DEMOC: Viseu com duas peças que refletem sobre a democracia este fim de semana

O festival DEMOC leva, esta sexta-feira, dois espetáculos até à cidade de Viseu, naquela que é uma celebração do pensamento crítico, das questões e dos valores que compõem uma democracia. Sábado e domingo, Viseu recebe duas peças de teatro, uma no IPDJ e outra na biblioteca municipal.

No sábado, é a vez de “Trans/Missão”, com Carlos Costa e João Martins, subir a palco no auditório do Instituto Português do Desporto e Juventude. Nesta peça, “um músico e um dramaturgo abrem ao público o seu processo de trabalho numa ópera que se pretende revolucionária”, explicou a companhia Mochos no Telhado, responsável pela organização do DEMOC. “Nesta tentativa de estarem juntos num só espaço percebem que esse confronto de ideias os obriga a fazer uma reflexão também sobre estar juntos em sociedade e de estar juntos de uma forma mais coletiva, o que levará também a uma reflexão maior acerca da democracia e das sociedades”, esclareceu Dennis Xavier, da Mochos no Telhado. A peça tem início às 19h00.

Domingo, o auditório da biblioteca municipal de Viseu recebe uma adaptação de um dos maiores clássicos da literatura do século XX, “A Quinta dos Animais”. A versão apresentada no domingo é protagonizada por Tonan Quito e Cláudia Gaiolas. “É uma fábula que fala sobre uma ditadura animal e que nos ajuda a compreender muitos dos nossos processos em sociedade”, contou o organizador do festival. A peça começa às 16h00.

Até ao fim do festival, são ainda realizadas mais três atividades. Nos dias 8 e 9 de abril (terça e quarta-feira), Afonso Cabral, Francisca Cortesão e Inês Sousa Real protagonizam uma oficina de música para crianças e jovens com mais de nove anos. Nesta oficina de escrita de canções de protesto, “as crianças serão certamente motivadas a partilhar as suas ânsias, preocupações, medos e desejos, além de refletir isso numa oficina que dará origem a um conjunto de canções”, esclareceu Dennis Xavier. Cada dia tem duas sessões, uma das 10h00 às 11h30 e outra das 14h30 às 16h00, que serão realizadas na Quinta da Cruz.

“No final da tarde do último dia, haverá uma pequena partilha com as famílias e com as crianças, onde vamos juntar os dois grupos, e estes músicos que fazem parte do projeto também partilharão algumas das suas canções”, esclareceu o membro da Mochos no Telhado.

No fim de semana seguinte, a biblioteca municipal de Viseu acolhe a oficina “Loja [temporária] de vender poetas”. A atividade, desenvolvida por Adriana Campos, surge a partir do trabalho de Afonso Cruz. “No fundo é uma brincadeira sobre uma loja que vende poetas e todos nós podemos ir comprar um poeta”, afirmou o organizador. A oficina ocorre dia 11 de abril às 10h00 e às 14h30, assim como às 10h30 do dia 12 de abril.

O festival DEMOC termina com a conferência de Hugo van der Ding, “O que importa é participar”. Realizada na aula magna do Instituto Politécnico de Viseu, a conferência aborda momentos da História de Portugal em que as mobilizações coletivas e a participação social alteraram o rumo dos acontecimentos. “Como daquela vez que os padres se passaram com o rei e o puseram a andar, em 1245, ou quando o povo de Lisboa mandou o bispo de Lisboa em voo pela janela da Sé, em 1383”, explicou a organização do DEMOC.

Após todos os eventos do festival, será publicado, de acordo com Dennis Xavier, um “Atlas da Democracia”, que consiste num “documento que vai compilar os debates, as conversas, as reflexões que surgiram no pós-atividade”. Neste documento, será dado mais destaque às crianças e aos jovens que participaram nos eventos.