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No dia 20 de outubro celebrou-se o Dia Mundial de Combate ao Bullying.
Quando ouvimos a palavra “bully”, associamos a uma criança a ser maltratada fisicamente ou emocionalmente por outra criança, seja pessoalmente ou online. Independentemente de sua forma e feitio, essas experiências podem ser incrivelmente graves e muitas vezes têm efeitos para toda a vida. É inquestionável que as pessoas não têm de se relacionar todas da mesma forma, mas há medidas que todas podem adotar para reduzir o bullying e fazer com que todas se sintam mais incluídas.
Primeiro, é importante reconhecer a diferença entre bullying e uma discussão /confronto, pois podem parecer muito semelhantes. A última ocorre entre duas pessoas que têm o mesmo poder, seja força, tamanho ou intelecto, tratando-se de um caso isolado. O bullying acontece entre alguém que tem mais poder e é mais agressivo do que a pessoa alvo, perpetuado no tempo contra a mesma pessoa pelo mesmo agressor. Um bully (agressor) usa esse poder para: ser mais popular, saber informações embaraçosas, agredir ou controlar a vítima.
Pode ser difícil para os pais ou professores, treinadores, chefes, etc., identificar se alguém é vítima, ou até mesmo agressor, porque muitas vezes ocorre às “escondidas” destes. Por isso torna se útil para colegas/pares saberem quando e como ajudar, se tiverem conhecimento (potenciais testemunhas) de que alguém é vítima de bulliyng.
Infelizmente, o bullying é comum! Segundo o Observatório Nacional de Bullying (ObNB) em 2021, em Portugal, 97,6% dos casos as vítimas e os agressores frequentavam o mesmo estabelecimento de ensino, sendo que em 53,7%, o motivo para o bullying foi o aspeto físico das vítimas e em 48,8% os resultados académicos. A diversidade funcional (24,40%), idade (20,70%), sexo (15,90%), orientação sexual (7,30%), identidade de género (6,10%), nacionalidade (6,10%) e etnia (1,20%), foram as restantes causas de bullying identificadas.
As consequências do bullying, mais frequentes para as vítimas, são a tristeza (61%), ansiedade / nervosismo (58,5%) e vergonha (57,3%). Destas, 11% correram risco de vida, 45,1% necessitaram de apoio psicológico e 22% de tratamento médico. A média de idades de quem sofreu bullying é de 13 anos e a de quem o praticou é de 15.
O bullying pode ocorrer de várias formas, podendo acontecer a qualquer momento e em qualquer contexto:
Bullying físico: bater, chutar, empurrar ou cuspir em alguém; fazer alguém tropeçar intencionalmente, fazendo com que caia (especialmente se estiver a carregar coisas).
Bullying verbal: provocar, ameaçar de danos físicos; insultar, que pode incluir linguagem racista, homofóbica ou outra linguagem ofensiva; gritar e assediar.
O Bullying também se pode basear em relacionamentos abusivos com a vítima: criando rumores sobre alguém; excluindo intencionalmente alguém de uma atividade; ignorando intencionalmente alguém; caluniando outra pessoa.
Relativamente ao Cyberbullying, este refere-se a qualquer bullying que ocorra no mundo digital/redes sociais online. As crianças sabem, desde muito cedo, usar os telemóveis, tablets e computadores, quer sejam ensinadas pelos pais/familiares quer seja através das escolas. Embora se reconheça o benefício destas ferramentas no crescimento e desenvolvimento académico/cognitivo de uma criança, estas também as tornam mais vulnerável ao cyberbullying.
Comportamentos como difamar alguém online, “postar” fotos embaraçosas e assediar alguém nas redes sociais podem ser formas de cyberbullying, tal como criar contas falsas para controlar alguém e/ou usar fotos e conteúdo de alguém, ou fingir ser a pessoa.
De acordo com um estudo publicado, os jovens expostos ao cyberbullying têm um risco 50% maior de ter pensamentos suicidas do que os seus pares. Outro estudo recente mostra que crianças e jovens adultos que sofrem cyberbullying têm duas vezes mais probabilidade de automutilação e ideação suicida.
Seja o bullying ou o cyberbullying, é evidente que têm ambos um grande impacto na saúde mental e no bem-estar de uma criança/jovem, pois estes ainda não têm bem definidos estratégias de como lidar com estas situações, ficando mais propensos a sofrer de perturbações de ansiedade e/ou depressão e dificuldade no âmbito da escola. Sintomas como problemas de sono, alterações de apetite, inquietações emocionais que lhe fazem perder o prazer em atividades que antes lhes traziam felicidade, são sinais evidentes que a criança/jovem precisam de ajuda especializada. No que concerne à ansiedade, esta acontece pelo medo que têm de sofrer bullying a qualquer momento, tornando mais difícil o estabelecimento de relacionamentos com amigos, colegas e professores. Relativamente ao contexto escolar, estas crianças/jovens podem não querer ir à escola ou participar em atividades relacionadas com a escola, como atividades desportivas ou visitas de estudo.
Para além de tudo o descrito anteriormente as crianças/jovens que sofrem bullying podem considerar-se menos dignas, sentindo que outras pessoas são melhores do que elas e que não merecem desfrutar da mesma felicidade e sucesso que outras crianças.
Atenção aos sinais, não pense que só acontece aos outros, nem que os nossos filhos ou filhas são somente vítimas, pois podem até ser bullies!
Diogo Carvalhais
Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria
UCC Viseense
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