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De que é que tem pressa?
Deixei de ter pressa. A minha vida profissional tomou o rumo de sair das empresas e avançar para projetos com princípio, meio e fim, com intervalos mais ou menos longos. O tempo foi gerido de outra maneira. Eu trabalhei até aos cinquenta anos na área dos recursos humanos. Exigia perceber a forma como as empresas estavam organizadas, as pessoas e as lideranças.
Aos cinquenta decide abrandar…
Decidi mudar de rumo e este livro é o pagar de uma dívida ao tempo. Eu não tinha tempo, não conseguia gerir o tempo. Não tinha tempo para mim, nem para a minha família. Nesta transição entre trabalhar dentro e fora das empresas, comecei a ter o meu tempo. E foi aí que, num seminário no Brasil, descobri que tinha talento para a escrita. Uma das fases desse seminário era andarmos a passear e analisarmos os nossos pontos fortes e fracos. Os pontos fracos é fácil porque toda a gente nos chama a atenção.
Quais são os seus pontos fracos?
Desligar-me um pouco. Talvez seja um pouco egoísta.
E a principal qualidade?
É o contrário do egoísmo. Tenho os dois extremos. Tanto me fecho muito como me dou totalmente. A pessoas e a projetos.
Hoje o que é que significa o relógio para si?
Pouco, muito pouco. Mas significou muito. Tudo. Eu era – e ainda sou – incapaz de chegar atrasado. Tinha compromisso com a hora e com o outro.
O tema da morte está muito presente neste livro. É um assunto que o atormenta ou que o desafia?
Acentuei muito o tema da morte precisamente para aliviar esta ideia da morte. Viver com medo da morte não é viver. Temos de conseguir deixar de ter medo da morte para podermos viver bem. Vivemos numa cultura judaico-cristã que atribui à morte o fim. Os incas, os maias e os astecas associavam sempre a morte a um ciclo. Como a natureza também é circular. O sol, também.
Também aborda em “Um Tempo sem Pressa” a leitura de mãos…
Eu tinha um grande amigo em Mafra, o homem que levou o Saramago quando ele escreveu o Memorial do Convento. Conheci-o e ficámos muito amigos, era o José Medeiros. Ainda é vivo. E tem livros escrito sobre a leitura de mãos. Revi-me bastante. Houve coisas que passaram e que confirmei, outras no futuro confirmar-se-ão ou não. E agora tenho visto no Facebook a história do M na palma da mão. Significa pessoas mais abertas a estas coisas mais exotéricas e espirituais. E eu sou bastante espiritualista. Ainda me lembro de passar o meu tempo livre num convento. Só por causa do silêncio.
Sem nunca, entre aspas, se ter fidelizado a nenhuma religião?
Não, eu sou de todas. Quando alguém me diz que sou ateu, respondo que sou o contrário. Sou de todas porque todas têm algo de bom e de ensinamento.
Quem é o grande protagonista deste livro?
O tempo é um dos protagonistas. O outro é a natureza, a grande escola da natureza. A forma como a olham, a tratam e a procuram para encontrar respostas.
Qual é a grande razão de continuar a escrever?
Eu preciso de conversar comigo e de aprender. Há coias sobre as quais nunca pensei e gostava. Com a escrita de um livro, tenho de pensar, de refletir, de pesquisar. É uma forma de aprender.
O livro termina com esta frase: “Dá-me um abraço sentido”. Já abraçou o tempo e fez as pazes com ele?
Já. (risos). Agora vejo-o de forma completamente diferente. Sem pressa. O tempo quando estamos parados e quando andamos são completamente diferentes. Se está parado, anda mais depressa, movimentando-se anda mais devagar. Alguém que se movimenta, tem menos anos, rejuvenesce mais. Da mesma forma que alguém que vive no vale, o tempo demora mais a passar, na montanha, menos. Vale a pena explorar as questões do tempo e este livro ajuda a isso.