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Dança dos Cus, a tradição de Carnaval que leva Cabanas de Viriato à rua

Com cada vez mais imigrantes na comunidade, a organização desta festividade na vila de Cabanas de Viriato tem procurado acolher o Carnaval do Brasil

Diogo Paredes
 Dança dos Cus, a tradição de Carnaval que leva Cabanas de Viriato à rua
01.03.25
fotografia: Jornal do Centro
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 Dança dos Cus, a tradição de Carnaval que leva Cabanas de Viriato à rua
02.03.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 Dança dos Cus, a tradição de Carnaval que leva Cabanas de Viriato à rua

Há 160 anos, um grupo de teatro, por altura do Carnaval, levou a palco uma peça com tal sucesso que terminou na rua, numa festa enorme que uniu artistas e público. Nessa altura, um músico chamado Ricardo Gonçalves improvisou uma valsa que deu origem a uma coreografia intitulada “contradança”, mais tarde apelidada de “dança-grande”.

Em 1872, José Gonçalves Júnior – irmão de Ricardo Gonçalves – compôs uma valsa de Carnaval inspirada no improviso do irmão, para que a banda filarmónica dessa mesma localidade pudesse tocar durante o Carnaval. A dança que acompanha esta melodia tem uma particularidade que a distingue de todas as outras e que lhe dá o nome pelo qual é conhecida em Portugal: duas filas de pessoas alinhadas onde, ao terceiro compasso, o elemento de uma das filas e o seu par, na outra fila, aproximam-se e chocam com o traseiro.

Assim nasceu a Dança dos Cus, em Cabanas de Viriato.

Embora esta vila do concelho de Carregal do Sal seja conhecida pela Dança dos Cus, são várias as atividades que completam o período carnavalesco. Usualmente, os festejos iniciam-se oito dias antes, no “Sábado Magro”, data em que se realiza o Baile do Chapéu e o seu típico concurso de chapéus.

Três a quatro semanas antes, no entanto, as ruas de Cabanas de Viriato são enfeitadas a rigor, nascendo assim a “Vila Carnaval”. No sábado de Carnaval é feito um jantar dançante de máscaras, seguindo-se depois no domingo o Carnaval da Criança, altura em que os mais novos podem dar os seus primeiros passos na coreografia que caracteriza as celebrações carnavalescas da vila. O clímax do Carnaval em Cabanas de Viriato acontece na segunda e na terça-feira, com os cortejos comemorativos e a tradicional Dança dos Cus.

A Associação do Carnaval de Cabanas de Viriato, responsável pela organização dos festejos, é liderada por Filipe Rodrigues há uma década. Depois de 40 anos a de convívio e envolvido no Carnaval desta vila, Filipe Rodrigues tornou-se vice-presidente há cerca de 25 anos. “A força cada vez é maior, cada vez há mais motivação e cada vez a exigência é maior, porque estamos mais perto do mundo e temos de levar o Carnaval às pessoas todas que estão ligadas às redes sociais”, explicou Filipe Rodrigues ao Jornal do Centro.

Ao longo das quatro décadas em que o responsável tem estado envolvido na festividade, as mudanças tanto na organização como no próprio desfile têm sido “abismais”. “Atualmente, com as redes sociais que temos é fácil chegar a todo o lado”, contou o responsável. “Com as máquinas de impressão digital, com todos os scanners, enfim, conseguimos fazer trabalhos muito mais rápidos e com maior qualidade, enquanto noutros tempos tínhamos de fazer tudo à mão, como pintar e desenhar”, esclareceu ainda.

Os cabeçudos, que antes eram feitos em papel com recurso a colas artesanais e com os interiores em madeira, explicou Filipe Rodrigues, são hoje feitos com interiores em alumínio e com recurso a lã de vidro, materiais que permitem cabeçudos mais leves, mas ao mesmo tempo mais resistentes. “Claro que, nesta questão, a nossa identidade vai mudando ligeiramente, mas a essência do Carnaval mantém-se”, assumiu.

Já em relação à própria coreografia e à relação da banda filarmónica com os bailarinos do cortejo, Filipe Rodrigues esclareceu que “a forma como a filarmónica tocava a valsa de Cabanas de Viriato já teve imensas evoluções ao longo dos anos”. “Na altura era com uma fila de cada lado muito mais curta, depois com o passar dos anos e nas décadas seguintes as filas foram crescendo, uma vez que a afluência das pessoas já era cada vez maior”, contou o presidente da Associação do Carnaval de Cabanas de Viriato.

Também no que diz respeito ao equipamento sonoro as evoluções têm sido variadas, muito em consequência da evolução tecnológica. “Na altura era com uns fios, tínhamos um microfone com fios, mas hoje é tudo sem fios. Atualmente já fazemos a comunicação de um carro para o outro por wireless e por Bluetooth.”, detalhou o presidente. “Nós temos um emissor dentro do nosso Carnaval que faz a propagação do som pelas ruas, para que aqueles dois quilómetros de filas consigam ter o som ao mesmo tempo e com qualidade”, disse ainda.

Um Carnaval que chegou mais cedo e para todas as comunidades

Este ano, a Associação do Carnaval de Cabanas de Viriato decidiu expandir as festividades e antecipar os dias de folia – que se estenderam até aos três últimos sábados de fevereiro. Dia 8 deste mês foi dia do “Folião Fest”, com o dia 15 de fevereiro dedicado ao Carnaval do Brasil, recheado de samba. O dia 22 foi a data em que se deu o Baile do Chapéu.

“Claramente temos recebido várias pessoas, nomeadamente brasileiros de variadíssimos pontos, além de argentinos ou cubanos”, contou o presidente. “Nós fazemos parte dessa inclusão, fazemos parte dessa renovação e queremos que realmente as pessoas se sintam acolhidas. Queremos apoiar estes imigrantes que estão aqui abrigados e que fazem parte da nossa sociedade, porque queremos que eles se sintam em casa”, concluiu Filipe Rodrigues.  

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