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Luís Simões, José Manuel Brandão, Alberto Correia, Fernando Ruas, Mota Faria e Leonor Barata na apresentação do livro
A história do abastecimento de água em Viseu remonta ao final do século XIX, período em que a cidade procurava modernizar as suas infraestruturas e acompanhar os avanços sanitários e tecnológicos da época. A necessidade de um sistema de abastecimento mais eficiente tornou-se uma prioridade que levou à procura de diversas soluções para garantir a distribuição de água potável à população. O livro “O abastecimento de águas a Viseu em finais do século XIX” acaba por ser um contributo para a preservação desta memória, e relata os desafios e conquistas que marcaram essa transformação.
Foi na Casa da Ribeira, em Viseu, que a obra foi apresentada, a 24 de janeiro. A cerimónia contou com a presença de diversas figuras da autarquia viseense, incluindo o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, e o historiador Alberto Correia, responsável pela apresentação do livro.
O livro é da autoria de José Manuel Brandão (coordenador), Luís Simões, Pedro Callapez e Vera Magalhães, foi editado pelo Município de Viseu e aborda a evolução do abastecimento de água na cidade, com especial destaque para a intervenção do engenheiro e geólogo Joaquim Fillipe Nery Delgado.
A obra contém um apêndice intitulado “Fisiografia e Geologia da região de Viseu: importância para a história da água”, onde são analisadas as características morfogeológicas da região e a sua influência na disponibilidade de água subterrânea.
O presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, destacou o trabalho de investigação desenvolvido pelos autores, referindo que se trata de uma “detalhada e exímia investigação” e que a obra contém “capítulos de enorme relevância para a história de Viseu, para a sua modernização enquanto território e para a sua transformação como sociedade”. Acrescentou ainda que o abastecimento de água à cidade “não foi uma mera conquista, mas sim ‘a’ conquista: do incrementar da higiene pública e limpeza urbana, do proporcionar qualidade e quantidade de água à população no seu domicílio, de garantir a boa manutenção da saúde pública”.
Durante a sua intervenção, Fernando Ruas abordou os desafios atuais relacionados com a gestão da água, nomeadamente as alterações climáticas e a seca severa no verão, destacando que “hoje, Viseu é um concelho coberto, quase a 100% pela rede de abastecimento pública e saneamento. Zelamos pela qualidade da água, pelas infraestruturas e equipamentos que a transportam até às habitações dos viseenses. Nas últimas décadas, temos construído, passo a passo, uma rede segura e eficiente, procurando acompanhar o crescimento da população e as exigências que se afiguram”. Referiu ainda a construção da ETAR Viseu Sul, concluída em 2016, como uma “revolução histórica no panorama ambiental, tornando-se uma obra de referência nacional”.
O historiador Alberto Correia iniciou a sua apresentação por saudar os presentes e recordar momentos de crise no abastecimento de água à cidade. Descreveu a obra como “um livro de ciência e de rigor que poderemos ler com agrado”, referindo-se ao abastecimento de água como uma transformação impactante na cidade: “A cidade tornava-se nova, acolhedora, formosa, verdadeiramente moderna. Não ficou, então, esse marco”, diz.
O coautor Luís Simões destacou que o livro “traz ao conhecimento de todos o primeiro sistema de abastecimento de água à cidade, um sistema que tem origem no Vale de Sabugosa, Travassós de Cima, recordando os ilustres técnicos com que participaram, bem como descrevendo as ferozes lutas políticas e partidárias que suscitou, e vicissitudes técnicas e financeiras que sempre o criaram”.
No final, os autores expressaram o reconhecimento ao Município de Viseu e a todos os que contribuíram para a concretização da obra, mencionando o apoio do ex-presidente da Câmara António Joaquim Almeida Henriques e do atual presidente Fernando Ruas. Referiram ainda a colaboração da família do pintor António de Almeida, cuja obra ilustra a capa do livro.
A obra resulta de uma investigação de vários anos e tem como objetivo recuperar a memória dos processos históricos, sociais e técnicos que levaram à implementação do sistema de abastecimento de água em Viseu, numa altura em que a cidade acompanhava a modernização das infraestruturas e a transição sanitária do século XIX. Com este registo detalhado, os autores pretendem levar os leitores a olhar para os esforços de garantir um abastecimento de água eficiente e seguro, bem como os desafios políticos e financeiros enfrentados ao longo do percurso de forma mais abrangente.
O evento reforçou a importância da preservação da memória histórica da cidade e do reconhecimento do papel desempenhado por figuras como Nery Delgado na evolução do abastecimento de água em Viseu.