta embaraçosa…Perdoem-me a pergunta, mas quem inventou o caos?
Por isso a crítica á política e o gozo com os políticos tornou-se uma espécie de desporto nacional em quase todos os países e acaba por ser um sinal de vitalidade da democracia. O que se passa é que o humor é uma arte difícil e onde é necessária uma boa dose de inteligência. Foi essa falta de inteligência para o humor e quando a criatividade entrou em falência, que as coisas pioraram e o riso foi substituído pelo insulto, banalidade, comentário rasteiro, violência verbal, insinuações e piadas de mau gosto. Foi a falta de humor que fez da política um assunto menos interessante e perigoso. Tudo porque o autoritarismo pode ter duas fontes, uma é quando os políticos se levam demasiado a sério, a outra é quando se começa a querer anular todos os que pensam diferentes. Isto torna-se fatal, porque todos esses agentes são os guardiões do genoma democrático. Porque é que a critica política perdeu qualidade e criatividade?
Pode parecer estranho, mas de uma maneira geral porque a empatia atingiu os mínimos e só ela é capaz de dar consistência e sentido ao poder. Porque seria preciso que todos os críticos e criticados tivessem lido histórias. Temos em Lincoln um bom exemplo! Fraca aparência, origem pobre, vestia mal, andava de forma desengonçada. No entanto aboliu a escravatura nos EUA, liderou o país numa Guerra Civil, preservou a integridade territorial, fortaleceu o Governo Central e deu a sua vida por isso! Tudo através da palavra, ele adorava ler e contar histórias.
A política não é feita de paradigmas, mas de paradoxos, o maior dos quais é que o poder concede poder aos outros. O poder é concedido e não arrebatado! Um ambiente saudável precisa punir a mexeriquice e transformá-la no pior dos pecados da democracia, num assassinato da reputação do outro. Isto é um vício antigo, porque já os jornais ingleses do Séc. XVII, só eram financeiramente sustentáveis porque eram páginas de mexeriquice e de uma aristocracia debochada. Hoje e entre nós, parece que os mesmos mexericos se tornam virais e rentáveis.
Está hoje provado que a qualidade da informação, aquela onde mais se pode aprender tem a ver com diálogos onde há opiniões diferentes, divergentes e em conflito. Saber ouvir e perguntar são as formas mais avançadas da aprendizagem que levam ao conhecimento. A política vive de diálogos, porque a sua natureza é o conflito e o princípio do caos. Conflito que não significa desordem, mas divergências que acabam quando a questão que lhe deu origem se resolve. Nesse momento a política triunfou! Não confundir esta solução com aquela em que um dos lados dá por terminada a conversa e tudo fica na mesma.

Em política uma boa parte das nossas divergências começa nos diferentes significados que damos ás mesmas palavras, intenções e decisões. A mesma realidade é vista de maneira diferente. Quando radicalizamos essas opiniões, por pura falta de empatia, então estamos a entrar numa democracia de egocêntricos. Era a tese de Thatcher quando dizia que a sociedade não existe. Só existem indivíduos e famílias. É o regresso ao primitivo ou a novas formas de autoritarismo. Politizar é trazer o conflito para primeiro plano, porque ele existe. Claro que todos nós desejaríamos um consenso absoluto entre os partidos ou que as maiorias parlamentares tivessem como objetivo os reais e conhecidos interesses do país. A alternativa é o diálogo permanente e onde a opinião pública não está entregue exclusivamente aos media. O Espaço Público não deve ser transformado em mercadoria, porque a democracia do que primeiro precisa é de democratas!

Há quem diga que temos um problema de fundo por resolver. A confusão entre o funcionamento do Estado e os partidos políticos. Quer dizer, a confusão entre o todo e as partes! Talvez isso tenha levado os partidos a focarem-se num único objetivo e que foi a conquista de votos, a conquista do poder e não em qualquer outro tipo de coerências. O que é que perdemos com isso? O estado da arte concentrou-se nas eleições e na forma, mesmo que aparente, de agradar a todos os eleitores. Esta opção acabou por fragilizar a vida interna dos partidos. Pouca participação dos militantes, congressos que são órgãos de aclamação, pouca mobilidade nos cargos, fraca democracia interna, um financiamento vindo sobretudo do Estado. Conclusão, os partidos afastam-se da Sociedade Civil e confundem-se com o próprio Estado. Um Estado transformado em emprego, a profissionalização da política reservada a uma minoria, uma dependência maior da liderança do partido. A Organização Político Partidária fica sujeita á hierarquização, a uma pirâmide taylorista suportada pela base onde não se é pago para pensar. Como Agentes do Estado vivem desses recursos, afastam-se dos cidadãos, a componente ideológica baixa e as energias canalizam-se para obter órgãos de direção nas Instituições do Estado. A dança das cadeiras pós-eleitorais são disto um mau exemplo!

Esta é apenas uma parte da realidade, porque na outra os partidos não deixaram de ser o instrumento por excelência da democracia representativa, mas que não podem ser os únicos. Também eles têm que encarar os seus paradoxos e mostrar que são mais do que um grupo parlamentar ou um governo, mas também escolas e exemplos da democracia. Isto porque o modelo do Centralismo Democrático praticado, mais por uns do que por outros, passa a ideia de que a informação flui de baixo para cima e não é ouvida, que as ordens vêm de cima para baixo e não podem ser questionadas. Esta é a renúncia da democracia, onde há sempre quem a aproveite, uma maioria que se abstêm e onde só conseguimos ver os efeitos e nunca agimos sobre as causas dos problemas…

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